Refletidos ao Luar • Charlotte

Capítulo Único

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Não adianta ler e reler a poesia, se você sequer olhar as entre linhas.
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Sua luz era tão bela, fazendo assim que tudo que tivesse sua claridade refletida sobre si se tornasse mais encantador ao meu olhar.

Eu estava certo, pois ver você admirando e sorrindo para a lua, me deu a certeza que não haveria uma imagem mais bonita do que a que está a minha frente.

Ela me cativava de um jeito que nunca senti na vida, sua beleza, sua personalidade e sua forma de agir. Tudo nela me atraía, e eu não tinha forças ou vontade para resistir.

Apesar que não ter lembranças ou alguma coisa para relembrar dela, eu sentia uma conexão muito forte entre nós, senti isso desde a primeira vez que abri meus olhos naquele hospital e te vi sorrindo para mim. Dizendo ainda por cima ser minha namorada.

Mas apesar da minha perda de memória, você me olha com carinho e ternura, age como uma verdadeira namorada. E sinceramente, mesmo não lembrando tão bem de você, já te considero uma companheira para uma vida toda.

Talvez agora eu entenda porque não conseguia me separar daquele pequeno bloco de notas que sempre carregava comigo, pois foi você mesma que me deu antes da minha partida.

Sinto a leve brisa levantar alguns fios rebeldes de meu cabelo castanho. Mas é você que prende minha atenção.

Você me olha com seus olhos intensos mas ao mesmo tempo calorosos, eu poderia facilmente dizer que me perderia no seu olhar.

Percebo que seus lábios se curvaram em um sorriso discreto. Logo sendo seguido por rápido movimento de sua mãe fazendo sinal para que eu lhe fizesse companhia.

Não tardei em atender seu pedido, logo caminhando lentamente em sua direção, em direção a um dos motivos por eu ainda me achar um pouco normal nessa vida conturbada.

— A lua está não bonita, não? — você fala, me dando o prazer de ouvir sua doce voz, uma voz que certamente eu não queria mais esquecer, em vez disso eu gostaria de ouvi-la de novo e de novo, tendo a plena certeza de que jamais me cansaria dela.

— Sim, eu nunca a vi tão bela, não como eu vejo agora. — minha palavras saíram como um breve sussuro.

Eu sabia que no fundo você tinha percebido que eu não me referia ao luar em si, mas sim a você, e somente você, o ser mais belo que cruzou meu caminho e entrou em minha tortuosa vida.

O pequeno sorriso que você me lançou em seguida comprovou meus pensamentos. Pois você ainda ainda mantinha seu olhar direcionado à cima de nós, mas eu sabia que estava atenta a cada mísera palavra que saísse de meus lábios.

— Você realmete quer viver assim? Quer ter como companheiro um mostro que a qualquer momento pode acabar com tudo. — perguntei o que estava me torturando por semanas. Pois eu sabia que não era merecedor de ter aquela garota ao meu lado, não alguém como eu. Alguém que em um piscar de olhos pode acabar com tudo e todos.

— Eu que lhe pergunto. Você quer viver assim? Eu sei do seu potencial, e sei que não machucaria alguém mesmo que tentasse, pois você não é assim. E para mim, os poderes que carrega consigo são meros detalhes.

Suas palavras foram como tapas em minha face, não era possível que você tivesse afeto por alguém tão imperfeito como eu. Naquele momento meu maior pensamento se concretizou. Você era boa demais para mim.

Mas eu estava feliz, tão cheio de felicidade que sorri, sorri mesmo quase não vendo nada devido a minha visão embaçada e sentido algo molhado entre minhas bochechas cair por meu queixo molhando também minhas roupas.

Ao fechar completamente os olhos para tentar me recupar do momento de emoção sinto braços quentes ao meu redor, eles me puxaram para um corpo tão quente quanto. Eu não me assustou por saber quem era, e de alguma forma me senti confortável, era como se aquele abraço fosse meu porto seguro.

Meus braços rodeiam seu fino troco, e me senti completo, pois também a tinha em meus braços, assim como ela me tinha nos seus.

Não precisávamos de palavras para nós expressarmos, o silêncio falava por si só. Sabiamos que precisávamos um do outro, da essência que cada um exalava.

Ainda com os olhos fechados sinto seus delicados lábios irem de encontro a minha testa, deixando um casto e inocente beijo ali.

Meus olhos reabrem para apreciar a pessoa a minha frente. Seus olhos azuis safiras, o rosto delicado, o cabelo tão macio ao toque, mas acima de tudo seus finos lábios tão tentadores.

Parecia que a gravidade lentamente aproximava nossos rostos, mas em específico, nossas bocas. Eu queria sentir qual seria o gosto daqueles lábios, a textura que teriam e a sensação que eu sentiria.

Quando por fim eles estavam quase grudados acabei com o resto de espaço que tinha entre nós. Não aguentava mais aquela demora desnecessária visto que você queria tanto quanto eu.

Seus lábios tinham um gosto leve de cereja, o que me fez ter mais fome e querer consumir de forma mais bruta aquele beijo. Parecia que eu estava tocando o paraíso, um paraíso pecaminoso, mas não menos prazeroso.

Quando por fim nos separamos nossos olhares se encontraram e nos olhamos tão intensamente que cada dúvida que viesse a surgir poderia ser respondida apenas por aquele olhar.

— Sim, eu quero viver assim. — falamos juntos. E aquelas simples palavras eram como um juramento feito somente entre nós, elas significavam que não importa como as coisas estavam, se pioraria ou melhoria. O que importava era que ficaríamos juntos aconteça o que acontecesse.

O resto da noite foi tranquila. Você tinha deitado a cabeça em meu ombro enquanto eu te abraçava de lado para lhe proteger do vento gelado que vez ou outra batia contra nós. E claro, com nossos dedos entrelaçados. 

Pela primeira vez naquela noite meus olhos estavam de fato no luar acima de nós, eu o admirava junto as suas reluzentes estrelas. Mas meu coração estava com a pessoa ao meu lado. Ela o tinha aceitado, mesmo ele estando todo remendado, e eu era eternamente grato por isso.

E ao menos uma vez na minha vida eu teria a chance de falar "Obrigado por me salvar".