Bom, inicialmente essa história era pra ser uma oneshot catradora.
Eu já tinha o plot pronto, mas, bem no dia que eu ia escrever, tive que fazer uma produção para minha aula de criação literária. Assim eu aproveitei o enredo deixando algumas referências às personagens e seus sentimentos, porém no universo "real". Espero que gostem.
Antigas evidênciasSentei-me novamente à mesa no canto da sala, peguei o pedaço de bolo e apoiei meu copo na madeira escura. Apesar de distante do palco, o reflexo das luzes ainda me atingiam e o som das vozes no palco estava um pouco abafado. Todos estavam muito animados, sem dúvidas o melhor aniversário que já tive, porém uma coisa ainda me incomodava: faltava alguém.
Peguei meu celular: 22h, apenas mais 2 horas até o local fechar e terminar meu primeiro dia com 17 anos. Quando soube que alugaríamos um karaokê chamei todos meus amigos inclusive ela, só que o tempo passava e nenhum sinal de sua presença. Busquei de novo sua conversa, apenas o sinal de visualizado sem nenhuma resposta, me ignorando como nas outras vezes em que tentei me reaproximar.
Foi a primeira tentativa depois de 7 meses. Depois que eu prometi a mim mesma que havia desistido, esquecido tudo, me convencido a seguir em frente.
Decidi que não ia me preocupar com isso, virei o resto do líquido e voltei pra pista, selecionei uma música e fiquei conversando com meus amigos enquanto esperava. Tentei tirar alguma informação sobre Catarina mas ninguém sabia de nada e após algumas canções chegou a minha vez.
Subi no palco. Por volta da quinta vez que eu cantava era para meu nervosismo estar menor, mas essa música misturava diversas sensações dentro de mim e revirava lembranças jamais esquecidas. Eu sabia a letra de cor, só não cantara ainda porque era um dueto e a pessoa com quem eu planejava dividir o palco nem apareceu. Mas não seria por isso, cantaria eu comigo de dupla. Fechei os olhos, sentindo a batida fui soltando a voz aos poucos na primeira estrofe:“Quando eu digo que deixei de te amar
É porque eu te amo
Quando eu digo que não quero mais você
É porque eu te quero..”Ainda no início escutei os passos apressados de alguém, logo em seguida pegando o outro microfone e começando o próximo verso, aquela voz, continuando a famosa canção:
“Eu me afasto e me defendo de você
Mas depois me entrego
Faço tipo, falo coisas que eu não sou
Mas depois eu nego…”Abri os olhos e por um instante pensei que fosse um delírio, ilusão da minha mente projetando meu desejo, mas era ela, Catarina, cantando evidências comigo como se não fizessem meses que não nos falássemos. Seu cabelo parecia mais curto que a última vez e estava mais alta. O que continuava igual eram seus olhos heterocromáticos e seu estilo: a calça rasgada e a costumeira blusa de botão, levemente aberta.
O refrão veio em perfeita harmonia, nossas vozes se completavam contagiando a todos.
“E nessa loucura de dizer que não te quero
Vou negando as aparências
Disfarçando as evidências
Mas pra que viver fingindo
Se eu não posso enganar meu coração
Eu sei que te amo..”Em certas partes a olhava diretamente, suas pupilas envoltas de um girassol azulado me encarando de volta. De alguma forma nossos corpos foram se aproximando, balançando num ritmo que acompanhava a melodia, parecia um jogo: enquanto competíamos pelo o melhor gingado o perdedor era quem desviasse o olhar primeiro. Fazia tempo que não nos víamos e observá-la novamente, tão linda, com aquela voz doce e um meio sorriso travesso me recordou bons tempos, nossos momentos especiais.
“...Diz que é verdade, que tem saudade
Que ainda você pensa muito em mim
Diz que é verdade, que tem saudade
Que ainda você quer viver pra mim”A música acabou. Os sons dos aplausos me despertaram fazendo-me notar como estávamos perto, muito perto. Tanto que podia sentir nossas respirações descompassadas se misturando, enquanto nossas visões percorriam o mesmo paralelo caminho: cabelo, olhos, nariz, bochecha, boca…
E num súbito seu rosto virou e seu corpo desceu quase correndo o palco, fazendo-me ir atrás dela. Consegui alcança-la próximo a porta e segurar sua mão:
- Catarina, por favor, não vá embora, não me deixe de novo. Só dessa vez. Fica.
Então uma voz soou pelos alto falantes. A voz de Glinda: “Olha, se você tá me ouvindo saiba que eu gosto de você e sempre gostei, não aguento mais esconder isso, queria te falar logo mas você fugiu e só faltam 10 minutos pra tudo aqui fechar”. Era uma declaração, uma declaração pra mim.
Seu semblante rapidamente mudou, uma expressão num misto de raiva e tristeza . Isso fez com que ela soltasse nossas mãos e caminhasse de volta à saída.
Não a segui, fiquei apenas ali, imóvel, a observando ir embora. No último instante apenas virou-se e olhando para trás, disse:
-Feliz aniversário. Parabéns pelos 17 anos e pelo novo namoro.
Não sei se foi engano, falha da minha visão: através da fraca iluminação do luar e da luz piscante atrás de mim, pude ver uma lágrima escorrendo pela sua bochecha.Finalmente tive coragem de publicar aqui. Eu gostei muito do resultado e apresentei na aula, mas queria postar em algum lugar também.
Se você gostou clica no coraçãozinho :))
Comentários são bem vindos (e críticas construtivas também!).
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Antigas Evidências (Oneshot)
FanfictionEra o dia de seu aniversário de 17 anos. Tudo parecia perfeito, exceto pela falta de uma certa pessoa que custava a incomodar os seus pensamentos. Ela não deveria tê-la chamado, por que fizera aquilo? Agora só conseguir sentir angústia esperando al...