ℭ𝔞𝔭𝔦𝔱𝔲𝔩𝔬 25

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    Não demorou muito para que o olhar confuso de Nick desviasse da menina aos prantos, para mim. O bruxo fez com que as algemas desaparecessem, assim como sua nudez, que foi coberta por um roupão. 

   Era a mesma expressão que Ambrose fez quando me viu pela primeira vez depois de suas memórias sobre mim terem sido apagadas. Dúvida e familiaridade se mesclavam em seus olhos castanhos. 

  Levando em consideração a testa franzida, e os olhos semicerrados de Caliban, ele também tinha notado. 

   — Eles… — a garota loira gaguejou, com a voz fraca, mas em tom de acusação — Vocês são demônios! — Apontou primeiro para Nicholas, depois para mim e Caliban. 

  Sua mão estava trêmula, e a jovem não demonstrava nenhum vestígio de algo maligno ou sobrenatural. Era uma humana. 

  — Olha, muito obrigado por me avisar — Nicholas riu com escárnio, enquanto vinha em nossa direção.

   Por impulso, a garota deu dois passos para trás. 

  — Temos que tirá-la daqui o mais rápido possível — avisei para o príncipe, que concordou com a cabeça. 

   — Vão matar a garota? — Perguntou Nick. 

   — Não toquem em mim — a loira arregalou os olhos. 

   — Não vamos matá-la. Iremos levá-la de volta para o lugar de onde veio — Caliban respondeu, e só então, notei que sua mão estava entrelaçada na minha desde o momento em que Nicholas veio até nós.

   — Hum, parece entediante — confessou o moreno. Ele continuava o mesmo. Sempre tentando transmitir indiferença — Eu te conheço? — Me encarou, com expectativa.

   Era uma grande ironia só eu ter nossos momentos juntos como lembranças, e só eu ter que lidar com tudo isso vindo à tona.

   — Não — respondi. 

   A mão de Caliban se apertou contra a minha, como se tentasse me reconfortar. Era uma boa tentativa. 

   Quase que ao mesmo tempo, notamos que a garota assustada não estava mais conosco. 

   — Inferno! — O loiro revirou os olhos — Vai atrás dela, enquanto eu chamo Ramona e Maxon — foi a última coisa que ele disse antes de sair correndo, entrando no meio da multidão. 

  Me virei para fazer o mesmo, quando Nicholas tocou em meu braço. Um toque familiar demais para que eu não me afetasse.

   — O que você quer? — Perguntei, ainda sem olhá-lo.

   — Realmente sinto que te conheço, talvez de outras vidas — admitiu — mas realmente gostaria de te conhecer nessa também. Me chamo Nicholas Scratch. 

  — Sinto muito, Nicholas Scratch, não tenho tempo para isso — puxei meu braço de volta, me preparando para caçar a mundana.
   

𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐨𝐬 𝐝𝐨 𝐢𝐧𝐟𝐞𝐫𝐧𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora