O dia já amanheceu turbulento para Serena. Ela acordou com barulhos de passos soando pelo corredor, o sol invadia o quarto e aquecia a cama.
Já havia se passado uma semana desde que a princesa havia dado as ordens aos empregados do castelo. No momento os últimos preparativos estavam sendo feitos, já que os convidados chegariam no fim de tarde para a iniciação do período de cortejo.
Um soar de passos ecoou do outro lado da porta do quarto. Obrigando-se a se levantar, Serena se espreguiçou e levantou a caminho de seu toalete. Uma batida soou na porta.
- Com licença Majestade, mas está na hora de acordar... - Ela entrou no quarto e viu que Serena já estava acordada.
- Bom dia Eleonor. - A princesa sorriu. - Pode separar um vestido para mim?
- Bom dia majestade. - A criada fez uma reverência. - Sim, irei separar agora. - Ela se direcionou aos vestidos dando um sorriso leve.
Serena entrou no toalete, mas antes que fechasse a porta ela disse:
- Se puderes separar minha roupa de equitação também eu agradeço. - A criada assentiu enquanto abria uma gaveta.
Serena fechou a porta, tirou as roupas e entrou na banheira.
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- Sabe Remus, achei que pelo menos hoje eu poderia fazer algo diferente. - Dizia Darya quando Serena entrou no salão de jantar.
- Devo insistir que me chame de Lorde Remus, majestade. - Ele respondeu enquanto se servia de mais comida. - E sabe muito bem que ainda não é a sua vez de participar do cortejo.
- Mas...
- Bom dia Serena. - Callan falou acenando no meio da confusão. - Olhe o meu novo boneco, ganhei de Lorde Ping. - O menino ergueu o brinquedo em sua mão.
Serena se sentou ao lado de seu irmão e se serviu de bolo de morango. Como se tivessem percebido sua presença, Lorde Remus e Darya pararam de discutir.
- Bom dia, gostei do boneco Callan. - Serena sorriu para o irmão que retribuiu o sorriso. - Dormiram bem?
- Sim e você irmã? - Darya se aproximou com a cadeira.
- Para dizer a verdade, não. - Lorde Remus olhou para a herdeira. - Estou bem, só cansada por conta dos preparativos do cortejo.
O Lorde assentiu e, logo depois saiu da mesa á caminho da porta principal. Enquanto ele saía, Serena acompanhava com o olhar e percebeu que seu guarda a observava. A princesa deu um sorriso de comprimento - o que fez o jovem ficar sem jeito por alguns segundos.
- Bom dia Damian. - Serena o cumprimentou enquanto ele se aproximava. - Como está?
O guarda fez uma reverência, e ao erguer a cabeça fez uma expressão confusa.
- O que foi? Me sujei de bolo e não vi? - A princesa brincou.
- Sim, quer dizer não majestade. - Ele se embolou e sorriu. - Não está suja e eu estou bem.
Serena ainda não tinha visto o sorriso de Damian, mas naquele momento ela percebeu que queria ver mais vezes, seu sorriso era encantador e covinhas apareceram em suas bochechas.
Darya viu seu guarda se aproximando e se levantou indo a caminho dele. Callan continuava a brincar com o boneco.
- Damian, preciso que faça algo para mim. - O guarda olhou Serena.
- O que precisar, majestade.
- Na verdade são duas coisas, a primeira é que pare de me chamar de majestade, me chame de Serena. - A princesa se virou para Callan. - A segunda é que cuide de Callan hoje, fui avisada que o guarda do príncipe se machucou ontem com José.
Callan riu baixinho. O guarda ainda em posição de sentido.
- Eu não vou deixá-la sozinha majestade. - Disse Damian. - Posso falar com os meus homens para alguém cuidar do príncipe...
- Confio em você para este serviço. - Serena olhou intensamente nos olhos verdes do rapaz.
Damian sustentou o olhar por alguns segundos mas por fim concordou com a cabeça.
- Hoje quero cavalgar, pode pedir que aprontem o meu cavalo, por favor? - Serena mudou de assunto.
- Farei isso agora majestade.
Com uma reverência, o guarda saiu.
Serena e Callan terminaram a refeição e saíram do salão. Callan queria mostrar José para a irmã, então os irmãos seguiram juntos a caminho do jardim.
- Estou falando sério, eu ensinei ele a pegar uma maçã da árvore. - Disse o irmão passando pelas margaridas. - OLHA LÁ ELE!
Serena levou um susto com o grito repentino de Callan. O príncipe correu em direção do pequeno cavalo que estava quase partindo uma árvore ao meio.
- Callan tire-o dai. - Serena se apressou até o irmão.
José ainda era um filhote, mas crescia a cada dia. Seu pelo preto e sua crina trançada agora estavam cheios de folhas. Alguns guardas se aproximaram quando ouviram o príncipe gritar.
- JOSÉ, SAIA DAI. - O pequeno príncipe tentava inutilmente puxar o animal para longe da árvore. - SERENA ME AJUDE, O QUE EU FAÇO?
- Não sei, o que ele gosta de comer? - Serena perguntou.
- Ele gosta de maçã. - Antes que Serena pedisse á um guarda, um deles saiu a caminho da macieira que tinha no jardim.
Em menos de 2 minutos o guarda apareceu com a fruta e sacudiu sua mão para chamar a atenção do animal. José saiu de perto da árvore e foi até onde o guarda estava.
- Obrigada. - Serena deu um sorriso bondoso para o homem. - Agora Callan... - Se virou para o príncipe. - Acompanhe José até o estábulo, tenho coisas a fazer agora.
- Aonde vai? - O menino pegou a corda que estava ao redor do pescoço do cavalo.
- Cavalgar, sozinha.
Com uma cara feia, o príncipe saiu á caminho do estábulo.
Minutos depois, a princesa estava com sua roupa de equitação e saindo a caminho dos campos de centeio que ficavam ao lado do castelo.
Havia poucas coisas que faziam com que Serena se sentisse livre e cavalgar era uma dessas coisas. Enquanto corria era somente o cavalo e Serena, não havia preocupação ou responsabilidade ou títulos, ela se tornava o vento - sem rumo mas em movimento, e não ter um planejamento era o que mais a fazia se sentir viva.
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A Coroa - bela_unique
Narrativa StoricaPor seu povo ela estava disposta a tudo, mesmo que isso significasse ter que se unir com o seu inimigo. Para ele, aquela guerra havia levado muito, mas o curso dela estava prestes a mudar.