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NARRADORA

Renato se levantou e seguiu a mulher por um corredor. Ela parou
diante de uma porta, deu dois toques na madeira e abriu. Sentada
atrás de uma mesa, uma jovem loira  muito bonita se levantou com
um sorriso amigável.
Valu  estava acostumada a receber clientes que vinham
falar com mike  e não podiam ser recebidos por algum imprevisto. Ela
olhou bem para o homem loiro e não o reconheceu sendo um dos
clientes do namorado.
— Sente-se, por favor — ela pediu, e Renato sentou na frente
dela.
Mariza saiu, e Renato encarou a loira  com perspicácia.
— Sou valu , namorada e executiva auxiliar de
Mike . Como eu posso te ajudar? — Malu falou, ainda simpática.
— Sou Renato. Estou procurando por uma pessoa que talvez
seu namorado, ou o irmão dele conheça.
— E quem é essa pessoa?
— Conhece um cara chamado Heitor?
Valu gelou e sentiu a pele arrepiar. Uma rápida palidez tomou
conta dela. Sabia dos planos dos rapazes e tinha uma leve impressão
que, se ela abrisse a boca, Ruggero  estaria ferrado. Logo hoje que era o
casamento, e mike tinha viajado para ser o padrinho. Ela não pôde ir,
afinal, karol  a tinha visto no shopping e podia se lembrar dela
gritando pelo nome de Carolina , achando que karol  fosse ela.
— Heitor? — valu gaguejou e arregalou os olhos. Ela se
perguntava onde estava Agustín  quando ela mais precisava. — Quem é
o senhor? — valu recostou, olhou o homem e franziu as
sobrancelhas.
— Sou Renato, amigo de karol e acho que você tem muito a
me contar. — Ele falou, ríspido, com um olhar gelado.
Valu teve certeza que, para ela, já tinha dado. Não falaria mais
nada sobre aquilo. Então, rapidamente pegou o telefone e chamou
Mariza. Depois, encarou ele com pose de durona.
— Sinto muito, Renato. Eu não posso te ajudar quanto a isso.
— Como não? Quem é Heitor? Quem é o cara que apareceu do
nada em Angra e o que ele tem a ver com Ruggero  pasquarelli ?
Valu ficou de pé.
— Senhor, peço que se retire, não posso te ajudar quanto a isso.
— Ela apontou para a porta, e Renato também se levantou.
— Você sabe que uma garota inocente pode estar correndo
risco? — ele indaga, furioso.
— Risco de quê?
— Não sei, mas um cara a está enganando. Agora eu sei que
tem muita coisa por trás disso tudo. Se eu não ajudar, ela vai se casar
hoje com ele.
Nesse momento, a porta se abre, e Mariza entra.
— Mariza, o senhor Renato já está de saída — valu fala, ainda
tentando manter a calma.
— Por aqui, senhor. — Mariza mostra a porta e Renato espuma
de raiva. Mas então, como uma luz divina, algo chama sua atenção
em uma parede e ele se aproxima. É um quadro.
— Senhor, precisa sair da minha sala agora — valu  gritava
desesperada, mas ele nem deu ouvidos.
Estava diante de uma foto com quatro pessoas. A loira sentada
em uma poltrona e ao seu redor, em pé, três homens de terno e
gravata, muito elegantes, e abaixo uma legenda: “Diretoria AMB.”
Com o coração palpitando no ouvido, os olhos sem piscar, a boca seca, ele virou-se para as duas mulheres. A mais velha agindo
tranquilamente, e a mais nova desesperada, parecendo um fantasma.
— Quem são esses homens? — Ele gaguejou, o dedo trêmulo
apontando o quadro.
— São Ruggero , mike  e Agustín . O tríplice poder da AMB — isso quem
respondeu orgulhosamente e de boa vontade foi Mariza.
Horrorizado, com todas as peças se juntando em sua cabeça,
Renato saiu correndo desesperado. Desistiu do elevador e correu
pela escada, já com o telefone em punho, tentando falar com karol.
Ela já deveria estar vestida de noiva, prestes a se casar… com Ruggero
Pasquarelli , o pai de Bernardo.


Karol


Eu estou me sentindo tão culpada. Eu fui rude com Renato, logo
com ele, que esteve a vida toda ao meu lado. Sei que Renato só quer
o meu bem e o do meu filho, mas eu não posso jogar minha felicidade
fora por causa de uma amizade ou porque ele não aprova meu noivo.
Esse está sendo, de longe, o dia mais importante e feliz da
minha vida. Me ver vestida de noiva em frente ao espelho é a
realização de um sonho e o melhor é que meu noivo é o homem que
eu amo. Sei que, se ele está disposto a se casar e ainda assumir uma
criança como sendo dele, algum sentimento por mim ele deve ter. Se
eu fosse rica, poderia dizer que é interesse, mas não tenho nada que
possa fazer um homem ter segundas intenções. Por isso, não vejo
nenhum mal por trás desse casamento.
— karol , fica quieta, ou eu vou acabar espetando sua bunda.
— Susie dá um leve tapa em mim e continua ajeitando a fita atrás do
meu vestido que estava soltando.
Estou em pé, diante de um espelho de corpo inteiro, no salão de
Pitty. Ela já ajeitou meu cabelo e agora dá instruções para Susie de
como deve proceder a costura quase cirúrgica.
Como a cerimônia será algo simples, aqui embaixo do salão de
Pitty, onde tem um cômodo vazio, eu decidi escolher algo simples.
Meus cabelos estão soltos apenas com uma tirara de cristais. Meu
sapato é emprestado, pois eu não sou louca de comprar sapato
branco para não usar mais e, por fim, tem o vestido. Eu, Susie e Pitty
fomos à loja e, chegando lá, a atendente me informou que Heitor já
tinha deixado crédito livre para eu levar o vestido que eu quisesse.
Fiquei boquiaberta. Ele não pode ficar gastando comigo, eu nem
mesmo iria alugar ou comprar vestido. Iria me casar com um rosa que
tenho que usei no aniversário de casamento dos meus pais.
Concluindo: estou com um vestido simples, mas muito lindo. É
elegante, sem nada de brilho e, apesar de ser tomara que caia, não
deixa de ter o lado romântico por causa do decote em coração e da
faixa na cintura. Nada de véus, luvas e tudo o mais. Com Heitor, eu
me casaria de jeans e camiseta.
— Vi o irmão do seu noivo. Um arraso — Susie diz, depois que
se levanta.
Ela fica de frente para mim, ajeita meus cabelos e se afasta para
me olhar.
— Tarcísio? Lindo, não é? Heitor disse que ele está caidinho
pela namorada.
— Uma namorada que nem veio ao casamento do cunhado?
Que tipo de mulher é essa? — Susie rebate, dando uma de defensora
de rapazes bonitos sozinhos em casamentos.
— Susie, não vai aprontar. Deixe o cara em paz — alerto-a.
Hoje eu não quero pensar em nenhum tipo de problema no meu
casamento.
— kah , amiga, lindas histórias de romance começam com
pessoas desconhecidas sendo padrinhos de casamento. Ele é meu
par no altar, não acha que é obra do destino?
Olho de relance para minha amiga, que passa mais uma camada
de batom nos lábios. Está com o cabelo loiro e liso impecável
penteado para trás. Ela é linda e sensual. Acho que o irmão de Heitor
pode se dar bem. Mas e a namorada dele? Odeio traições.
— Talvez ele já tenha uma história de amor — implico.

Minha perdição   (Terminada )Onde histórias criam vida. Descubra agora