𝙎𝙩𝙖𝙡𝙠𝙞𝙣𝙜

𝙀𝙉𝘾𝙊𝙉𝙏𝙍𝙊

Eu caminhava devagar pelas ruas com meu skate debaixo dos braços, observando ao longe o moreno falar ao telefone enquanto caminhava rotineiramente até sua casa. Era meu ritual particular, meticulosamente as 18:04 ele saía de um prédio de 4 andares vestido todo de social, acendia um cigarro, afrouxava levemente a gravata e caminhava 5 quarteirões até a casa onde mora e eu por coincidência comecei a acompanhá-lo quando estava voltando do campus da faculdade, virou meu vício observar o moreno, falando distraidamente ao telefone ou só fumando seu cigarro com calma.
Hoje ele estava ao telefone parecendo agitado, tirou a gravata bruscamente e segurou com força em uma das mãos enquanto discutia com alguém do outro lado da linha e eu não me contive em me aproximar pra tentar ouvir o que podia estar aborrecendo ele, alguém que sempre era tão contido, precisava saber o que o faria explodir, cheguei mais perto e sua voz rouca e forte adentrou meus ouvidos:

- Acontece que eu não te perguntei porra nenhuma, eu pedi pra ser feito, se eu quisesse sua opinião eu pediria, não? - Ele tragou o cigarro enquanto o respondiam do outro lado e riu anasalado - Sabe Itachi, eu gosto de levar no cu mas não é desse jeito não, se fizermos como você quer, vamos falhar

Eu me perdi na fala dele, a única coisa que ressoava em minha mente era que ele também se sentia atraído por homens e minha chance de 0 subiu para 50%, perdido em pensamentos não percebi quando ele parou em frente a sua porta e acabei trombando com ele e quase derrubando seu celular e meu skate, senti meu corpo inteiro gelar com o medo de ser pego no pulo, um stalker descoberto é um péssimo stalker.

- Me desculpe, não percebi você aí - O moreno me mediu dos pés a cabeça e riu de leve me fazendo estremecer em nervosismo. -
- Não precisa ficar nervoso Uzumaki, eu não mordo, na verdade só mordo se você pedir.
- C-como sabe meu nome? - O moreno riu de leve e apontou pro meu peito, olhei sem entender e percebi que estava usando meu moletom da faculdade, com meu nome bordado nele -
- Meu irmão estudou medicina nessa faculdade, bem meu nome é Sasuke Uchiha - Ele estendeu a mão para que eu o comprimentasse -
- Naruto Uzumaki, me desculpe por esbarrar em você, estava com os pensamentos nas nuvens

O telefone de Sasuke voltou a tocar e ele olhou a tela e suspirou forte, fez um sinal que tinha que atender e eu acenei com a cabeça e voltei a andar, meu coração estava explodindo no peito, ele era tão lindo de perto quanto eu imaginava, minhas mãos tremiam em ansiedade e vontade de tocá-lo. Respirei fundo acalmando meu peito e mente, olhei discretamente para trás e ele estava entrando em sua casa, coloquei meu skate no chão e fui pra casa, assim que entrei minha gata veio se esfregar em minhas pernas, peguei Kurama no colo e fui direto ao estúdio, a coloquei sobre a bancada e comecei a esboçar os traços de Sasuke, principalmente sua boca e olhos, é claro que eles eram negros como a noite, eu havia gravado seus traços em minha mente e tentava passar no papel com a maior veracidade mas algo estava faltando, uma peça estava fora do lugar. Kurama pulou sobre meu colo e me fez parar de desenhar, suspirei jogando a cabeça pra trás e olhando os desenhos pendurados na parede, todos eram esboços de Sasuke, caminhando pra casa, em frente a sua janela fumando, conversando no telefone e saindo do prédio de seu trabalho, o primeiro de tão perto era aquele e eu sentia que precisava de mais, queria mais de Sasuke, era esse o nome do motivo de minha obsessão, Sasuke Uchiha, seu nome escorria como mel de minha boca, não pude deixar de me lembrar dele dizendo meu nome de forma mais sexy que eu podia imaginar e sem querer eu estava duro, me toquei por cima da calça e gemi baixinho imaginando as mãos de Sasuke me tocando, afastei esses pensamentos e sai do estúdio trazendo Kurama comigo a cozinha, enquanto preparava o jantar e baixava alguns dados sobre Sasuke, sentei ao balcão da cozinha pra comer e liguei a TV em algum canal somente pra fazer barulho. Estava acostumado com a solidão, ser e estar sozinho a maior parte do tempo a não ser na faculdade e quando fazia freelances em um clube de ricassos, não que não fosse um deles também, só não me portava como tal, Naruto herdou um bom dinheiro dos pais quando morreram o deixando com apenas 14 anos e hoje ele vivia apenas com Kurama e alguns amigos que ele se permitia ter.
Naruto checou o computador e os dados haviam sido baixados, deixou o prato vazio de lado e se concentrou no notebook a sua frente.