Bem querer.

761 69 80
                                    

Encarava seu rosto delicado. Nem com toda aquela maquiagem ou sensualidade sua doçura poderia ser apagada. Quando falo de doçura, falo do seu instinto protetivo e cuidador com terceiros, falo do carinho acolhedor que ela exalava. Sakura suspirou e logo suas lágrimas desceram. Ver aquela garota chorar tinha o péssimo hábito de me deixar mal. Dilacerado por dentro.

-Já me humilhou das formas mais cruéis... Por que eu deveria ouvir você? -É nessas horas que a ficha cai sabe? Era nessas horas que disciplinas como psicologia e humanização faziam sentido. Carl Jung dizia "Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana."

Me guiei por instintos. "Siga mais esse coração que eu sei que possui." Me lembrei de Mikoto. Caminhei até Sakura, enlacei sua cintura delicadamente sem quebrar o contato visual com aqueles olhos de um verde enigmático. Eram de um verde que nunca vi, esmeraldinos com rajadas claras de outro tom de verde. A abraçava delicadamente. Era quase como tentar acariciar um animal com histórico de sofrimento.
A abracei por fim sentindo todo o seu corpo miúdo ficar rígido. Achei que ela fosse surtar ou me empurrar mas a senti soluçar entre seu choro. Ela era tão miúda, era forte e frágil ao mesmo tempo. Sentia seu pequeno coração pulsar. Acho que aquele ato falava mais do que palavras.

Acho que naquele momento, Sakura estava tão frágil que tudo o que queria era "colo", amparo. E tudo o que eu queria era ser perdoado. Ela se aconchegou nos meus braços mas não me abraçou, então eu continuei a embalando em um abraço, vez ou outra enxugava suas lágrimas com os polegares totalmente absorvido.

Seu corpo contra o meu era um contato escaldante, era sim. Mas acho que gostava demais dela para me perder apenas em reflexos sexuais. Percebi que gostava de sentir seu corpo quente, ela parecia sempre mais quente que eu. Gostava do cheiro de lavanda exclusivo impregnado em seus cabelos. Seu cheiro real. A peguei delicadamente no colo e sua atenção se voltou ao meu rosto. Mesmo com uma careta de choro... Sakura Haruno era incrível!

A coloquei na cama calmamente. Ela me encarava confusa. Fui até um armário retirando de lá as roupas que comprei para Sakura. É. A levaria para jantar e Ino me ajudou a escolher coisas que Sakura realmente gostaria de usar se tivesse condições de comprar. Ino disse que ela paquerava um vestido em uma butique toda vez que ia para o campus. E foi ele que comprei. Ela ainda me olhava confusa.

-Sou péssimo em dizer o que sinto, mas peço que aceite usar isso tudo hoje a noite e espero que esteja com fome, te levar para jantar é a primeira parte do meu pedido de desculpas. Antes que pule no meu pescoço e diga o quanto sou egoista, por favor... Me permita tentar reparar as coisas! -Disse curiosamente nervoso. Acho que preferia apresentar um seminário sozinho e nú do que ter que me abrir.

-Tem coisas que preciso te contar sobre essa sabotagem e sobre a Red. Não quero te obrigar a nada mas me dê a chance... De pedir desculpas decentemente e te ressarcir. Vou te esperar na sala caso aceite. As roupas são todas suas! Ino me ajudou a escolher. Sei que odeia as que está usando. -Foi tudo o que consegui dizer.

-Hn... Sakura, sei que talvez eu não mereça, mas seria muito bom que me concedesse isso. -Sai do quarto indo a esperar na sala do apartamento.

Sakura:

Por incrível que pareça, o abraço de Sasuke tinha uma energia amorosa. Arrependida e protetora. Ele saiu por uma das portas e eu fiquei naquele quarto enorme entre a raiva, humilhação e um novo sentimento que desisti de identificar por cansaço. Encarei as roupas que ele havia comprado, havia uma meia calça bem quente justamente para dias frios. Era cinza escura. Havia um vestido rodado e vermelho escuro de mangas compridas, quase parecido com o vestido vermelho da protagonista Sabrina na sua série?! Estava paquerando esse vestido ha meses mas eu nunca teria "cash" para comprá-lo enquanto eu estivesse na universidade.

One way, or Another. Onde histórias criam vida. Descubra agora