KAROLE acho que ainda será pouco.
— Feliz? — Heitor indaga, com os lábios ainda bem pertos dos
meus.
— Lógico, meu amor. Estou radiante.
— Também estou, kah . Consegui tudo o que eu queria — ele
declara e torna a me beijar.
***
A recepção foi simples. Um pequeno buffet, bolo e bem-casados.
Foi tudo o que conseguimos de última hora. Para mim, poderia ter
apenas arroz e farinha que já estaria feliz. São poucos convidados,
assim a festa ficou um pouco mais aconchegante e íntima. O irmão
de Heitor estourou o champanhe, e nós brindamos com os padrinhos.
Depois, foi a hora de cortar o bolo e curtir o resto de festa.
Conversamos pouco com Tarcísio. Ele estava muito tenso.
Houve até um momento em que se irritou e disse que estava indo
embora, que ele não era obrigado a suportar a indelicadeza da
madrinha. Fiquei pasma por ele ser um dos poucos homens que
recusou a sensual e oferecida Susie.
— Cara, aproveite a festa, fique mais um pouco — Heitor disse
para ele.
— Não. Prometi a valu que voltaria logo.
— valu não está aqui, aproveite — Heitor torna a falar e recebe
um olhar duro de repressão.
Peço um milhão de desculpas para Tarcísio. Ele disse que não
era minha culpa, desejou sorte e foi embora.
— Seu irmão deve amar mesmo a namorada dele — eu pontuo,
vendo-o se afastar.
— Você nem imagina o quanto. Ele teve que suar para conseguiraquela garota, não vai colocar tudo a perder por qualquer coisa.
— Eu disse a Susie para se conter. Depois vou dar uma bronca
nela.
— Depois, porque agora você tem compromisso com seu
marido. Vamos dançar — Heitor sugestiona e me leva para o meio do
salão.
Tira o terno, faz um sinal e Pitty coloca uma música.
Somos o foco de todos. Heitor me puxa para seus braços, e eu
levanto o rosto para olhar para os olhos dele. E adoro o que vejo,
pura paixão.
— Quem diria que aquela garota que me empurrou no barco no
nosso primeiro encontro estaria hoje casada comigo… — humorado,
ele relembra.
— Tem uma coisa que nunca te contei. Vai rir muito, eu acho. É
sobre o café do descarte.
— Café do descarte? — Ele franze o cenho.
— Depois eu conto, agora quero dançar com meu marido.
Pouco depois, enquanto nós três (eu, Heitor, e Bernardo nos
braços dele) circulamos agradecendo os convidados pela presença,
Susie se aproxima e, com uma carranca, fala com Heitor:
— Seu irmão só pode ser gay, não é? Eu fiz de tudo, mas ele
mal olhou para mim. Acabou sendo um babaca, arrogante e
malcriado.
— mik… Tarcísio faltou com respeito com você?
— Eu preferiria que ele tivesse faltado com respeito, mas ele só
me ignorou e disse que eu acharia quem me comesse de bom grado
essa noite.
Coloco a mão na boca para esconder a risada. Isso é bom para
ela aprender que não pode conseguir tudo com um belo corpo.
— Ele acabou de reencontrar uma antiga paixão. Está vidrado
na namorada, nada mais o atrai. Não leve a mal — Heitor defende o
irmão, e Susie vira as costas e sai dizendo que vai beber um pouco.
***
Às nove horas, nos despedimos de todos.
Não consegui conter as lágrimas quando abracei meus pais.
Aqueles que sempre estiveram ao meu lado e me apoiaram em tudo.
Eu bem que queria passar essa noite aqui, mas Heitor disse que quer
viajar hoje ainda, e eu não vou começar um casamento já discutindo
com meu marido.
Muito educado e elegante, Heitor saudou e agradeceu a todos
que ali estavam, agradeceu por terem aceitado ele e prometeu aos
meus pais que cuidaria de mim e do bebê.
Eu não sei por que, mas notei uma pressa nele em sair logo de
Angra. Em um instante, já estávamos dentro do carro que Tarcísio,
irmão dele o emprestou —já que Heitor, o coitado não tem um —a
caminho de algum lugar que eu não conheço. Só deu tempo de
passar em casa, trocar de roupa, pegar nossas bagagens e sair,
como se… estivéssemos fugindo.
