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Theo

O RESTO da semana passou rápido demais. Fui para a academia logo cedo, antes de ir para o escritório, e Liam trabalhou no bar até tarde todos os dias. Nem nos vimos. Quando ele chegava em casa, eu já estava dormindo, e eu acordava tão cedo que ele ainda estava na cama quando eu saía. Na sexta de manhã, fiquei tentado a acordá-lo, mas não queria agir feito um babaca. Ei, sei que você chegou só faz três horas, mas poderia se virar e me chupar? Obrigado. Agradeço muito.

Em vez disso, eu me masturbava no chuveiro pensando em nós, mas as lembranças não chegavam nem perto da realidade. Eu queria mais um pouco da realidade.

Na verdade, era um pouco perturbador o quanto eu queria mais e como os dias voavam e a data limite de duas semanas se aproximava.

Porque nem estávamos fazendo nada! De que adiantava se permitir ser gay em casa por duas semanas se a pessoa com quem você queria ser gay nunca estava lá?

Na sexta à noite, eu estava mais frustrado do que nunca. Depois do trabalho, fui correr (embora já tivesse malhado de manhã), lavei o carro, passei aspirador em todo o carpete e bati os tapetes no quintal.

Nada daquilo aliviou a tensão.

Percebi que não havia jantado – meu apetite andava estranho ultimamente; ou morria de fome ou ficava tão distraído que esquecia de comer –, então tomei banho, fiz a barba, me vesti e fui ao Blind Pig para jantar. Tinha que vê-lo.

A expressão de Liam se animou ao notar que eu estava sentado a uma mesa alta, a mesma coisa aconteceu comigo, a julgar pela forma como meu coração passou a bater. Meu Deus, éramos assim tão óbvios? Voltei minha atenção para o cardápio.

Ele foi até minha mesa mais tarde.

– Oi – disse, ocupando a cadeira à minha frente. – Estou fazendo uma pausa rápida. Como está o jantar?

– Bom. – Pousei meu hambúrguer no prato. – Talvez não tão vkusnyy quanto seu syrniki, mas está bom.

Ele riu e seus olhos brilharam.

– Você se lembra.

– Sim, mas não tive muita oportunidade de praticar. O único russo que conheço nunca está por perto.

Merda, o comentário soou carente, não?

– Desculpe. Tenho trabalhado até bem tarde. – Ele baixou a voz para que só eu pudesse ouvi-lo. – Mas sinto sua falta.

Ele sentia minha falta. Sentia minha falta. Eu queria demonstrar o quanto gostava de ouvir aquilo, mas não podia. Queria dizer que sentia o mesmo, mas não podia. Tomei um gole da minha cerveja, coloquei a garrafa sobre a mesa e espiei por cima do ombro, para ter certeza de que ninguém me escutaria.

– Me acorde quando chegar em casa hoje à noite.

Ele ergueu as sobrancelhas.

– Tem certeza?

Porra, se tenho. Só de me sentar à mesa de frente para ele eu já estava enlouquecendo. Queria estender os braços, agarrá-lo pela camiseta e puxá-lo na minha direção para poder devorar seus lábios.

– Tenho, claro.

– Oi, você! – Tara foi até minha mesa. – Alguém me avisou que você estava aqui. Duas vezes em uma semana. Que honra!

– Certo. – Peguei minha cerveja de novo, tentei parecer relaxado, mas meu coração estava disparado. Será que ela tinha ouvido o que eu dissera?

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⏰ Última atualização: Apr 27, 2021 ⏰

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E Se Acontesse? ~ Version Thiam (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora