O erro

190 32 43
                                    

Dahyun parou onde estava, passou a mão pelo suor que escorria de sua testa e pingava no chão. Apoiou suas mãos nos joelhos, respirando fundo várias vezes para normalizar as batidas de seu coração.

As garotas ainda corriam ao arredor daquela enorme quadra, algumas estavam no mesmo estado que Kim e tentavam não desmaiar de cansaço antes de voltarem a correr em círculos.

Viu sua irmã de longe, Nayeon franziu seu cenho ao olhar para o lado e ver a coreana mais nova tão cansada daquela forma. Aquilo era normal, afinal, os treinamentos rigorosos que tinham todas as manhãs causavam mesmo aquele efeito no corpo, mas não deixava de se preocupar.

A mais velha não continuou a correr, olhou ao arredor para ter certeza que não estava sendo vista por algum monitor, e andou calmamente pela parte vazia bem no centro do círculo por onde corriam.

— Você está bem? — perguntou, colocando sua mão por cima do ombro de Dahyun. Arqueou um de suas sobrancelhas quando viu-a assentir com um sorriso amarelo, colocou uma mecha do cabelo bagunçado da irmã para trás de sua orelha avermelhada — Tá bem o caralho, vem comigo.

Nayeon segurou a mão de Dahyun, puxando-a rápido para saírem dali. Entraram pela mata ao que tinha ao lado da quadra, andando pela pequena trilha feita de areia que tinham colocado ali para não se perderem.

Mas ela não era tão necessária, já andaram tanto ao meio daquelas árvores que tinham o caminho para seu esconderijo gravado em suas memórias. A mais alta empurrou algumas folhas secas e galhos quebrados, revelando uma porta automática no chão. Aproximou seu olho do scanner de retina pra que a porta pesada se abrisse.

— Vamos voltar, Nayeon..— Kim murmurou, coçando sua nuca.— Já disse que estou bem.

— Para com isso, vai logo — revirou seus olhos, empurrando a coreana mais nova para dentro, forçando-a descer as escadas de ferro.

Tinham descoberto aquele bunker abandonado quando tinham 7 e 5 anos. Ninguém sabia dele, nem configurado com o scanner estava antes das duas colocarem suas digitais e íris como a senha. Passavam boa parte do tempo ali, quando queriam ficar sozinhas principalmente, durante os anos que se passaram as duas foram trazendo cada vez mais coisas para se divertirem lá dentro.

As luzes automáticas se ascenderam quando os sensores de presença foram acionados, Dahyun estremeceu pelo frio que lá fazia. Viu Im caminhar até um freezer ao lado do colchão, tirando um pacote de biscoitos de lá.

— Come — disse séria, soando mais como uma ordem. Entregou o pacote para Kim, sentando sobre o colchão.

— Não estou com fome..

— Dahyun, eu não ligo! — bufou, puxando a mais nova para sentar ao seu lado. Pegou o pacote da mão da irmã e o abriu.— Você não comeu antes do treino, o que quer? Morrer?!

A mais nova ficou quieta, baixou sua cabeça junto de um longo suspiro. Talvez Nayeon estivesse certa, mas também, poderia ser por outro motivo. Ela bufou irritada ao sentir o biscoito ser empurrado a força para dentro de sua boca. Se forçou a mastigar na base da força de seu ódio.

— Puta — resmungou baixinho, cruzando seus braços.

Im riu com um tom de deboche, apertou quase que violentamente as bochechas de Dahyun entre seu polegar e indicador. Passou a ponta da sua língua por seus lábios, umedecendo o local meio ressecado.

— Coma logo, por favor — suspirou.— Não quero minha irmãzinha passando mal. O que tinha na cabeça em não comer?!

— Eu..— baixou sua cabeça novamente, brincando com os biscoitos em sua mão.— Não dormi direito á noite, tive pesadelos e passei a madrugada comendo umas besteiras.

Artificial intelligenceOnde histórias criam vida. Descubra agora