O Primeiro Toque (The First Touch)

Como Era, Como Foi, Como Sempre Será.

O médico abriu a última vez a porta do quarto de Dana, ao canto estava Sam ainda sem uma direção certa e cabisbaixo, e seus pais estavam ao seu lado segurando ambos suas mãos. Não havia como ele aceitar tal situação e vivenciar aquilo, para ele nada estava certo e não fazia sentido nenhum alguém como ela partir com tantas outras pessoas más no mundo.
Porém, Dan sabia que não demoraria muito para partir, e esse motivo a fez querer que todos estivessem ao seu lado ao menos por mais uma última vez. Seria horrível partir sem ao menos sentir o toque das pessoas que ela mais amava. Ir até o final? Ela foi forte até o final, ela simplesmente lutou com todas as suas forças até não tê-las mais para poder lutar. Infelizmente o seu tratamento não reagiu como o esperado e o seus sonhos foram interrompidos ainda nos seus 21 anos.

Ela nunca esteve sozinha nessa jornada, ela poderia contar sempre com todos que a amavam, principalmente com Sam que não se ausentou de seu lado até o fim. E mesmo que deixá-la ir fosse tão difícil e impossível de ser superado.

E quando esse momento chegou, ele se aproximou, beijou sua testa como um sinal de despedida, e tocou em suas mãos geladas e pálidas com a falta de sangue. Sorriu mesmo com seu coração partido e cheio de angústias, mesmo assim ele sorriu. Nenhum namorado gostaria de ver a pessoa mais importante partir ao relento da vida, como se não fosse possível fazer mais nada. Ele suspirou fundo e encostou sua cabeça bem no peito de Dan e chorou como se fosse uma criança desesperada. Enquanto isso Dan alisou seus cabelos tentando acalmá-lo e mostrar a ele que aquilo não era o final.

Ele olhou para seu último sorriso ainda estampado em seu rosto, um sorriso sem forças e triste. Mesmo ela ainda estando sobre os braços de seus pais, Sam a abraçou forte, o mais forte que pode e ela ainda conseguiu sorrir mais uma vez para ele, antes de sentir sua vida se esvair por entre seus dedos.

- Eu te amo - disse Dan.

Era possível ouvir sua voz fraca, e seus sussurros de palavras ao vento direcionadas até o ouvido de Sam. Sussurros esses de uma voz cansada de lutar.
Ele então derramou suas últimas lágrimas, estava tão exausto, que nem teve forças para contê-las, de tanto que já havia feito isso. Dan então soltou sua mão lentamente e fechou seus olhos calmamente até não existir mais. Porém seu sorriso permaneceu intacto em seus lábios. Sem hesitar Sam gritou o mais alto que pode, ainda encostado sobre ela, enquanto todos permaneceram em um silêncio que pareceria ser eterno.

***

"Eu gostava de sentir seu toque todas as manhãs, assim quando nossos olhares se cruzavam meu dia se tornava bem mais lindo e completo. Só pelo simples fato de poder te sentir de uma maneira diferente, tudo em mim mudava. Eu adorava te sentir Sam, e eu te sentia muito. Talvez você esteja se perguntando o porquê eu escrevi 'adorava', mas é algo simples de se responder, não é que eu não goste mais, porque eu amo muito, mas provavelmente quando você ler isso, eu não estarei mais com você."

Sam sorriu lendo as últimas palavras escritas por Dan em um papel um pouco amassado. Sua letra estava horrível, mas significava muito para ele ainda ter aquele pedaço de papel em suas mãos.
Ele sabia o tanto que ela era especial para ele e o tanto que ele era especial para ela. Ambos haviam vivido um amor tão mágico e inexplicável, mesmo sendo tão jovens, ainda assim conseguiram viver o amor mais intenso possível, e o mais verdadeiro.

- Confesso que fiquei apaixonado quando meus olhos a viram pela primeira vez. - Ele pronunciou ao vazio que havia ao seu lado.

Seu semblante refletiu sobre o chão branco e claro abaixo de seus pés. Ele então permaneceu alguns minutos em silêncio, sentindo como se seu coração quisesse gritar de tanta dor que sentia.
- Sempre te amarei Dana Spring... Sempre!