O acordo - 55

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          "Triiiiip, triiiiip." — Toca o rádio há alguns quilômetros dali.

           — Capitão falando.

          — Capitão, aqui é o Jow.

           — Sim, prossiga.

          — Podem subir.

          Otho e outros moradores do vilarejo preparam o salão para receber os visitantes a caminho. Algumas pessoas são escolhidas para participarem da reunião. Quando os veículos começam a chegar, os habitantes olham ressabiados e desconfiados, e as crianças se escondem.

          Os veículos entram devagar, sem armas expostas, sem estardalhaço, eles param próximos uns dos outros e seus ocupantes descem e permanecem ao lado deles.

          Jow se aproxima do Capitão e informa para onde conduzir os soldados. Os moradores escolhidos esperam do lado de fora do salão.

          — Olá, Adolfinho. Parece mais calmo hoje. Andou levando um corretivo? — Nona provoca o Capitão assim que ele passa por ela.

          O Capitão olha estranho para Nona e ignora aquele comentário.

          No salão, há uma mesa comprida e muitas cadeiras formando três fileiras ao redor da mesa. Com todos no recinto sentados: de um lado, os militares, do outro os cidadãos do vilarejo, encabeçando a mesa está Jow com Norffi ao seu lado.

          — Senhores, eu pedi para que nos reuníssemos aqui, pois estamos em uma missão sob ordem da Natihvus Corp. Até o momento, somos eu e parte do destacamento militar aqui presente, representados pelo Capitão Vince. Ainda pretendemos somar à equipe combatentes de grupos rebeldes do sul, e gostaríamos de usar este vilarejo para promover o encontro. Dados os constantes conflitos entre ambos os grupos, é preciso de um território neutro para tratar do período de trégua entre os lados. E vocês estão aqui agora para resolver as diferenças entre vocês. Considerando que este é um assentamento clandestino dentro de uma propriedade pertencente à Natihvus e que por outro lado a mesma tem respondido de forma excessivamente violenta a ocupação de vocês. O objetivo hoje é chegarmos a um acordo favorável para as duas partes. Como porta-voz do comando militar da Corporação: o Capitão Vince irá confirmar os termos que eu informei agora a pouco, à frente do Povoado: o Otho, líder do vilarejo. Receio que vocês já se conheçam.

          — Infelizmente sim. — Lamentou Otho.

          — Em oferta para pôr tudo de lado e colaborar com a causa, a Corporação lhes oferece anistia completa, paz para o seu povo nessas terras, com a condição que continuem sendo uma comunidade pacífica desmilitarizada. Pode confirmar, Capitão?

          O Capitão fica de pé para falar:

          — Sim, senhor Peregrino, é exatamente como disse, isso inclui que toda visita por parte dos militares ou de outro pessoal da corporação será informada com pelo menos duas horas de antecedência e serão abordagens pacíficas. Vocês poderão cultivar, caçar e criar rebanhos em uma área delimitada e todos que fizerem parte do assentamento não serão importunados.

          — E quanto aos nossos familiares e habitantes daqui que foram tirados de nós pelo senhor para nos ameaçar e nos chantagear? — Otho questiona o Capitão em tom de revolta.

          Jow lança um olhar fechado, indignado ao Capitão, aguardando a sua resposta. O Capitão olha para Jow rapidamente e volta seu olhar novamente a Otho visivelmente desconcertado com a situação, gagueja tentando dar uma resposta de imediato.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora