Há impostores entre nós

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- Aí, esse aqui ainda está dormindo. Será que ele morreu? - Uma voz distante, mas profunda, lhe acordou lentamente. Aos poucos ele foi tomando consciência de si mesmo.

- Não faça muito barulho, ele pode se assustar igual aquele de vermelho. - Disse uma segunda voz calmamente. Essa era mais suave e confortante, como uma brisa.

- Eu não assustei, caralho. - Dessa vez a terceira voz, mais hostil, pareceu estranhamente familiar e seus olhos tiveram que abrir.

  Era realmente difícil dizer onde estava ou como parara ali, mas parecia estar em uma cafeteria, deitado no chão entre duas messas redondas.

- Oi. - Cumprimentou alguém gentilmente, ajudando-o a sentar-se. Sua cabeça doía horrivelmente e ele sentia um enjôo sutil no estômago.

  Ele olhou ao redor, perdido, com o coração acelerado. Não se lembrava de absolutamente nada sobre aquele lugar ou aquelas pessoas.

  Havia vários outros garotos, sete ou oito deles. Uns sentados nas cadeiras ao redor das messas, outros em pé, e dois estavam ajoelhados ao seu lado. O incrível era que cada um vestia trajes táticos pesados, quase idênticos, diferentes apenas pela cor.

- Onde estamos? - Perguntou para o pequeno menino de traje amarelo ao seu lado. Seu sorriso era meigo e ele tinha olhos intrigantes, o esquerdo era verde e o direito castanho.

- Hm... Não sabemos ainda, todos acordamos sem memórias ou qualquer dica de alguma coisa. - Explicou ele com uma expressão levemente magoada, mas logo o de traje rosa, que estava em pé atrás dele, colocou a mão em seu ombro.

- Não chora de novo. - Falou em tom de pedido.

- Você se lembra de algo? - Perguntou o vestido de branco que também estava ajoelhado ao seu lado. Era o dono da voz confortavelmente suave.

  Por um segundo ele olhou ao redor, olhou todos os rostos ali, cada um mais perdido que o outro. Depois olhou para baixo, seu próprio traje era verde claro.

- Não me lembro nem do meu nome... - Murmurou desesperando-se. Era sufocante não saber e não lembrar. Era como perder a si mesmo. Ele sentia que poderia ficar louco se isso continuasse por mais alguns segundos, mas seu ombro foi apertado gentilmente.

- Acalme-se, pode me chamar de Branco, e te chamaremos de Verde. Ninguém aqui se lembra de quase nada. - Disse pondo a mão sobre o ombro do Verde e apertando-o como um conforto.

  Ali ao lado o Preto soltou um breve suspiro e se afastou. Aparentemente ele tinha esperanças que o último desacordado traria respostas.

- Esse lugar tem que ter uma saída, não podemos ficar parados. - Disse o Preto olhando dentro da cantina. Quando Verde se levantou, ele pôde ver que realmente era uma cafeteria, bem ampla e conectada a três corredores.

- Fui até o fim daquele corredor... - Disse o Roxo antes de dar um longo bocejo.

- Tem um sala de administração e um armazém, depois um corredor para a esquerda e outro para a direita. - Relatou deitando a cabeça sobre a mesa e fechando os olhos. Claramente ele estava ligando pouco, ou nada, para a situação.

- Que merda, isso não é um acidente. Alguém fez isso com a gente. - Esbravejou o Vermelho levantando-se, e, nesse instante, as luzes foram apagadas abruptamente.

- O...o que está acontecendo!? - A exclamação tão próxima só podia ser de uma pessoa.

- Calma, Amarelo, segura a minha mão. - Verde ouviu a voz tensa de Rosa.

- Estão vendo algum interruptor? - Perguntou alguém no escuro quando Verde já tateava as paredes em busca dele.

- Ai, presta atenção, caralho! - Definitivamente era a voz do vermelho.

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