Ploc!
Ploc!
Gotas do meu suor percorriam o meu corpo nu caindo no tecido da cama, enquanto eu tentava, sem muito sucesso, extrair um orgasmo de um sexo tão meia boca como nunca havia vivenciado antes. Eu cavalgava em cima desse homem na desesperada tentativa de ter algum prazer, ele, por outro lado, estava quase gozando.
Trrim... Trrim...
"Merda!" Exclamei já descendo do meu relapso parceiro.
"Aonde você vai? Eu estava quase gozando".
"Percebi, porém preciso correr ou vou me atrasar para o enterro do meu marido".
"Qual é, Irene... A gente tava quase terminando... Fica só mais um pouco".
"Você estava quase terminando... Eu estava anos luz de sentir algum prazer" falei já terminando de me vestir.
"Você deve ser frigida".
"Pode ser, mas todos os outros homens com quem dormi, e não foram poucos, sempre me fizeram ter vários orgasmos. No seu caso, por ter insistido tanto, eu lhe ofereci essa segunda chance que só me fez ter a certeza do quão ruim de cama você é. Agora se me der licença... Por favor, nunca mais entre em contato".
Saí correndo em busca de um táxi, chegando ao velório fui repreendida por minha mãe pelo atraso. Já minha sogra estava tão desolada que nem sequer notou minha ausência momentânea.
Tudo correu dramaticamente sem graça como em qualquer funeral, quando o cortejo saiu, minha sogra constantemente reclamava do meu cunhado não ter conseguido chegar a tempo para se despedir do irmão. Ele morava bem longe da loucura desse país, pois meu marido o mandou para a França assim que nos casamos, ele nunca quis o irmão vivenciando toda essa distopia.
Com a morte do meu marido, eu estava em uma posição complicada e obviamente precisaria encontrar um outro homem para ocupar esse cargo o mais rápido possível ou seria mandada para o convento ou ainda pior, seria obrigada a casar com meu primo. Isso nunca poderia acontecer. No entanto, olhando para todos os homens em volta do caixão, eu não conseguia imaginar nenhum como meu futuro esposo.
"Tik Tak... O relógio está correndo rápido, minha amiga... Espero que já tenha alguém em vista, pois aposto que o seu pai vai escolher alguém para o seu próximo casamento já na reunião familiar da semana que vem" Ben, meu melhor amigo, decidiu expor o pensamento que vinha me assombrando desde que encontraram o corpo do Cadu após uma emboscada contra o grupo dos sombras.
"Não precisa me lembrar toda hora, meu amigo. Como você está?" Perguntei o olhando nos olhos, vendo todo um azul escuro de nuvens pesadas o perseguindo.
"Como eu poderia estar? O amor da minha vida se foi!"
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Sombra
Science FictionEm um futuro nem tão distante assim, depois de uma longa pandemia intensificada por um governo negacionista e genocida, mais da metade da população foi dizimada. Os que não morreram pela doença, morreram pela fome. Um grupo de poderosos fanáticos t...