Apaixonado na Veterinária

Capítulo 33

Quando acordei não te vi, que desespero
Minhas lágrimas molharam a fronha do meu travesseiro
Meu bem como é maravilhoso sonhar com você
Amor como é triste acordar e não te ver...

Manuela Freitas

Senti o colchão afundar ao meu lado e um corpo quente se aproximar do meu, abri os olhos ainda sonolenta e os olhos castanhos que eu tanto amo me olhavam carinhosos.

- Andrew? - perguntei baixo.

- Bom dia meu amor! - seus lábios se curvaram em um sorriso lindo.

- Isso é um sonho? - não era a primeira vez que acontecia, infelizmente, nenhuma delas foi real.

- Eu estou aqui pra você como prometi que estaria, para sempre! - ele me puxou para seu peito e eu o apertei em um abraço quase sufocante.

- Eu te amo Andrew, não sei viver sem você! - falei sentindo as lágrimas nascerem em meus olhos.

Meu marido me afastou apenas o suficiente para unir nossos lábios como fazia todos os dias quando me acordava.

- Eu te amo Manu! - ele sussurrou e me soltou, fazendo meus olhos se abrirem arregalados.

Era só mais um sonho, a cama ainda estava vazia tanto quanto meu coração.

Um mês, exatamente um mês completamente desorientada sem o amor da minha vida, alimentando a esperança de que ele esteja vivo mas sabendo que é loucura.

O avião desapareceu, sim! Desapareceu! Ninguém achou nem mesmo um pedacinho pra contar a história, só se supõe que ele caiu no mar e ninguém sobreviveu, até porquê, quais são as chances? É raro as pessoas sobreviverem de um avião que caiu em terra firme e tiveram a oportunidade de serem socorridas, agora imagina alguém sobreviver a queda de um avião que desapareceu no mar?

Eu sei, deveria aceitar que foi o fim e pronto, mas como? Como olhar pra criança que eu carrego na barriga e dizer que a gente tinha tudo pra ser a família mais feliz do mundo mas o pai dela sumiu. Eu não consigo! Prefiro me iludir esperando ele entrar a qualquer momento pela porta e dizer que nem sequer entrou no avião, dizer que é tudo mentira, qualquer coisa! Mas eu só não posso lidar com o fato de que o amor da minha vida não respira mais.

Eu recebo muito apoio da nossa família, meu pai e Thomas me ajudam a cuidar do haras, Carol e Megan tentam me distrair o tempo todo, mas basta eu olhar o Lian que meu peito aperta. Daqui alguns meses eu vou ter um desses nos meus braços e o Andrew não vai estar aqui pra ser o pai dele, pra olhar pra ele como ele olhava para o Lian.

Ninguém sabe da minha gravidez, eu não tive forças pra contar, reacender a esperança dos meus sogros e de todos os outros. É como se eu pudesse proteger meu filho de todo esse caos enquanto Andrew não volta, enquanto eu não acordo desse maldito pesadelo que a minha vida se tornou.

Morta.

Eu me sinto morta por dentro.

Não tem um segundo que eu me sinta viva de verdade, eu só estou existindo, só estou sobrevivendo, só estou vivendo na expectativa de que ele vai voltar a qualquer momento.

Sequei as lágrimas que corriam pela minha bochecha e apertei ainda mais o travesseiro dele contra mim. O cheiro já fraco invadiu minhas narinas e eu chorei ainda mais forte.