Jow traça a rota rumo a oeste desta vez. Seu destino é um lugar há tempos deixado para trás, mas nunca esquecido, seu coração palpita, ele recebe uma pequena dose de satisfação, o suficiente para lhe pôr um leve sorriso no rosto. Mas retornar não será tão fácil, a base está instalada em um local estratégico, cercados por uma cadeia de montanhas na encosta de um paredão, o local fica atrás de uma pequena fileira de mata. Logo que se atravessa a mata, através de uma passagem estreita, há um campo aberto de areia, rochas e pequenos montes, este terreno antecede a entrada do assentamento e é monitorado 24 horas por dia para evitar visitantes indesejados.
Mas para facilitar as coisas existe um código, uma senha para identificar aqueles com algum privilégio para entrar pelos portões sem que esteja amarrado e preso em uma gaiola.
Assim que chega no descampado, Jow para a moto e desce.
— Onde você vai, Jow?
— Fique aí Norffi, eu vou ali fazer papel de bobo.
Jow caminha devagar, não vê nada a sua frente além de uma fileira de montes formando uma muralha e uma pequena rocha que chega pouco acima de sua cintura de altura. Ele retira o capuz, recolhe o capacete, sobe na pedra e fica agachado sobre ela. Norffi olha aquela cena sem entender o que está acontecendo e se espanta quando Jow começa a uivar para cima como se fosse um animal.
— Aaauuuu, aaauuuu, aaauuuu. — Jow uiva três vezes, senta-se na pedra e se atenta aos movimentos a sua volta, sutilmente aparecem cabeças em alguns pontos e logo somem. — E então, vão ficar aí fazendo chacota de mim ou vão parar de rir e vir me recepcionar? — Jow grita ao nada, como se falasse com as montanhas.
Ao longe começa um zumbido parecendo um enxame de abelhas, uma nuvem de poeira surge nos vãos entre as montanhas. E os ruídos começam a ficar mais altos e irritantes, a nuvem de poeira maior e mais próxima. Eis que o som o alcança e agora pode ouvir de todos os lados circulando ao redor dele, a poeira é tão densa que Jow nada pode ver. O ruído ensurdecedor para e aos poucos vão surgindo figuras humanas. Seis homens em 5 motos o rodeiam, vestes robustas típicas dos Guardiões da entrada da cidade fortaleza, todos de capacete, óculos escuros de areia e o rosto coberto, uns por lenços outros por máscara.
— Quem é você intruso? E o que procura aqui?
— Que isso garotos? Isso é jeito de tratar um irmão da alcateia?
— O que você quer?
— Trago um recado para o Diesel.
— O que é?
— "A tempestade há muito esperada surge ao norte, e o vento remanescente trouxe consigo um andarilho." Digam isso a ele, ele saberá o que quer dizer.
O ruído estridente que agora se sabe ao que pertence recomeça, o pó sobe ao céu e Jow só sente as motos se afastar e fica coberto novamente pela nuvem densa de poeira.
Assim que eles se vão, Jow recoloca seu capuz e retorna para próximo da moto já sabendo o que acontecerá em seguida.
Pouco tempo se passa e o que se ouve é um som mais grave, estrondoso, acompanhado dos zumbidos de antes. Ao longe, Jow avista sair pela passagem uma caminhonete robusta com uma metralhadora na carroceria e seu operador, seguida de perto pelas 5 motos que o receberam.
A caminhonete para há uns 10 metros de Jow, o homem na carroceria o mantém na mira da grande arma. O passageiro desce, por alguns segundos eles ficam parados, de pé se olhando, no ar um silêncio desconfortante e a tensão entre os homens.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)
Khoa học viễn tưởngO mundo como conhecera já se foi, uma Terceira Guerra Mundial abalou nosso frágil planeta. Matéria nuclear altamente tóxica, agora contamina nossa terra, nossa água, nosso ar. A raça humana fora condenada. Neste ambiente caótico, eis que s...