"Quer Namorar Comigo?"

76 3 0
                                    

Acredito que não vai querer minha companhia hoje, não é? - ela perguntou e então eu soube o porquê de sua aspereza.

- Eu preciso dormir. Se você for para casa vamos
fazer qualquer coisa, menos dormir. - eu disse, um sorriso matreiro nos olhos.

Foi rápido. Meus olhos pretendiam encontrar os de Kate e notei papel rasgado na lixeira. Eu não me lembrava de ter rasgado algo.

- Kate, pegue algo pra mim, um café. - fechei os
olhos e esperei.

-Ok. Pelo menos me de carona até em casa. -
murmurou e saiu.

Abri os olhos quando ouvi a porta e arrastei a
cadeira até ficar bem próximo da lixeira. Peguei
apenas alguns pedaços, era uma carta de caligrafia grosseira. Após brincar de quebra cabeça eu consegui ler um pouco do que era.

Um encontro no terraço, o nome "Ju" apenas. Era Júlia.

Olhei o relógio, já era tarde.
Kate provavelmente iria me azucrinar, mas eu não estava nem aí. Eu segui para o terraço pelo elevador, tive que pegar um lance de escadas após isso.

Ela estava lá, tremia pela rajada de vento daquela quase noite. Eu não podia ver seu rosto, estava de costas.
Eu caminhei o mais lento que consegui, retirei meu paletó e coloquei em seus ombros. Ela virou-se espantada.

Eu me encostei-me ao parapeito como ela
fazia, meus olhos na noite. O que aconteceria agora?
Eu experimentei o gosto do desconhecido.

- Encontrei seu bilhete. - disse. Alguém tinha que
quebrar o silêncio afinal. - Fiquei surpreso e muito feliz por ter marcado o encontro.-e eu estava.

Eu podia sentir a grana que era minha entrando na minha conta bancária. Dinheiro dinheiro dinheiro!

- Fico feliz que tenha ficado feliz. João Pedro eu... Eu sinto muito pelo modo como me comportei. É que é difícil de acreditar que uma pessoa como você esteja interessada em mim. - ela falava frenética.

Eu me coloquei de lado pensando no que faria para acalmá- la, eu não gostava de gritaria de mulher. E ela estava se mernosprezando. Cara eu ia ter que mentir muito bem e falar que era bonita, mas... Até
que ela parecia gostosinha. Se ela se vestisse bem.

-Você não devia se menosprezar assim sabia Júlia? -
eu disse numa voz afável.

- Por que eu? De todas as mulheres que você
deve conhecer, por que eu? -ela estava confusa,
desnorteada.
Por que ela me questionava? Por que ela
simplesmente não me aceitava, aceitava o que eu tenho para oferecer?

- Júlia, você acredita em amor a primeira vista?- eu perguntei aproximando-me.

Ela congelou. Senti ânsia de vômito por falar a
palavra amor, que coisa falsa! Eu nem sabia o que era isso!

- Eu não acreditava nisso, até que vi você na
empresa há dois anos. Depois disso passei a
acreditar.- ela murmurou e captei a mensagem,
ela gostava de mim como todas as outras patéticas funcionárias da empresa, ela era igual a elas. Ainda sim eu estava feliz, eu havia ganhado.

- Bom, muito bom. Então eu tenho sorte. Eu realmente não queria esperar ter que te conquistar
- falei aproximando-me dela. Veracidade nas
minhas palavras pela primeira vez quem sabe.

Agora eu daria meu golpe final ao estilo João Pedro Mota, simplesmente letal.

- Júlia

-O que?

- Quer namorar comigo? - perguntei voltando a
beijá-la, querendo que toda a dúvida sobre aceitar se iria aceitar, um beijo que convenceria o mais santo dos homens ao pecado.

- Sim.
Eu a abracei apertado. Júlia não viu meu sorriso
certamente, o sorriso triunfante.
Eu havia vencido e agora colheria os frutos de
minha vitoria: matrimônio, herança e separação.

Pov's Júlia

Ele havia me pedido em namoro e eu disse sim,
sem hesitar. Bastaram dois passos largos e João
estava me envolvendo em seus braços, um abraço
apertado. Ficamos assim por alguns minutos até que ele me libertou daquele abraço.

- Obrigado. - disse simplesmente. Achei uma tolice, quase ri.
Ele me agradecendo? Era eu que deveria
agradecêlo. Ele estava realizando um sonho. Eu
queria dizer algo descente, mas Mota não me deu muito espaço para isso. Puxou-me e me beijou com ânsia o que me agradou profundamente.

Eu ainda
me sentia envergonhada pelos nossos beijos. Eu
era inexperiente com relação ao relacionamento
entre homem e mulher e por tudo ser novo era um pouco assustador, mas isso, essa timidez, não iria
me impedir de aproveitar. Coloquei meus braços
em seu pescoço puxando-o para mim enquanto me
aproveitava dos seus magníficos lábios.

As mãos
dele estavam em minha cintura e ousadamente
desceu até minhas nádegas. Eu arquejei e o afastei minimamente, mas foi o suficiente para dar o alerta a Mota.

- Me desculpe eu.. - comecei a me desculpar.

- Não, sou eu que devo me desculpar, foi
indelicadeza o que eu fiz.

- Tudo bem eu só.. É que tudo é muito novo para
mim.- falei constrangida. Eu praticamente me
rotulei como virgem.

- Ok. Vamos então? - João Pedro disse com um lindo
sorriso no rosto pegando minha mão. Aceitei o
contato de bom grado enquanto seguíamos para o estacionamento!

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora