O Ensinamento

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Eu posso ser seu descuido, você pode ser minha mancha
Eu posso ser seu sofrimento, você pode ser minha vergonha
Quando você está se sentindo imprudente, quando você está se sentindo acorrentado
Quando não há nada além da dor

Bem-vindo ao meu lado escuro

Dark Side

Bishop Briggs

CAPÍTULO SEM REVISÃO

Paola Monteiro

— Olha para mim! — Exijo erguendo seu rosto infantil repleto de lágrimas. — Por que está chorando?

— Foi o menino da escola, tia Lola. — Soluça, o choro doído preso na garganta, dilacera o meu coração vê-la sofrer, aceno positivamente a incentivando a me contar o ocorrido, a menininha respira fundo e então consegue concluir. — Ele pediu o meu suco e eu não quis dar porque estava com muita vontade de tomar, e então ele me empurrou muito forte, me jogou no chão, todo mundo riu de mim.

— Daiana, quando alguém te agride você vai lá e bate muito mais forte, tenha isso em mente. — Falo nivelando a nossa altura, os olhinhos vermelhos denunciam a sua mágoa, o cabelo crespo está dividido em Maria Chiquinha e ela ainda usa o uniforme da escola pública. O colega de turma tem a agredido um par de vezes.

— A mamãe disse que é pra fazer queixa para um adulto.

— Você já reclamou com a professora?

— Já.

— E isso o impediu de lhe agredir novamente? — A pergunta retórica faz a sua cabecinha sacudir em negativa.

— Então querida, dá próxima vez você vai lá e fere ele mais forte do que ele te feriu, uma dica: use os dentes e a fúria que está impregnada em você. — Pisco-lhe e enxugo as suas lágrimas com as minhas mãos enquanto a minha irmã olha-me ameaçadoramente entrando na cozinha.

— É um péssimo conselho para dar a sua sobrinha de seis anos de idade, Paola.

— Eu não estou criando um saco de pancadas. — Falo sem nenhum peso na consciência. — Crianças são fofas, mas também cruéis, apenas dei a sua filha um manual de sobrevivência na escola. Inclusive, vou começar muito em breve a ensinar-lhe defesa pessoal.

— Deus! Você é tão difícil. — Não dou a mínima para o resmungo da minha irmã.

— As mães de meninos que eduquem bem os seus filhos, porque a nossa menina estou criando para reagir.

Sabendo que não vou mudar a minha opinião ela não vai entrar em um embate, assim é a minha irmã mais velha, apaziguadora, conhecendo-a sei que vai para um assunto mais ameno...

— E então, conseguiu que Fausto te leve ao evento no fim de semana? — Previsível... Sigo a sua premissa.

— Sim, Fausto é um escroto, mas eu sei dobrá-lo.

— Permitir que ele passe a mão em você me soa como assédio sexual, não como dobrá-lo. — Os olhos negros fitam-me, é incrível que mesmo tendo o mesmo pai e a mesma mãe, temos muitas diferenças físicas.

— Infelizmente eu preciso ir a esse evento conseguir contatos e ele é quem tem convites, escolhas. — Dou de ombros encenando desdém, não permito que ela saiba o quanto tem me causado danos ser tão permissiva. — E agora somos namorados, ele me pediu hoje e eu aceitei. — Faço uma careta enquanto com a lembrança e vejo a minha sobrinha correr para quarto com o celular da mãe escondido entre ela e a boneca, imagino que vá aproveitar o instante em que a minha irmã se esqueceu do celular para ver vídeos.

(DEGUSTAÇÃO)ASSINADO, MINHA: Um Herdeiro Por ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora