Parte 1

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1970

Uma mulher dirigia um carro por uma rodovia cercada de árvores com a filha pequena no banco de trás.

- A gente deveria ter saído mais cedo... - A mulher disse, ainda dirigindo. - Você vai ter que me ajudar com o jantar quando chegarmos em casa, tudo bem, Francine?

- Tudo bem, mãe. - A menina respondeu enquanto brincava com sua boneca.

- Você sabe que seu pai odeia ter que esperar muito por...

- PARA! - A menina gritou, interrompendo a fala da mãe. - A GENTE TEM QUE PARAR!

A mãe de Francine se assustou, freando bruscamente, o que fez o carro derrapar.

- Mas não tem... Não tem nada... - A mulher sussurrou, ainda assustada com os gritos da filha.

Uma expressão de raiva surgiu em seu rosto e então ela disse, claramente irritada:

- A gente poderia ter morrido, garota! - Falou em um tom alterado, olhando para a garota e levantando a mão.

Quando a mulher estava prestes a dar um tapa na filha, uma árvore caiu bruscamente na estrada, a poucos centímetros de onde o carro estava. Se elas não tivessem parado, seriam atingidas e provavelmente teriam morrido.

Ela ficou paralisada, seu olhar se revezava entre a filha e a árvore.

"Como ela sabia?
Como ela sabia que isso ia acontecer?"

- Eu te disse, mamãe... Eu disse pra gente parar...

1974

O homem estava com os olhos grudados na tela da TV, enquanto suas mãos seguravam firmemente um pedaço de papel.

* - E os três números sorteados hoje são: 7, 4 e 5!*

O apresentador anunciou, e o homem olhou para o papel em suas mãos, onde estavam escritos os números "7", "4" e "2". Ele amassou-o em seguida e foi até o quarto da filha, que estava concentrada em seus estudos.

- Um número. - Disse em um tom calmo e, ao mesmo tempo, assustador. - Perdi por um número.

Desde o incidente de quatro anos atrás, os pais de Francine haviam descoberto seu dom de prever o futuro. Agora seu pai queria uma única coisa: lucrar às custas da menina.

- Me... Me desculpa... Isso não é uma coisa que eu posso...

- Tudo que ouço são desculpas! - O homem elevou o tom, mas logo percebeu o semblante de medo da filha, respirando fundo e voltando ao tom anterior. - Eu e sua mãe merecemos mais do que isso, você não acha?

- Sim, papai... Vou me esforçar mais....

1976

Após inúmeras tentativas, o pai de Francine finalmente havia ganhado na loteria.

Além de fazer alguns investimentos e aplicações, o homem resolveu comprar uma nova casa para a família.

Francine se dispôs a ajudar a equipe de mudança a descarregar o caminhão, quando pegou uma caixa muito pesada e quase a derrubou no chão.

- Precisa de ajuda? - A garota olhou para o lado e viu um garoto se aproximando.

- Você deve ser minha nova vizinha!

- É... Oi.... - Ela respondeu um pouco tímida porque o garoto era um tanto atraente. - Quer dizer, sim... Meu pai acabou de comprar essa casa.

- Ricky. - Ele disse, pegando a caixa das mãos da garota.

Stranger Things: SIXOnde histórias criam vida. Descubra agora