Capítulo 2. Garoto rebelde.

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Capítulo 2

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Parece que a vida não é tão fácil quanto aquelas crianças achavam que era. Em meio a todos aqueles depoimentos, percebi que Calvin estava prestando atenção na conversa, as vezes ele olhava para nós, parecendo interessado, mas logo voltava a sua visão para seu celular.

─E você Willy?

─Ah! Eu...? É... -E foi ai que eu comecei a pensar novamente, qual a minha história. ─Ah... Eu... -Parece que ninguém iria me salvar naquele momento, até que...

─Sonhos não se realizam, a vida real não é como um filme. -Calvin disse pegando uma bala que havia na mesa ao lado dele. ─Óbvio que a "história" não foi como ele planejava, se é que ele planejou algo. -Disse me encarando, se levantando e logo saindo.

Ok, ele me salvou de certa forma... Mas precisava ser dessa forma?

─Aonde vai? -Perguntei antes que ele saísse. Ele me olhou de cima para baixo e respondeu:

─Por quê? -E por eu não responder nada, apenas saiu.

[...]

─Crianças, está na hora do lanche. -A voz da Miranda me fez ter um enorme déjà vu, e então lembrei da Stephanie, que sempre servia nossas refeições.

─Já estamos indo. -Eu respondi por todos. Enquanto todos se preparavam, eu ajudava a senhora Miranda e as outras mães.

─Willy, vi que você falou com Calvin... -Disse Miranda.

─Sim, sim. Perdão incomoda-lo.

─Ele te respondeu, certo? Ele nunca responde ninguém. Não foi incômodo. Pode por favor chama-lo para comer? Ficaria muito grata. -Continuou Miranda.

─Claro. Não se preocupe, trarei ele aqui mesmo que arrastado. -Respondi empolgado.

─Hahaha, você é uma bom garoto Willy.

Normalmente quem chamava ele era a Stephanie, e nem assim ele vinha, então eu duvido muito que ele me escute... Mas ok, mais comida para mim.
Eu conhecia cada detalhe da casa, era a mesma de anos atrás, e eu sempre fui muito bem vindo. Eu só não me lembrava do Calvin já que ele parecisa invisível, também não tinha ideia que ele era irmão da Stephanie.
Ao chegar ao quarto do Calvin, aquela porta que eu nunca reparei, eu bati na porta mais ninguém respondeu, pensei que ele estivesse apenas me ignorando ou algo do tipo, então resolvi entrar no quarto, sem permissão dele, não suporto garotos mimados... Mas assim que eu entrei no quarto, me deparei com ele caído no chão, estava inconsciente. Assim? Derrepente?

[...]

Estávamos todos no hospital, as mães... Os meus amigos... Todos esperando notícias do Calvin, até que finalmente o doutor apareceu.

─Ele tem anemia, o que ele costuma comer? -Foi o que ele disse.

─Eu sabia! Ele não come direito a muito tempo, esse teimoso. -Miranda respondeu.

─A alimentação dele precisa ser controlada, vou passar alguns medicamentos e indicar um nutricionista. Venha comigo. -Disse o médico.

─Me desculpem pelo imprevisto e obrigada por me acompanharem, vocês podem voltar para casa, não se preocupem. -Disse Miranda se direcionando a nós.

─Os outros podem ir, eu vou esperar. -Disse minha mãe que sempre foi muito próxima de Miranda, desde que as duas eram garotas.

─Obrigada Gina. -Miranda acompanhou o médico enquanto eu e minha mãe nos despedimos dos outros.
Foi um ótimo encontro, pena que durou pouco, mas tudo bem, marcamos de nos encontrar novamente outro dia.

Eu e minha mãe nos sentamos no banco e aguardamos enquanto conversávamos.

─Eu fico triste pela Miranda, está aguentando tantas dificuldades sozinha... Você soube da Stephanie? -Minha mãe iniciou a conversa.

─Soube sim. -Foi o que eu respondi.

─Parece que apenas o Calvin fala com a Stephanie... Eles são inseparáveis, Miranda disse que Calvin só manda mensagem para ela.

─Hm... Entendi.

─Filho, eu vou ao banheiro, eu já volto. Minha mãe disse se levantando.

─É... Eu vou ir ver o Calvin, ok?

─Ok.

Por mais que eu não conhecesse ele, acabei ficando um pouco preocupado, ele não tem comido direito por causa da irmã? Eu entrei em seu quarto e me sentei na cadeira ao lado de sua cama. Ele estava indiferente, olhando para o teto, não expressava nada.

─Se sente melhor? -Perguntei mas ele não respondeu nada. ─Parece que você vai ter que controlar sua alimentação e tomar alguns medicamentos. Por que não tem comido direito?

─Por que está aqui? -Ele me perguntou realmente confuso.

─Minha mãe resolveu esperar a sua. Estava entediado, nada melhor que vir atormentar um garoto rebelde. -E novamente ele não falou nada. ─Sua vez de responder a minha pergunta, não acha? -Ele se virou, ficando de costas para mim e me ignorando completamente. ─Muito bem... A partir de hoje, quanto mais você me ignorar, mais eu vou te atormentar. -Me levantei e sai do quarto, talvez ele tenha me ignorado, mas a ideia de que ele tenha me visto sair, curioso, parecia mais interessante.

A minha mãe estava me esperando no banco junto com Miranda, que logo se levantou e foi até o quarto, me deixando a sós com minha mãe.

─Aconteceu algo? -Eu perguntei.

─Parece que o comportamento de Calvin tem piorado a cada dia que passa. Ele sempre foi quieto e tudo mais, mas ele só tem piorado. Ele não quer ir ao psicólogo, não fala com ninguém, é totalmente desinteressado em tudo, não quer estudar nem nada, passa o dia no quarto, isolado.

─...Sei...

Me dá vontade de ajudar, mas eu não consigo fazer nada por mim, imagina por ele.

─Gina, Willy. Vamos? -Miranda apareceu com Calvin ao seu lado, de braços cruzados olhando para o lado.

Nós fomos com Miranda, o clima no carro estava um pouco estranho, ninguém falava nada, até que minha mãe e Miranda começaram a conversar entre si, deixando o clima tenso apenas para mim e Calvin, que estava ao meu lado no banco traseiro.

─Você chegou a pensar em como seria a história da sua vida quando mais novo? -Eu arrisquei puxar assunto, mas ele não me respondeu. ─Eu também não entendo muito sobre isso, mas isso me atormentou por noites. Não consigo escolher uma história em especifico para viver... Parece chato viver só uma história também, então se eu fosse escolher, teria que ser a perfeita. -Nossas mães já estavam caladas, mas logo voltaram a conversar e deixar de fuxicar a minha conversa com o Calvin por telepatia. ─Telepatia é legal quando os dois sabem haha.

─Nós estamos na vida real. -Surpreendentemente ele me respondeu e do retrovisor pude ver a expressão de surpresa da senhorita Miranda e da minha mãe.

[...]

História De WillyWhere stories live. Discover now