Era sexta-feira 13, no Brasil, em uma pequena cidade à beira mar chamada Fernando de Noronha, que estava ao lado do morro Pico. O sol estava se pondo, e a lua cheia dentro de pouco tempo apareceria no céu.
Um homem de pele escura, com sobretudo e roupas pretas, chegava na pequena vila em seu cavalo. Ele parecia cansado, com fome, como se tivesse feito uma grande viagem até chegar ali. Amarrou seu cavalo, e entrou em uma das lojas que já estava fechando.
O barman pegou um copo, encheu com cerveja e entregou ao homem misterioso. Ele fez uma expressão um tanto confusa e não encostou no copo..
— Eu não pedi nada ainda.
— É por conta da casa, exclusivo para caça-monstros.
O homem pegou a cerveja e deu o primeiro gole.
— Há monstros na cidade, andam matando as ovelhas de todos os fazendeiros. Carlos, meu ajudante, foi atacado a cinco dias. — O barman estava secando um copo com um pano branco, olhando seriamente para o homem sentado à sua frente.
— Qual a recompensa? — perguntou seriamente, era tudo que ele precisava saber para aceitar ou não o caso.
— Oficialmente? Nenhuma, o estado diz que são apenas lobos, mas o tamanho das mordidas dizem o contrário. Se acabar com o problema te darei cerveja grátis por 3 meses.
— Só aceito dinheiro ou ouro, estou aqui somente de passagem, isso não me serve.
O barman ficou em silêncio. Uma senhora velha, com roupas sujas e rasgadas se aproximou do caca-monstros. Ela o olhou com desesperança.
— Por favor, ajude-nos, eu moro na rua, quase não durmo a noite com medo de um ataque da criatura, sinto que a qualquer momento ela vai me atacar. Você é um caçador, isso é o que faz de melhor.
— Só aceito ouro ou dinheiro — respondeu se levantando e saindo do bar, deixando a velha para trás.
O sol estava se pondo no horizonte, o frio do mar adentrava na cidade. As pessoas adentravam em suas casas com medo do monstro que pairava na cidade. Indo em direção ao porto, chegou onde estavam todos os barcos e parou para perguntar a um velho navegante. O senhor usava roupas brancas, e conversava com um jovem que parecia ser seu ajudante.
— Preciso de uma passagem.
— São 10 reais. — O velho faz uma pausa para fumar e tira o cigarro da boca novamente. — a não ser que queira pagar com ouro.
— O que? A algumas semanas estava 6.
— Todos querem abandonar a cidade por causa dos monstros que a assolam. — diz o jovem — Não sabe que o Lobisomem e a Alamoa andam por aqui?
— Alamoa?
Assim que o caçador disse esse nome, ele olha para a floresta, e vê de relance o que parecia ser uma pessoa que chamou sua atenção. Ele a perdeu de vista em um segundo, e buscando-a com os olhos parou de prestar atenção no que os marinheiros diziam.
— Todos temem a Alamoa... — O resto do que foi dito pelo jovem ficou em segundo plano, o velho continuava a explicar o mito, com um tom de uma história de terror, mas era completamente ignorado.
— Eu volto logo — disse o caça-monstro, e começou a caminhar em direção ao pé do morro do Pico.
Ao chegar lá ele viu novamente a mulher, ela estava escondida atrás de uma árvore, com somente sua cabeça aparecendo. Seu cabelo era dourado, sua pele era branca como a de nenhuma outra pessoa da cidade e tinha olhos azuis como o céu. Com sua mão fez um sinal para o caçador ir até ela, e ele, sem hesitar, a seguiu.
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Alamoa
Short StoryEm uma pequena cidade à beira mar chamada Fernando de Noronha, onde mitos se iniciaram sobre criaturas no morro de 323 metros de altura, chamado de Pico. Um caçador de monstros antipático e ganancioso aparece no início da noite, o povo pede ajuda, e...