Lourenço e Laura fazem todo o tipo de pergunta sobre minha vida,
perguntas para as quais eu já tinha elaborado respostas há muito
tempo para não me contradizer. Respondi tudo com sinceridade
forçada. Durante todo o tempo em que caminhamos conversando, eu
só tinha um pensamento em mente: o que eu farei para me livrar da
fúria desse povo quando a verdade vier à tona?
Assim que chegamos na casa em que eles vão ficar, eu decido
contar logo para karol meu plano para ajudá-la a “se livrar” do pai
de Bernardo. Afinal, não posso deixar ela ligar para a irmã pedindo
informações sobre mim mesmo. E, como eu tenho que representar
um homem honesto e respeitador, eu digo:
— Eu tenho um plano, mas preciso, antes de tudo, contar à
Karol . Depois comunicamos a vocês, se ela consentir. — karol
olha para mim, venerando o homem completo que Deus enviou para
ela. Está fascinada comigo. Os pais dela se entreolham.
— Tudo bem — Laura diz, e eu olho para Lourenço.
Ele assente, eu entrego o bebê para ele, e karol olha para
minha mão estendida.
— kah , eu vim aqui exclusivamente para isso. Não vou deixar
você por aí desprotegida. Pode me dar um minuto do seu tempo para
eu explicar tudo?
— Claro — ela diz, segura na minha mão e me leva até um
quarto.
— Não repare a bagunça, Heitor. Chegamos ontem, e eu ainda
não arrumei nada.
Ela tira algumas coisas da cama, e eu me sento.
— É um lugar tranquilo aqui — eu digo, olhando ao redor.
O quarto é pequeno, menor do que o dela em Angra. Cabem três desse tamanho dentro do meu lá no Rio. As paredes estão recém-
pintadas, e o piso, bem limpo. Há um pequeno armário e uma cama
de casal modelo simples e, no canto, um monte de madeiras. Ela
percebe que estou olhando e fala:
— Ali é o berço de Beni que ainda vamos montar. Um amigo do
meu pai conseguiu para a gente. É usado, mas vai dar para o gasto
até eu conseguir comprar outro.
Uma frustração enorme toma meu peito ao saber que meu filho
não tem lugar para dormir, precisa da boa vontade de estranhos.
Junto com a frustração, um grande carinho por karol vem à tona.
Ela é uma lutadora, e estou, de verdade, orgulhoso dessa mulher.
Minha futura mulher.
— Mais tarde eu vou montar o berço para Bernardo — declaro e
bato a mão ao meu lado na cama, chamando-a para se sentar
comigo.
Karol senta e me olha curiosa.
— karol , quero que saiba que nada do que eu propor será
sacrifício para mim. Eu quero estar com você e Bernardo, quero que
me aceite em sua vida de agora para frente — em tom neutro eu
começo a falar.
Com ela aqui bem perto, meu corpo todo se anima, já louco para
me apossar dela. Mais tarde. Bem mais tarde.
— Lógico que eu aceito. — O cenho dela franze e ela contrai os
lábios, desconfiada. — Do que está falando?
— De uma proteção masculina. Estou dizendo que, antes de ir
atrás do tal cara lá no Rio, você vai precisar mais do que um vestido
caro. Não adianta se vestir bem, ir com toda a garra se, no fundo,
você não pode sozinha contra ele. — E o que você me propõe?
— Casamento — retruco logo, direto.
— O quê? — karol grita, completamente perplexa. — Me
casar? Com quem?
Sorrio na tentativa de acalmá-la.
— Eu diria para se casar o mais depressa possível com alguém
da sua confiança. Renato talvez, mas sou muito egoísta e não vou
deixar você escolher outra pessoa. Você é minha garota, então, se
quiser, estou disposto a me casar com você.
Ela se levanta e me olha meio horrorizada.
— Casar, Heitor? Não sei se quero…
Antes dela negar, eu a interrompo.
— karol , me escute. Imagina se esse cara vai na justiça pedir o
reconhecimento da paternidade? Ele é rico, tem nome de peso e,
quanto a você, é apenas uma trabalhadora que vive sozinha com o
menino e trabalha o dia todo, deixando-o com uma babá. Ele pode
usar isso a favor dele, mas, se você tiver uma casa fixa, com um
marido, não haverá brechas para ele. Eu sei que é uma coisa a se
pensar, mas temos que agir rápido.
