Lilly encarava atentamente sua xícara de chá quente, feito especialmente por Adelaide. Pensativa, nem havia tomado um gole sequer de sua acalorada bebida.
Ela se pegava olhando para trás e dando umas olhadelas em seu relógio de pulso. Como se estivesse esperando alguém chegar, o sino da porta soar e um sorriso surgir em seus lábios assim que ver de quem se trata.
Sua perna direita, cruzada sob a esquerda, mexia-se. Ansiosa.
Soltou um longo suspiro, nem sequer importando se outros iriam escutar. E, sentindo sua cabeça pesar devido aos inúmeros pensamentos, apoia-se em seu braço esquerdo.
Quem ela queria enganar?
Visivelmente estava afetada pela situação, não conseguindo esconder sua dor interna, nem com um pequeno sorriso frigido.
Farta da realidade injusta em que vivia, não luta mais contra essa vontade constante de desligar. Se permitindo ficar imersa nos seus momentos e sensações nostálgicas. No seu próprio mundo.
Assim sendo, acaba se retraindo, ficando reclusa e se distanciando, não fisicamente, mas mentalmente, de todas as pessoas que ali estavam presentes.
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As lembranças inundavam sua mente, juntamente das lágrimas que ameaçavam cair a cada maldito segundo.
O que teria de errado consigo? Lilly insistia em se perguntar, mas sem obter uma resposta concreta, por mais que insistisse e se aprofundasse. Era um poço sem fundo.
Seu quarto encontro, somente naquele mês, havia dado errado. Foi um fracasso completo, descobrindo no fim que o homem mentiu sobre um terço de sua vida, na cara dura.
Sempre atraia esse tipo de pessoa e, quando aparecia alguém decente, sempre a largava antes de completar dois meses de relacionamento.
De repente, um cheiro familiar e amistoso invadiu suas narinas. A despertando de suas recapitulações diárias.
Como se seu subconsciente já soubesse do que se tratava, ergueu a cabeça. E, mais uma vez, surpreendeu-se.
Um objeto de cerâmica azulado, com um galhardo passarinho estampado, semelhante aqueles que provavelmente você encontraria na casa de sua avó. Foi depositado em sua frente.
Levantou um pouco mais o olhar, encontrando sua pessoa predileta de toda cidade. E, lá estava ela, dando um singelo sorriso. Discreto, como era de seu feitio, mas mesmo assim bastante visível ao olhar de Lilly.
Retribuiu o sorriso singelo, contente. Sendo a primeira vez durante todo o dia que dara um sorriso como aquele.
Não importa quantas vezes Delia lhe entregasse o chá, quantas vezes a cena se repetiria. Ela sempre, sem exceção, se surpreenderia e se deliciaria com a bebida.
Constantemente, estava sozinha, mas com Delia por lá, sempre tinha com quem contar e uma excelente companhia. Sem contar em seu consagrado chá quente. Era um agrado tanto para seu olfato, quanto para suas papilas gustativas.
Adelaide significava "qualidade nobre" porém não se igualava a Delia que vinha de origem grega, mais precisamente da deusa grega Ártemis.
Sim, a menina havia pesquisado em uma noite nebulosa e tediosa de domingo, sem sono algum, decidiu aproveitar o tempo de alguma forma.
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Chá Frio [✓]
Short Story"As lembranças inundavam sua mente, juntamente das lágrimas que ameaçavam cair a cada maldito segundo. O que teria de errado consigo? Lilly insistia em se perguntar, mas sem obter uma resposta concreta, por mais que insistisse e se aprofundasse. Er...