Parte 4

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Dezembro de 2020

Kate não comemorava o Natal fazia um bom tempo. Bem, desde que seus pais morreram. Eles costumavam passar a data juntos, e, depois que ficou sozinha, ela preferia ignorar a data, ou comemorar em alguma festa com outras pessoas que também não se importavam.

Mas, Jack havia dito que ela precisava se conectar com as pessoas.

De verdade.

E ela estava tentando. Por isso, quando Sophie lhe convidou para passar o Natal em sua casa, ela aceitou. Sophie estava sendo uma ótima pessoa pra ela, lhe fazendo companhia, chamando para sair e apresentando pessoas. Quando a contratou, Kate estava interessada apenas no olhar romântico e na leveza dela, que a ajudariam nessa loucura que ela havia inventado.

Agora estava ali, comprando um vinho para levar pra casa da... amiga? Se houvesse alguém que merecesse ser chamada de amiga agora, essa era Sophie Beckett.

Por muito tempo Kate teve apenas um amigo. Ela fingia ser cercada de amigos, mas ela sempre soube que de verdade mesmo só havia ele.

Mas ela não queria pensar nele novamente. Seus pensamentos sempre voltavam para ele de alguma forma, mas ela podia evitar, não é? Pelo menos tentar.

Já fazia mais de um ano.

Ela tinha que tentar.

Entrou na farmácia da esquina, pois estava precisando de algodão e outras coisas. Distraída com Adele que tocava em seu fone de ouvido, deu uma volta pelos corredores, pegando o que julgava necessário. Deixou cair um produto de cabelo e se abaixou para pegar, esbarrando em alguém que estava atrás dela. Ela logo levantou para pedir desculpa, mas as palavras morreram em sua boca...

Porque, por mais louco que fosse, foi nele que ela esbarrou.

O coração dela literalmente parou. Kate pôde sentir o tropeço do seu pobre órgão.

Ele estava diferente. E ao mesmo tempo igual suas lembranças. O óculos de grau ainda era o mesmo mas tinha uma barba rala ali que ela nunca tinha visto, e o cabelo estava maior.

Anthony Bridgerton era um homem e tanto. Ela o quis desde que botou os olhos nele. E aí ele se ofereceu para consertar seu computador e ela descobriu que ele era muito mais sensível do que ela esperava.

Ele era muito mais do que ela esperava em vários aspectos. Ela evitava potenciais problemas como ele, e sempre soube como agir perto dos homens, mas de alguma forma, ela sempre teve que se esforçar ao pensar no que faria com Anthony.

Como naquele momento.

— Kate? - Os olhos castanhos dele a examinaram com surpresa.

— Oi... Anthony. - forçou sua garganta a dizer.

— Você parece bem... quer dizer, eu gostei do cabelo. - Ele sinalizou e involuntariamente as mãos dela foram em suas madeixas curtas. É, tinha isso. Estava bem curto, um pouco abaixo do queixo. Ela havia cortado um pouco depois de se mudar, e , apesar de ter sido fruto de uma crise de identidade, no fim das contas ela gostou e manteve o visual.

— Eu estou... e você? Você tá bem? - Havia tanto naquela pergunta. Kate queria saber se ele recebera os emails que ela enviou pra ele depois que se mudou. Queria saber se ele tinha superado ela. Se ele estava bem, se ele tinha voltado pra cidade dele. Mas parecia que toda aquela distância física que havia entre eles pela mudança cabia ali. Naquele um metro que separava os dois no corredor da farmácia. Ela o sentia a quilômetros de distância. E de certa forma aquilo doeu.

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