— Estou muito preocupada com Renato. Ele simplesmente
desapareceu. Não conseguimos entrar em contato com ele — eu digo
para Heitor.
Ele está concentrado dirigindo. Atrás, preso a uma cadeirinha,
Bernardo dorme.
— Se chama dor de cotovelo, querida. Renato gosta de você, é
natural que ele suma no dia do seu casamento.
— É, eu sei. Ele fez o mesmo quando Ben faleceu. Renato podeparecer durão, mas é sensível.
— E Carolina ? Deu notícia? — Heitor muda de assunto.
— Eu liguei para ela, Nos desejou sorte.
— Fico triste por não ter conhecido sua irmã.
— Eu também. Vocês se dariam bem.
— Tenho certeza que sim.
***
Viajamos por duas horas e chegamos ao Rio. Eu já imaginava
que ele me traria para cá.
— Eu tenho trabalho nesse resto de semana — ele diz, assim
que paramos em frente a um belo hotel no Rio. — Não se importa,
não é? Prometo compensar depois por ter que trabalhar na nossa lua
de mel. — Ele já saiu do carro e deu a volta para abrir minha porta.
— Claro que eu não me importo. — Saio do carro. — Tendo
você na cama comigo à noite já é o suficiente.
— Não é. Depois vou levar você e Beni para um lugar bacana. É
um sítio que fica aqui perto. — Heitor me dá um breve beijo e abre a
porta de trás, onde Bernardo dorme.
— Não vá fazer nada extravagante para me agradar. Você sabe
que eu não sou esse tipo de pessoa.
Abobalhada, olho para o hotel à minha frente.
O lugar é exuberante, perfeito, apaixonante. Fico chocada com
tanto luxo, ele não precisa fazer essas coisas. Já não basta o
casamento, o carro alugado, e as alianças que parecem ter sido
caras?
— Heitor, poderíamos ficar em uma casinha simples. Não
precisamos disso tudo.
— É nossa lua de mel. Quero te dar tudo de bom. Para você e
Bernardo. — Ele tira o bebê do carro, me entrega e vai até o porta-
malas pegar as malas.
Dois homens uniformizados vêm em nossa direção. Um para
pegar as malas, e outro para levar o carro. Heitor toma Beni dos
meus braços e leva o menino dormindo no ombro, com a outra mão
segura a minha, me conduzindo pelo luxuoso hall.
Ele pediu um quarto conjugado a outro. Assim, Beni vai ocupar
um, e nós dois o outro.
— Isso é muito lindo. — Passo os olhos pelas paredes, janelas
grandes com cortinas, cama enorme, poltronas e TV. Além de uma
varanda que posso ver daqui.
— Gostou? — Ele dá uma piscadinha com um sorriso orgulhoso.
— Adorei. — Deixo as duas bolsas de mão no tapete e o sigo
para uma porta. Lá é o outro quarto. Heitor ajeita Bernardo na cama,
e eu me apresso em tirar a roupa do menino.
— Ele é calorento — explico. — Gosta de dormir sem nada.
— Como o pai. — Heitor diz, mas depois me olha um pouquinho
tenso, como se tivesse falado o que não deve.
— Sim, como o pai — afirmo, concordando com ele. — Afinal,
você é o pai dele a partir de agora.
Enlaço meus braços no pescoço dele e esfrego meu nariz na
barba lisinha. Inalo o perfume dele, que atiça meu próprio corpo.
— O que acha de um banho de banheira, champanhe e cama?
— ele propõe, já me empurrando para fora do quarto.
Dou uma leve mordida no lábio inferior dele, puxo-o e faço-o rir.
— Eu aceito — digo, e corremos para o banheiro.
***
Acho que fomos dormir próximo das três horas da manhã.
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Minha perdição (Terminada )
Fanfickarol depois da morte de seu marido se fecha pro mundo decidi ser melhor seguir sua vida sozinha foca agora em criar o filho de sua irmã ruggero é um sedutor cafajeste incorrigível dono de uma empresa na zone sul da cidade nunca perdoa um rabo...