Hanna estava desolada, chorando durante todo o caminho até o endereço que Guilherme havia passado para ela. Caminhava com medo de ser vista, mas não era esperta o suficiente para se tocar que aquilo era uma armadilha dos irmãos Nóbrega's.
O local era isolado mas bastante bonito, o chalé era de madeira escura e polida e aquele bosque, parecia um pouco familiar para Hanna. Ela se viu fascinada pela beleza da floresta fechada, as árvores eram tão gigantes que cobriam todo o céu azul.
— Eu e a Guilherme gostávamos de brincar de esconde-esconde nas árvores, eu subia muito alto e ele nunca me encontrava. — Hanna escutou a voz masculina atrás de si, sentindo seu coração acelerar. — Um dia a Gui ficou chateado por não me encontrar e então começou a gritar, a Daniela ficou irritada e então me jogou uma pedra, eu caí e quebrei o braço. Minha mãe me disse que eu merecia aquilo por ser muito desobediente e me deixou agonizando no chão, foi o Guilherme quem pediu ajuda de uma família que estava com um trailer aqui perto.
— Vocês sempre se viraram sozinhos, não foi?
— São consequências Hanna, consequências de alguém que errou muito antes de mim. Alguém teve que pagar.
— Não foi justo, você era só uma criança.
— Ela não pensava assim. Ninguém pensa. — Renato deu de ombros. — Não acha que já vivemos coisas demais?
— Como assim?
— Eu me acostumei a viver sozinho e de repente, acabei seguindo por todo lugar, uma adolescente boba e confusa. — Hanna sentiu-se ofendida, ao perceber que ele estava falando dela. — Alguém precisa colocar um ponto final na nossa história e eu sei bem, você quer muito fazer isso.
— Não quero. Mas as vezes, a gente precisa aprender a se defender.
— Você é uma garota corajosa, Hanna, sempre admirei isso. Você precisou ter coragem para abrir aqueles portões, para me deixar sair, para puxar aquele gatilho e colocar fim em algo que você mesma começou. Não é qualquer garota que faz isso.
— Quer mesmo me lembrar que eu sou uma burra?
— Você não é uma burra, isso é o que todos eles querem colocar na sua cabeça, assim como fizeram comigo. Você é esperta, corajosa e maluca.
Hanna deixou um sorrisinho escapar, toda aquela situação a deixava esgotada, ela sabia que sua vida estava completamente arruinada e talvez Renato, fosse o último ser humano no mundo que sequer queria ter uma conversa com ela.
— Foi ideia sua, a casa, não foi?
— Eu visitei Guilherme e pedi que ele fizesse isso, que ele isolasse você.
— E por que?
— Um sítio isolado Hanna, com uma mata fechada, onde somos os únicos seres humanos. Quer mesmo que eu explique?
Pela primeira vez, Hanna não sentiu medo. Ela estava se sentindo deprimida, sentia que não tinha mais nada a perder.
— Faça isso logo, não me importo. — Deu de ombros, sentando-se no chão e encarando o dia que se tornava cada vez mais escuro. — Minha família me quer longe, minha melhor amiga me odeia e provavelmente a cidade inteira também. Eles não vão perder nada, eu também não, então faça o que você quer fazer, Renato.
Renato suspirou, odiava ver a garota naquela situação e também sabia que havia colaborado para tudo aquilo. Se a louca e corajosa Hanna Beatriz não tivesse entrado no seu caminho, talvez ela ainda seria a mesma jovem que as pessoas admiravam. Aquele era seu problema, ele destruía a vida de todos que chegassem perto, como uma bomba, explodindo tudo sem olhar o que estava pela frente.
— O que eu quero fazer?
Hanna assentiu, sentindo lágrimas se formarem em seus olhos, era jovem demais para morrer mas ao mesmo tempo, não tinha mais esperanças.
Mas Renato era sempre uma caixinha de surpresas e ao invés de ter qualquer atitude grosseira e violenta, sentou-se ao lado da garota e a beijou gentilmente. Aquele beijo era diferente dos outros, mesmo que fosse sem sentimentos da parte do garoto, ele estava sendo totalmente delicado com ela.
Hanna não entendia mas gostava da sensação, talvez o seu coração burro de uma simples adolescente, ainda estivesse nutrindo sentimentos por ele. Renato cortou o beijo, se levantando e dando passos para trás, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.
— Vá embora, Hanna, se entregue enquanto você ainda tem sua sanidade, não termine da mesma forma que eu.
Hanna se levantou também, tentando alcançar o garoto que recuava cada vez mais.
— O que você vai fazer?
— Irei realizar o que você almejou durante todos esses meses, irei acabar com essa merda de uma vez por todas. Sinto muito por ter transformado sua vida em um inferno, Hanna Beatriz.
— Se por te beijar tivesse que ir depois pro inferno, eu faria isso. Assim depois poderei me gabar aos demônios de ter estado no paraíso sem nunca entrar. — Renato esboçou um sorriso, um sorriso aberto e sincero, fazendo o coração de Hanna acelerar.
— Maluca.
E então ele tirou o revólver da cintura, murmurando um "sinto muito", antes de atirar contra a própria cabeça e cair sem vida no chão.
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Kill Game | Renato Garcia (Concluída)
Fiksi PenggemarHanna havia sido seduzida pelo assassino galã, Renato Nóbrega Garcia e então, precisaria consertar o erro que havia cometido, quando havia o ajudado a fugir do manicômio. "Eu preciso encontrá-lo, antes que ele me encontre primeiro." ⭐️ Livro ganhado...