— Olha lá, mais uma caravana chegando.
Kojiro ergueu os olhos, viu seu soldado pessoal, Reki, inclinado sobre o batente da janela, assobiando, seguindo com a cabeça o andar das carruagens sob eles.
— Essa é a quinta?
— A décima quarta — corrigiu Kojiro, suspirando.
— De que reino será que veio? Ou talvez do vilarejo? Fiquei sabendo que o Adam abriu as inscrições para todas as castas, então não virão apenas princesas.
— Ele vai cortar sua cabeça se o ouvir chamando-o assim.
— Acha que eu sou idiota? Não o chamo assim na presença dele ou daquele cachorrinho.
— Faz tempo que eu não o vejo, você sabe de alguma coisa?
— O Tadashi? — O príncipe anuiu. — Pelo que sei, ele está viajando para conhecer as garotas. A Seleção se tornou responsabilidade dele. Ele deve voltar com a última delas — Reki suspirou, resmungando: — Ainda não entendo porque você concordou com isso.
Kojiro deu de ombros, balançando a cabeça.
— Não é como se eu tivesse como negar, você sabe. O Ainosuke não pergunta, ele ordena.
— E o que vai fazer?
— Essa Seleção é um entretenimento para ele. Fora todas as alianças que ele está formando com as famílias que estão mandando suas princesas. Isso tudo é sobre ele.
— Sei... E o que você vai fazer? — perguntou novamente, vendo que Kojiro fugiu de sua pergunta.
— O que eu sempre faço. Deixo ele me mover como uma de suas peças de xadrez. Até a chegada do xeque-mate.
O soldado fez uma careta.
— Odeio quando você vem com suas metáforas pra cima de mim.
— Porque você é idiota demais para entender?
Reki ameaçou bater no príncipe. A amizade deles era íntima o bastante para ele poder fazer aquilo sem correr o risco de ir à forca. Todavia, sua mão parou no ar ao ouvir a porta do quarto de Kojiro ser aberta e um garotinho de cabelos cor noturna entrar no cômodo.
— Reki, estão te chamando. Eles precisam de todos no salão para proteger as selecionadas.
— Droga, eu esqueci. — O Soldado pulou sobre as pernas do amigo, passando para o outro lado do quarto. Foi até o irmão mais novo, afagou seus cabelos ao sorrir. — Obrigado, Miya.
Miya afastou sua mão, rosnando.
— Deveria me agradecer mesmo, se não fosse por mim, você seria castigado de novo, seu irresponsável.
Reki suspirou, colocando a mão sobre o peito, fingindo mágoa.
— Você está crescendo e sendo a causa da minha depressão.
— Vai logo! — Miya chutou suas pernas para que saísse do quarto e fechou a porta ao sair, não se preocupando em se despedir do príncipe.
Kojiro riu, ele sempre se divertia com aqueles dois irmãos, não impedindo o pensamento de como eles eram diferentes de Ainosuke e ele. Não que inveja fizesse parte da sua cartela de pecados, mas o príncipe cobiçava aquele tipo de relação. Queria saber se em um universo alternativo, ele e o irmão poderiam viver tranquilamente. Algo dentro dele dizia para não se iludir, que Ainosuke seria um filho da puta em todas as alternativas.
Ele tomou o lugar de Reki na janela, procurando se distrair. Com a regra restrita sobre não sair dos muros do castelo em hipótese alguma, era por aquela janela que Kojiro via o mundo. Às vezes, ele se sentia como uma princesa mantida na torre, igual aos contos de fadas.
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A Seleção
FanfictionQuando Ainosuke entregou a ele a ordem para se casar, ele não teve escolhas a não ser aceitar. Vinte garotas estariam no castelo na próxima semana, uma delas seria selecionada para se tornar sua nova esposa. O que Kojiro não sabia, era que entre aqu...