Capítulo Único

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Era sempre assim, noite após noite, naquele mesmo horário Vegeta desligava os drones irritado por não  conseguir terminar seu treinamento. Simplesmente não podia completar a mais simples sequência de exercícios.

Bastava o relógio marcar 20h08min que ele não conseguia mais se concentrar. Bem, ele sabia o motivo.

 A terráquea. 

Seu tormento pessoal. 

Ela o deixava louco.

 Era como uma perdição, uma droga que não estava ao seu alcance, mas ainda sim ele era viciado nela.

Talvez fosse resultado dos longos anos de celibato contribuíam para essa reação diante da mulher de cabelos azuis. Depois de alguns encontros fortuitos, jurara desistir completamente.

Vegeta fechou os olhos seu corpo doía reflexo das longas horas de treinamento ininterrupto. Suspirando pesadamente ele refletia sua sina de todas as noites.

A distância que os separava era relativamente simples, alguns metros acima entre a câmara de gravidade, mas havia uma força invisível que o fazia ficar cada noite só imaginando-a com seus cabelos azuis como seu estranho planeta, sua longa e encaracolada massa, flutuando em torno de seus ombros como uma nuvem inconstante.

Suas maneiras e feições pareciam quase refinadas. Sua boca era larga e bem-feita, que devia ser um indicativo das inclinações mutantes de seu temperamento, ele decidiu. Feita para o beijo, se estivesse inclinado a ser indulgente para consigo mesmo. Seu nariz parecia um pouquinho atrevido, e aquele queixo indicava uma teimosia inequívoca. Mas seus olhos eram o que lhe tirava o fôlego.

Ainda com os olhos fechados, ele levantou do chão, afastou os desejos tolos da mente , quem sabe os iguarias da humana mais velha não limpariam sua mente e colocaria seus pensamentos em ordem.

Repentinamente ele viu sua pulsação aumentar quando sentiu o minúsculo Ki.

Seguiu para janela, lá estava à terráquea como todas as noites saindo para varanda para tomar um ar. Às vezes ela ficava um tempo ali lendo ou simplesmente ficava ali parada, admirando a noite na selva de pedra. Escondido ele sempre a observava, até ela retornar para dentro.

Mas, naquela noite Vegeta percebeu que ela havia esquecido a cortina aberta. Ele queria sair dali, sabia que estava invadindo a privacidade dela, contudo seus pés não obedeciam ao comando do seu cérebro.

Continuou ali a observando caminhar despreocupadamente para dentro do quarto, de repente sua audição percebeu uma melodia.

Take My Breath Away

Observando cada movimento

Em meu tolo jogo de amantes

Apenas navegando o oceano infinito

Finalmente amantes não conhecem vergonha

Virando e retornando

A algum lugar secreto por dentro

Observando em câmera lenta

Enquanto você se vira e diz

Tire meu fôlego

Tire meu fôlego [...]

A mulher  de madeixas azuis sentou na cama para tirar os sapatos fazendo com que um caísse embaixo da cadeira e o outro na frente dela. E com um movimento rápido, levantou da cama, esticando as mãos até as costas.

Vegeta que observava a cena começou a hiperventilar quando a viu levar as mãos até os ombros lentamente para abaixar as alças do vestido, seu cabelo agora preso em um coque.

Da sua janela Vegeta podia imaginar  mil e umas maneiras de tirar aquele vestido e desmanchar aquele cabelo.

Ela virou na direção da câmara de gravidade e por um momento Vegeta temeu que ela tivesse lhe descoberto, mas ao que parecia foi apenas um alarme falso. 

O vestido agora estava na altura dos pequenos e arredondados seios que  se revelaram ante seu olhar apreciativo, despertando-lhe a vontade de provar o sabor daqueles mamilos tentadores.

Seus dedos latejavam de vontade de tocar aquela pele fina e sedosa. Mais do que tudo, ardia na ânsia de dar uma lição àquela boca impudente, devorá-la com a dele e fazê-la gemer com o mesmo desejo que o queimava. 

Ela o deixava com os sentidos em brasas, estivesse acordado ou dormindo.

Vegeta permitiu-se deixar escapar um gemido de agonia. A ânsia do desejo o consumia. Enterrou o rosto entre as mãos. Atrevida, quase indecente, e mais do que só um pouco louca, pensou Vegeta. Mas, ela atiçava-lhe o sangue.

Novamente, ele estudou o corpo feminino em todo seu comprimento, desejando voltar ao estado normal. Era preciso controlar a mente e o instinto, pensou consigo mesmo.

Seu corpo queimava de desejo, doía com a ansiedade de possuí-la, de fazê-la sua. Quando o vestido dela já estava no chão, ele sentia como se as mãos dela o acariciassem, e que a maciez sedosa de sua pele roçava contra sua pele. O corpo pálido e delicado envolto apenas em uma lingerie.

Ela recomeçou a andar pelo quarto, com suaves passos movendo-se como se bailasse... como se estivesse provocando-o. Sabia que era impossível, mas... a maneira que ela se movia fazia Vegeta temer pela sua sanidade mental. Ele fechou os olhos e comprimiu os lábios tão fortemente, como se sufocasse uma onda mais violenta de dor.

Vegeta esteve a ponto de sofrer um infarto do miocárdio quando repentinamente uma luz vermelha sinalizou uma mensagem no comunicador.

[Você vem ou vai ficar só me olhando?]

Não precisou de outro convite em poucos segundos pousava na varanda do quarto da mulher que entorpecia seus sentidos.


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Notas Finais:

A trilha sonora que inspirou está oneshot foi : Take My Breath Away (Berlim).  Espero que tenham gostado e até a próxima.

Tire  Meu FôlegoOnde histórias criam vida. Descubra agora