『Não vai ser tão ruim assim』

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» Ayla Rivera,
- 18 de dezembro, quinta feira.

Já fazia alguns dias que buscava algo de interessante para fazer durante as férias que se aproximavam. Levou um tempo, mas enfim havia chegado ao fim da minha primeira conquista.

Animada não era a palavra certa para me definir. No entanto, minhas mães não compartilhavam a minha definição. Elas estavam ansiosas com a minha formatura e, mais do que isso. Estavam curiosas com a minha escolha de curso na faculdade, algo que até o momento, não mencionei uma única vez que fosse.

Diferente dos meus colegas e amigos, não estava preocupada com isso até então. Na verdade, queria tirar um ano sabático. Dar uma pausa parecia ser o que eu precisava, pensar e repensar no que realmente seria bom pra mim, chegar a decisão sobre aquilo que irá me perseguir pelo resto da minha vida. Quer dizer, ao menos foram essas as palavras usadas pelos meus professores desde que encerramos o primeiro bimestre. Quanto mais se aproximava do fim do ano escolar, mais eles se fixavam neste determinado assunto. Aquilo me sufocava.

Dona Alícia não pegava tanto no meu pé quanto a faculdade. Ela era do tipo que não ligava para muita coisa. Desde que não me envolvesse com nada errado, ela estaria sempre ao meu lado. E nem se a loucura passasse pela minha mente, eu seria capaz de seguir esse caminho, afinal, mamãe era a delegada da polícia federal. Não seria muito bem visto para o seu status que sua filha estivesse a ponto de ir parar na prisão. No entanto, ela abria o melhor sorriso para esse comentário quando o jogavam com desdém. Ela me conhecia, me deu a vida, cuidou de mim desde o meu primeiro suspiro neste mundo. Sabia que este ato nunca se firmaria, mas ainda sim, deixava claro a sua posição em relação a tudo.

Independente das palavras que deixassem as minhas cordas vocais, se fosse preciso, ela mesma me daria voz de prisão. Isso me enchia de orgulho. Poderia contar com seu apoio em tudo, mas se o erro fosse maior do que o pedido de desculpa, Alícia Rivera estaria sempre preparada para fazer o certo.

Estando em lados opostos, dona Mellissa me cobrava muito. Mamãe estava sempre no meu encalço na busca das melhores notas possíveis dentro do colégio, mas sabia como respeitar o meu espaço quando era necessário. Das duas, ela era quem mais exibia sorrisos com essa minha conquista. Foi fielmente cuidadosa ao tomar para si a posse dos preparativos para minha formatura. Queria poder ficar em casa durante a entrega dos diplomas, porém, não existiam opções nessa ocasião. Ela foi clara ao dizer. Sem falar sobre a faculdade que talvez não fosse acontecer, me fazer presente entre os membros da minha turma se tornava uma obrigação. E quem sou eu para ir contra as decisões de mamãe?

Ainda possuía amor a vida, e sendo ela uma cirurgiã chefe de grande sucesso, saberia como fazer sem me causar muita dor.

No fim, além de serem as minhas fortalezas. Minhas mães também eram o meu maior orgulho, os meus maiores exemplos.

- Ayla?! Desce aqui! - estava jogada sobre minha cama com a porta do quarto entreaberta e com o notebook sobre mim. Tentava entender a explicação que os professores de línguas me passavam naquela aula interminável. Mas esse chamado de dona Alícia logo me fez soltar um longo suspiro. Alguma coisa nada agradável poderia estar à minha espera.

Deixando o professor falando com as paredes, procurei pelo calçado mais próximo e segui a passos lentos e temerosos até às escadas, onde minha mãe me esperava com o semblante divertido. Essa recepção logo me deixou relaxar um pouco, tirando toda a tensão e preocupação dos meus ombros. Acho que estava enganada.

- Por favor, me diz que poderei cair na cama esse fim de semana sem ter que me preocupar com roupas tão formais? - caindo em seu abraço ao chegar ao pé da escada, questionei com a voz baixa e manhosa, me aconchegando como em todas as vezes dentro do aperto proporcionado pelos seus braços.

𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora