Prólogo

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**Bella**

Era 5:00 da manhã outra vez, o melhor horário pra dar uma corrida, eu diria que depois das 9:00 o sol tende a ser intenso demais no verão do Arizona; Quando eu era pequena amava todo esse calor mas hoje em dia simplesmente não me apetece tanto. Terminei de mordiscar minha maçã e sai pela porta da garagem, Will o rapaz que cuida da casa enquanto vivo em Chicago estava de folga e eu ainda tinha um pouco de dificuldade em saber como funcionavam as engrenagens da mesma.

Caminhei floresta a dentro em uma rota já conhecida, a casa que pertenceu ao meu pai era uma construção moderna envolvida por uma vasta mata que mesclava todo tom de verde, Charlie meu irmão costumava dizer que era uma casa fora de contexto. Segui intensificando a corrida até sentir o vento forte demais em meus cabelos , quando meu relógio apitou acusando já haver se passado 1:40 minutos de corrida  percebi que a playlist da banda Woodkid que eu tinha selecionado havia me feito ir longe demais; Optei por voltar pelo caminho oposto uma vez que a essa altura o sol estaria intenso demais, a medida que caminhava pensei nas asneiras que o meu irmão sempre dizia quando fazíamos esse tipo de coisa e aquilo me distraiu até eu tropeçar numa pedra que me fez rolar no cascalho quente; Levantei rapidamente afim de conter o desconforto em minha pele para descobrir que não era em uma pedra que eu havia tropeçado.

Eu havia tropeçado em um braço, apesar de estar um pouco tonta tinha certeza do que estava vendo; Avancei em sua direção sem ter muita certeza se estava preparada para o que ia ver.

- Consegue me ouvir ? Indaguei ainda baixo demais.

Avancei pra perto ao enxergar um homem de aproximadamente um metro e noventa machucado demais para falar; Naquele momento eu não conseguia distinguir se ele seria o mocinho ou o bandido mas eu não poderia deixá-lo a mercê da própria sorte .

- Qual seu nome ? Eu quero te ajudar mas acho que não consigo te levantar sozinha .

- m-me ajuda. Ele finalmente balbuciou algo.

Peguei um galho mas a frente na tentativa de fazer com que ele se apoiasse , seria o único jeito de movê-lo sem precisar de ajuda .

- Você vai precisar usar toda sua força pra apoiar aqui .

Ele não parecia muito consciente do que eu estava dizendo mas após três tentativas frustradas finalmente conseguimos . O caminho foi o mais angustiante possível pois eu consegui enxergar a extensão de seus ferimentos, aquele homem tinha sido gravemente torturado e não era possível imaginar o que de tão grave houvesse sido feito para merecer aquele tratamento.

- Espere aqui enquanto abro o portão. Orientei quando finalmente chegamos a minha casa .

Eu não tinha forças pra levar aquele homem ao andar de cima então optei pela sala de TV, era o único lugar confortável suficiente . Foi um trabalho árduo mas depois quase uma hora consegui fazer sua higiene e começar a tratar os ferimentos ; Parece que aquele era o dia de sorte do desconhecido pois era somente aqui no Arizzona  eu ainda mantinha os pertences do meu falecido irmão e com isso sua maleta de médico.

Fiz um curativo amador em seu corte no abdômen depois de me certificar que não sangrava mais , imobilizei o braço e apliquei remédios nos pequenos  ferimentos; Feito isso , com muito trabalho mudei a roupa e o deixei dormir .

Quando sai do banho me perguntava se estava fazendo a coisa certa e apesar de muito medo eu sentia que sim . Foi uma tarde longa e apesar dos trabalhos na cozinha ele não acordou em momento algum , estava disposta a finalmente ligar pra minha assistente até que ouvi um barulho vindo do corredor .

- Porque levantou? Fui direta.

- Quem é você? Ele sussurrou.

- Você mal consegue falar, vamos volte !

As sombras  do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora