Lição nº4: Más Notícias

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Dedico este capitulo à @Sofy-Styles ♥♥♥

14 de Outubro de 2015

[Virgine – 17 anos; Luke – 24 anos]

 – Virgine 

A enfermeira pousou o instrumento da ecografia e desculpou-se por se ir ausentar por uns segundos e deixou aquele espaço. Eu olhei imediatamente para Luke que apertou a minha mão com mais força. O nosso bebé... o que se passa com o nosso bebé?

A enfermeira voltou pouco tempo depois na companhia de um médico, que se dirigiram para perto do monitor da ecografia. O silêncio atordoante foi quebrado quando a enfermeira voltou a passar o instrumento na minha barriga, por um barulho intermitente, quase como um bater do coração mas sem ser coordenado. Será...?

O médico estendeu-me uma pequena quantidade de lenços de papel para que eu pudesse limpar o gel na minha barriga e sentar-me na marquesa. De seguida, pediu para Liz sair e aí eu já não tinha dúvidas que algo se passava, algo grave.

"Está tudo bem doutor?" Perguntou Luke. Nem sei como é que ele se aguentou calado até agora.

"Infelizmente não." Falou calmamente, como quem comunica uma morte. Neste momento, lágrimas já escorriam pela minha face. "São muito raros os casos mas aconteceu. Resultante do vosso parentesco demasiado próximo, o feto apresenta malformações a nível físico e consequentemente viria a apresentar malformações também a nível psicológico. Onde a situação se torna mais grave é que as malformações estão nos órgãos vitais, como o coração e os pulmões.  Assim sendo, o feto não vai sobreviver durante muito mais tempo e vai acabar por morrer, podendo apodrecer no útero e resultar em infeções graves."

O meu choro inconsolável era a única coisa que se ouvia naquela sala assim que o médico acabou de nos transmitir aquela quantidade de informação que era excessiva para qualquer pessoa que estivesse prestes a receber um filho. O Luke debruçou-se sobre a marquesa e beijou-me a testa sem nunca largar a minha mão. Depois, voltou a levantar-se para continuar a ouvir o médico mas mesmo nos poucos segundos que teve a sua bochecha encostada à minha consegui sentir a sua cara húmida devido às lágrimas que nesta escorriam.

"O que é que podemos fazer?" Perguntou o Luke. Eu não tinha capacidade para falar.

"Neste momento não temos outra opção senão interromper a gravidez imediatamente."

"Não!" Gritei por entre o choro. "Não vou matar o meu bebé!"

"Não podemos dar-nos ao luxo de esperar mais. O barulho que ouviu há segundos é o bater do coração do feto e como perceberam, não era o som de o bater de um coração saudável. Se com dez semanas o feto já se encontra neste estado, no mais tardar às doze semanas estará completamente sem vida." O médico falou com calma e clareza, tentando acalmar-nos. "Se esperarmos só vamos estar a comprometer a vida da mãe."

"Pode dar-nos um minuto a sós, por favor?" Perguntou Luke com a voz tremida.

"Claro. Volto daqui a uns minutos para saber se posso mandar preparar a sala de operação."

Assim que este se retirou, Luke sentou-se ao meu lado e fez-me encarar os seus olhos também lacrimejantes.

"Amor... por muito que eu ame esse pequenino que tens aí dentro, eu não posso correr o risco de te perder. Eu quero construir uma vida contigo, quero ter outros filhos contigo que vão nascer fortes e cheios de saúde, mas por agora temos que lutar para ultrapassar isto juntos. Não há mais nada que possamos fazer senão tirar-te de perigo."

À medida que ouvia as suas palavras, observava atentamente a sua expressão facial. Os seus olhos transmitiam dor, sofrimento mas acima de tudo, transmitiam sinceridade. Eu sabia que Luke estava a dizer a pura verdade que corre no seu coração ao dizer que queria construir uma vida comigo. Em parte, sabia-o porque era exatamente o mesmo desejo que corria pelo meu coração. A outra parte da minha certeza, provinha da maneira como Luke nunca deixou, nem por um único segundo, de me apoiar e de me dizer que tudo ia ficar bem. Dito isto, a definição de amor não podia ser mais clara.

{...}

– Luke

Havia vários tipos de espera. A espera pelo autocarro, a espera para tratarmos de alguma burocracia, a espera para pagarmos as nossas compras num supermercado, a espera para virmos nascer um filho (e quão irónico era isto?)... enfim. Existia uma infinidade de momentos onde as circunstâncias nos obrigavam a ficar à espera, mas de todas elas, esta era sem dúvida o tipo de espera mais difícil de enfrentar. Quando se espera que um ente querido saía de alguma sala de um hospital é quase como se um buraco se abrisse debaixo dos nossos pés mas demasiado pequeno para nos deixar cair. Aquela incerteza e preocupação deixa o meu coração aos saltos, as minhas mãos a suar e os meus músculos tensos. As lágrimas já tinham secado na minha face, deixando para trás cicatrizes de dor.

A minha mãe esperava, batendo com o pé no chão da sala de forma frenética, ao meu lado. Ambos saltámos da cadeira assim que a Virgine surgiu ao fundo do corredor numa cadeira de rodas, guiada por uma enfermeira e vestida por aquela indumentária verde que todos os doentes hospitalizados usam. A sua expressão deixava transparecer todo o sofrimento que arrebentava no seu peito e meu deus, como isso duplicava o meu.

"A intervenção correu sem problemas, o feto foi completamente removido do útero. Mesmo assim, vamos manter o repouso, pelo menos durante duas semanas para que fique totalmente recuperada."

Peguei na cadeira de rodas depois de ouvir a informação da enfermeira e conduzi a Virgine para fora daquele hospital, na companhia da minha mãe. Ela continuava sem pronunciar uma palavra ou mover algum membro. Naquele momento, o que mais me preocupava é que aquilo que arde dentro do peito é o que vai demorar mais a curar.

Olá!!!

AVISO JÁ QUE QUEM DISSER QUE ISTO NAO ACONTECE NA REALIDADE PODE SE PREPARAR PARA SER ESFAQUEADA COM UM GARFO. por amor de deus, se acham que esta mal, pesquisem antes de dizerem merdas.

Pobre Vuke :( quando tudo parecia bem...

Love you so much ♥

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