— Heitor, eu jamais me casaria por conveniência.
— E quem disse que é conveniência? Você não gosta de mim?
Meio apreensiva, ela assente depressa:
— Claro que eu gosto.
— Eu também. Se quiser chamar isso de paixão, chame, mas eu
quero você para mim desde o primeiro momento em que a vi. Eu
posso ser o pai de Bernardo, posso assumir ele como meu filho, o
que tornará mais difícil qualquer pessoa arrancar ele de nós dois.
Eu a puxo, ela volta a se sentar ao meu lado. Completamente abalada, sem fala e pálida. Agarro as duas mãos de karol,
segurando-as de modo reconfortante.
— Minha querida, não vou te pressionar. Eu pensei sobre isso,
eu quero entrar nessa briga ao seu lado. Queria que visse as coisas
do mesmo modo que eu, mas está nas suas mãos decidir se me quer
ou não.
— Eu quero — ela diz rápido. — Mas casar?
— Podemos fazer uma cerimônia simples. Você pode conversar
com seus pais e com sua irmã para saber o que eles acham sobre
isso. Estou querendo proteger você e o menino. Estabilidade, essa é
a palavra.
— Mas a gente não se ama… — Ela vira o pescoço de lado e
olha para a parede em um ponto qualquer. Evita me encarar.
Seguro no queixo dela e movo seu rosto para um contato visual.
— Acha que eu faria um sacrifício desses por qualquer uma? Se
estou abrindo mão da minha liberdade, é porque eu sinto algo muito
intenso por você.
Assim que termino de dizer isso, ela avança e me abraça
apertado. Sinto lágrimas molhando minha camisa e tenho que segurar
para me manter controlado. É difícil, até mesmo para um cara bem
resolvido como eu, iludir tanto uma pessoa tão boa. Sei que um dia
Karol vai me perdoar, não estou fazendo nada disso por diversão.
Estou tentando resgatar o que carolina me tirou.
Ela se afasta, limpa as lágrimas e ri.
— Eu aceito — ela concorda, e eu a beijo imediatamente
urrando por dentro: “Venci porra!”. Ficamos abraçados, nos beijando
por um bom tempo, até eu quebrar o romantismo:
— Tenho que preparar alguns documentos. Como, por exemplo, o reconhecimento de paternidade.
— Quer mesmo fazer isso, Heitor?
— Por que não? Eu amo o garoto. A não ser que você não
queira.
— Eu…
Ela começa a dizer, mas para, indecisa.
— Bernardo já tem pai na certidão de nascimento?
— Não. Na época, carolina o registrou e…
— carolina registrou o menino? Mas ele tem o nome do seu noivo
— exclamo, abismado.
— Foi ideia minha, mas ela colocou “Pai desconhecido.” E não
entendo por que ela não colocou o Ben como pai. Era o que eu
queria.
Com certeza, ela fez isso como uma forma de me humilhar mais.
Ela sabia quem era o pai do menino e, mesmo assim, me negou a
paternidade. Quero só ver a cara de carolina quando eu estiver casado
com Carolina sendo pai legitimo do menino.
— karol , isso adianta 100% minha vida. Vai dar tudo certo —
falo sobre o fato do menino não ter o nome de um pai na certidão.
— Quer mesmo assumir o filho de outro cara?
— Você não está fazendo isso, assumindo o filho de outras
pessoas?
— Ele é meu sobrinho.
— E, a partir do momento em que eu me casar com você, será
meu filho. Você deixando ou não eu reconhecê-lo legalmente.
Karol sorri de orelha a orelha, bate palminha e me abraça
feliz.
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Minha perdição (Terminada )
Fiksi Penggemarkarol depois da morte de seu marido se fecha pro mundo decidi ser melhor seguir sua vida sozinha foca agora em criar o filho de sua irmã ruggero é um sedutor cafajeste incorrigível dono de uma empresa na zone sul da cidade nunca perdoa um rabo...