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enchanted

Ao som de um jazz suave, as conversas ao longo do salão se perpetuavam. Taehyung agradecia com cada célula de seu corpo pelo gosto musical de seu pai ser parecido com o seu e as músicas tocadas sempre acabarem sendo um verdadeiro deleite para seus ouvidos. Simples e conceitual, do jeito que gostava. As melodias o anestesiavam ao que mais um dos clássicos bailes da família Kim aconteciam a sua volta.

Apesar de nos últimos anos a presença do rock ter se difundido entre a população, em sua casa mesmo anos depois, estando em plenos anos 70, sempre prevaleceria um bom jazz e blues. Os novos estilos de roupa e música ainda não haviam conseguido conquistar por completo o jovem homem. Havia suas exceções, quando se permitia desfrutar de um bom passeio em uma das festas corriqueiras pelas redondezas, mas nada tão drástico ao ponto de mudar seus costumes em casa.

Se sentia praticamente um homem de outra época.

Kim Taehyung, filho único e o herdeiro de toda fortuna, desfilava entre os convidados esbanjando toda sua beleza. Atualmente com seus vinte e oito anos, o solteiro mais cobiçado de Los Angeles, com seus belos olhos de esmeralda se destacava entre os demais, ainda mais por sua descendência coreana. Os cabelos negros, lisos e um pouco compridos, quase sempre repartidos no meio, deixando que alguns fios caíssem em frente seus olhos e sua testa ficasse a mostra, destacando ainda mais sua beleza natural e a sensualidade que se erradicava de seus poros. Usando um sutil gloss de morango que salientava os lábios bem desenhados e vermelhos, ele chamava atenção de todos no salão. Não existia uma única alma-viva ali presente que não desejasse o herdeiro. Riqueza, poder e uma beleza descomunal...

Uma verdadeira obra divina andando em solo mortal.

Conhecido por ser o desejo de consumo de muitos, o homem tinha seu ego completamente inflado, e com razão. Toda e qualquer dama da sociedade ansiava por conseguir o feito de chamar, nem que fosse por míseros segundos, a atenção dele. Sonhavam com a possibilidade de conquistá-lo e se tornarem suas esposas, sorrindo sempre com suas bochechas rubras e costumeiras roupas extravagantes que de nada interessavam-no. Ninguém nunca parecia interessante o suficiente para si. Além das moças, ainda havia outros homens que mesmo trajados de uma suposta heterossexualidade e conservadorismo questionáveis, o acompanhavam com os olhos aonde quer que ele fosse. Ainda tinham os mais audaciosos que tentavam o pagar alguma bebida e o conquistar com cantadas baratas. Tolos eram esses.

Em seu pedestal, Taehyung nem mesmo perdia seu tempo os observando, apenas seguia apreciando a beleza naquelas coisas que de fato o agradavam, costurando dia após dia a arrogância e superioridade que tanto transparecia para tudo e todos. Sabia do que diziam sobre si, assim como sabia do desejo de praticamente todos que o cercavam. Previsíveis e hipócritas. Não possuíam o que almejavam e portanto se viam na obrigação de desdenhar. Somente lhe restava sorrir pequeno e ignorá-los.

Caminhando em direção a mesa específica de sua família, ele avistou um homem de fios loiros e traços asiáticos como os seus, seu amigo de infância sentado, conferindo a hora em seu relógio no pulso, nem percebendo a aproximação do anfitrião. Poucos passos foram necessários para que Taehyung se sentasse em frente ao outro, sendo por fim notado.

— Tae! Eu cheguei tem um tempo. Rodei a festa toda, mas não te achei. — exclamou um pouco incomodado.

— Me desculpa, Ji. Estava passeando pelo ambiente, você sabe, mantendo a boa aparência de anfitrião para os convidados do papai.

— Algo de interessante?

— Na verdade não. Mas ao menos posso apreciar as músicas e o fato de estar no conforto de minha própria casa. — erguendo uma taça de vinho que segurava em mãos, ele a levou aos lábios ingerindo do líquido vermelho enquanto deixava seus olhos correrem pelo ambiente.