14 de outubro, 1959
A senhora Angelita, uma idosa de sessenta e quatro anos que ama fazer bolos e tem um gato chamado Cookie, era a primeira paciente da tarde. Sua sessão era sempre às quatorze horas.
Ela tem depressão endógena grave que sofreu ataques depressivos maníacos anteriores. Na prática geral, a depressão raramente aparece com essa clareza.
— Quando é pior? De manhã ou à noite? — perguntou lhe o Dr. Grape.
— É pior de manhã, mas está acontecendo o tempo todo agora...
— É pior de manhã?
— Sim.
— Consegue dormir?
— Não, eu estou com medo de dormir, porém tomei algumas pílulas e dormi um pouco na noite passada. — respondeu-lhe Angelita com uma voz suave e cansada.
— Com pílulas você pode dormir?
— Sim, dormir um pouco ontem tomando quatro pílulas.
— Você diz que está com medo. De que maneira? Tem medo de algo em particular?
— Eu me sinto tão péssima. Apenas me concentrei em uma coisa, em mim, eu acho, e no que aconteceu comigo ou no que vai acontecer, sinto estar enlouquecendo. Eu não consigo falar com as pessoas, pareço deprimida o tempo todo... não faço nada. Não sinto ter interesse na vida ou em minha família. Ou em qualquer outra coisa. Eu só fico lá parecendo idiota, como uma pessoa idiota. — disse ela com uma olhar vago.
O Dr. Grape anotava em sua prancheta, enquanto ela falava.
Fazia perguntas que ela respondia desabafando e assim foi até às quinze horas.
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Transtornados
Random"A depressão é uma emoção tão antiga quanto a humanidade, talvez seja por isso que às vezes deixamos de encará-la como uma doença. Quando parece haver razões insuficientes para o paciente se sentir tão deprimido ou se os sintomas forem muito graves...
