Capítulo 01

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— Olha lá, mais uma caravana chegando.

Kojiro ergueu os olhos, viu seu soldado pessoal, Reki, inclinado sobre o batente da janela, assobiando, seguindo com a cabeça o andar das carruagens sob eles.

— Essa é a quinta?

— A décima quarta — corrigiu Kojiro, suspirando.

— De que reino será que veio? Ou talvez do vilarejo? Fiquei sabendo que o Adam abriu as inscrições para todas as castas, então não virão apenas princesas.

— Ele vai cortar sua cabeça se o ouvir chamando-o assim.

— Acha que eu sou idiota? Não o chamo assim na presença dele ou daquele cachorrinho.

— Faz tempo que eu não o vejo, você sabe de alguma coisa?

— O Tadashi? — O príncipe anuiu. — Pelo que sei, ele está viajando para conhecer as garotas. A Seleção se tornou responsabilidade dele. Ele deve voltar com a última delas — Reki suspirou, resmungando: — Ainda não entendo porque você concordou com isso.

Kojiro deu de ombros, balançando a cabeça.

— Não é como se eu tivesse como negar, você sabe. O Ainosuke não pergunta, ele ordena.

— E o que vai fazer?

— Essa Seleção é um entretenimento para ele. Fora todas as alianças que ele está formando com as famílias que estão mandando suas princesas. Isso tudo é sobre ele.

— Sei... E o que você vai fazer? — perguntou novamente, vendo que Kojiro fugiu de sua pergunta.

— O que eu sempre faço. Deixo ele me mover como uma de suas peças de xadrez. Até a chegada do xeque-mate.

O soldado fez uma careta.

— Odeio quando você vem com suas metáforas pra cima de mim.

— Porque você é idiota demais para entender?

Reki ameaçou bater no príncipe. A amizade deles era íntima o bastante para ele poder fazer aquilo sem correr o risco de ir à forca. Todavia, sua mão parou no ar ao ouvir a porta do quarto de Kojiro ser aberta e um garotinho de cabelos cor noturna entrar no cômodo.

— Reki, estão te chamando. Eles precisam de todos no salão para proteger as selecionadas.

— Droga, eu esqueci. — O Soldado pulou sobre as pernas do amigo, passando para o outro lado do quarto. Foi até o irmão mais novo, afagou seus cabelos ao sorrir. — Obrigado, Miya.

Miya afastou sua mão, rosnando.

— Deveria me agradecer mesmo, se não fosse por mim, você seria castigado de novo, seu irresponsável.

Reki suspirou, colocando a mão sobre o peito, fingindo mágoa.

— Você está crescendo e sendo a causa da minha depressão.

— Vai logo! — Miya chutou suas pernas para que saísse do quarto e fechou a porta ao sair, não se preocupando em se despedir do príncipe.

Kojiro riu, ele sempre se divertia com aqueles dois irmãos, não impedindo o pensamento de como eles eram diferentes de Ainosuke e ele. Não que inveja fizesse parte da sua cartela de pecados, mas o príncipe cobiçava aquele tipo de relação. Queria saber se em um universo alternativo, ele e o irmão poderiam viver tranquilamente. Algo dentro dele dizia para não se iludir, que Ainosuke seria um filho da puta em todas as alternativas.

Ele tomou o lugar de Reki na janela, procurando se distrair. Com a regra restrita sobre não sair dos muros do castelo em hipótese alguma, era por aquela janela que Kojiro via o mundo. Às vezes, ele se sentia como uma princesa mantida na torre, igual aos contos de fadas.

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