Inevitável

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Hanguangjun estava trêmulo, não queria deixar suas emoções tão explícitas mas ele não conseguia se controlar, a cada dia se tornava mais difícil fingir que não o afetava. Era inconcebível, inadmissível, completamente insensível a maneira que seu tio tratava Wei Ying, seu... seu... Ele não sabia definir o que Wei Ying era. Definitivamente ele sabia que o outro já fazia parte de si. Uma parte importante. Lan Zhan viveu por um longo tempo com aquele vazio, antes mesmo de conhecer Wei Ying, que estava camuflado em seu âmago escondido e negligenciado. E depois de Wei Ying vir, conquistar e preencher aquela parte, ela foi arrancada à força, decepada prematuramente. Fazendo Lan Zhan quase incapaz de lidar com a perda. Era pior que qualquer batalha que tenha enfrentado, sentir a derrota de relembrar todos dias da sua culpa de não ter feito escolhas melhores, de não ter tido coragem suficiente.

Agora que estava de volta, agora que está tão mudado, maduro e tão apaixonante. Se quisesse, se pudesse seria a quem daria o seu núcleo dourado, a quem renunciaria seu clã e daquela vida de poder e máscaras. Wei Ying já demonstrou inúmeras vezes que não precisava de nada daquilo. Mas se quisesse, juntos poderiam ser normais, construir uma casa no campo. Wei Ying não precisava de preocupações, deveria ser livre naquela vida.

- Volte para o Jingshi. - Suplicou Wei Ying quieto se aproximando devagar.

Estavam um pouco distante em um local isolado que só tinha neve e árvores ao redor. Lan Zhan sentiu Wei Ying segurar em sua mão e parou de andar.

- Vem comigo? Aonde você vai Lan Zhan?!

- Vou me acalmar.

- Acalmar? Lan Zhan! Você não está pensando em entrar naquela água gelada, está? - Wei alcançou o ombro de Lan Zhan e o abraçou pelas costas falando de forma calma. Que fez Lan Zhan se sentir quente por dentro - Vem, a gente faz um chá bem quente e e-eu preparo um banho relaxante pra você... Deixa o seu tio ele não merece os pensamentos de um homem tão bom como você. Já esqueci o que ele dissse. - Wei Ying deixou um selar no maxilar de Wangji que quase fez suas pernas desmoronarem contra a neve. Sua raiva quase se extinguiu completamente e ele assentiu com a boca atada se sentia incapaz de dizer não.

Era como se estivesse preso no seu próprio feitiço. Mas estava hipnotizado pelo dono dos lábios quentes, pelos olhos escuros que o fitava, agora preocupados e inquietos. Faria o que Wei Ying dissesse naquele momento não queria pensar. E parecendo se aproveitar daquilo Wei Yuxian guiou Wangji até o jingshi massageando os tendões do ombro de Lan Zhan em silêncio. Lan Zhan se viu incapaz de afastar os dedos de Wei Ying.

Enquanto Lan Zhan tomava banho reproduzindo o beijo, olhares e toques em sua cabeça. Era inevitável não ponderar as ações de Wei Ying. Será que Wei Ying também sentia seu coração disparado todo dia que seus olhares se encontravam? Que ele pensava em Lan Zhan como Lan Zhan pensava nele? Wangji não queria passar pela rejeição. Se confundir e interpretá-lo de maneira errada. Porém não era certo continuar vivendo daquele jeito, se aproveitando da companhia de Wei Ying quando em seu interior angustiantemente clamava sempre por mais e mais de Wei Ying. Xichen estava correto em resolver agir enquanto ele mesmo não era capaz de dar voz aos seus anseios.

Lan Zhan parou ao notar o jantar na mesa e vozes na porta, Wei Ying conversava com os discípulos. Mesmo curiosos pela demora, Lan Zhan se sentou calmamente separando a sopa proporcionalmente nas tigelas.

- Lan Zhan! - Wei Ying surpreso colocou as mãos no peito. - Não ia me esperar? - Se sentou e lançou um olhar brincalhão para Lan Zhan. Tinha algo de diferente em sua expressão, ele está bem sorridente e relaxado embora suas bochechas estivessem coradas. Aquilo somente acontecia quando estava embriagado.

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