Capítulo único

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Por muitos anos, Arthur Weasley nunca teve "o dia mais feliz da sua vida" e se alguém o perguntasse isso, ele não sabia o que dizer. Sempre tivera uma vida agitada e cheia de momentos felizes que, para ele, eram impossíveis de serem ranqueados.

Molly era tudo que ele sempre havia sonhado e não se importa de soar idiota ao falar isso: ela era divertida, irreverente e muito mais inteligente do que ele – o que Arthur adorava. Ela nem sempre era calma, mas aquilo nunca o incomodou. Eles eram parecidos em todas as coisas que importavam. Nunca houveram dúvidas: eles namoraram por quase todo o tempo que passaram em Hogwarts e depois se casaram.

William foi o primeiro a vir e eles tinham apenas vinte anos. Arthur lembrava-se de ficar igualmente feliz e assustado. Tudo que sempre quisera fora um filho, mas os tempos eram incertos e, bem, eles ainda tinham só vinte anos. Para muitos, ainda era uma idade impensável para um casal criar uma criança.

Mas Bill foi o melhor presente do mundo. Em meio ao estresse diário no Ministério, o pequeno Bill foi um sopro de ar fresco em sua vida. Assim como Charlie, que veio dois anos depois. Enquanto Bill era calmo e independente, Charlie mostrou desde cedo um espirito aventureiro que viria a ser explicado com o passar dos anos. Percy só nasceu quatro anos depois e este, Arthur tinha que admitir, fora o que mais mudara sua vida. Percy o seguia pela casa, fingia ler os mesmos livros e documentos que o pai e muitas vezes não se deixava ser colocado para dormir por ninguém a não ser o mais velho. Já era pai há seis anos, mas Percy foi o primeiro a fazer com que ele se sentisse necessário.

Para a surpresa de ninguém, dois anos depois vieram os gêmeos. Arthur não esperava gêmeos, embora pensando agora, ele se arrependia de não ter cogitado isso ao ver a barriga da esposa crescendo mais e mais a cada dia, muito mais do que nas outras gestações. Fred e George vieram para colocar A Toca de cabeça para baixo. Toda a agitação que Bill, Charlie e Percy nunca tiveram, os mais novos tinham, quase como se para compensar que os primeiros filhos vieram sem dar trabalho. Mas Arthur não se importava. Gosta dos sorrisos divertidos e maliciosos dos filhos, gostava como eles estavam sempre correndo para lá e para cá, enchendo a casa com suas risadas. Era fácil. E foi fácil com Rony dois anos depois também. Já aos 30 anos, Arthur Weasley não se enrolava com fraldas, mamadeiras ou banho. Nem mesmo tinha problemas em evitar xingar na frente das crianças. O único problema aos 30 anos e com seis filhos eram as dívidas que aumentavam exponencialmente, de uma forma que o casal não estava preparado para encarar.

E não muito orgulhosos disso, dois anos depois Molly ficara grávida de novo. Essa, eles garantiram a si mesmos, era a última gravidez. Eles gostavam de ter filhos, gostavam da casa cheia, dos novos ruivinhos correndo por aí, mas o dinheiro não era favorável a isso. E foi por isso que Molly deu tudo de si, apelou para todos os santos, pois depois de seis filhos, tudo que ela queria era uma garotinha. E Arthur entendia o lado da esposa, entendia mesmo.

Mas não torcia tanto quanto ela.

Criar Bill, Charlie, Percy, Fred, George e Rony era fácil. Ele sabia o que fazer. Todos gostavam de quadribol, exceto Percy. Mas Percy gostava de livros e cálculos e isso ele sabia fazer. Mesmo aos 20 anos, Arthur nunca achou que teria realmente algum problema em criar um garoto. Garotos eram simples, fáceis e ele já os conhecia – ora, era um deles há 30 anos, não era?

Então, aos 31 anos, Arthur não compartilhava do mesmo desejo avassalador da esposa de quebrar a sequência de garotos ruivos – e para ser sincero, nem acreditava ser possível. Ninguém na família achava que uma garota surgiria naquela altura do campeonato. Ele nunca se sentiu tão feliz em estar errado.

Em 1981, Ginevra nasceu e aos 31 anos, Arthur Weasley que ainda não tinha o que responder quando perguntado sobre o dia mais feliz de sua vida, havia marcado o dia 11 de agosto como o dia mais assustador de todos. As dores começaram de madrugada, muito mais fortes do que em qualquer outra gravidez, Molly havia alegado, e eles seguiram para o St. Mungus, deixando Bill ciente do que havia acontecido e Tia Muriel cuidando das crianças.

GinevraOnde histórias criam vida. Descubra agora