O único ômega.

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Desde já agradeço pela sua atenção e peço, antecipadamente, desculpas por qualquer erro aqui cometido.



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  Era a véspera do "Baile da Escolhida", evento criado pelo rei para que seu filho, o sucessor ao trono, encontrasse uma esposa para dar continuidade à linhagem, por isso, todas as ômegas, betas e alfas do reino foram convocadas a participar da festividade.
  Em uma parte mais afastada do castelo, próximo aos campos, havia uma casa onde residiam duas betas, uma alfa e um ômega. E, assim que o convite chegou para a família, o pequeno ômega logo se alegrou, pois pensou que poderia visitar o castelo e conhecer mais lugares do que apenas o porão parcialmente iluminado -no qual dormia e passava boa parte de seus dias- ou a área de serviços nos fundos da humilde casa. Porém suas esperanças caíram por terra ao ouvir a frase de sua madrasta:

  -Você? Ha! Aqui diz "todAS betas e ômegas". E você, humpf... você não é "uma". -Disse desdenhosa e frígida. -Você é uma falha de DNA. Onde já se viu um ômega macho? -Proferiu agora com certo nojo e o ômega se encolheu.
  -Você não deveria ser ômega. As ômegas são graciosas, cheirosas, encantadoras... E você... Você fede a roupa suja, vive imundo pela casa, tem esses cabelos laranjas sempre bagunçados e, que vergonha, é macho! -Serena, a primeira irmã emprestada, falou com asco.
  -Você não deveria ter nascido, Shouyou-chan. Até seu pai morreu de desgosto ao saber que você era um ômega. -Sororo, a segunda, disse ao se aproximar do ômega e lhe segurar o queixo.
  -Não... Não é verdade! Meu pai me amava! -Hinata exclamou choroso e as betas começaram a rir, seguido da curta risada de Arako, sua madrasta.
  -Ora, vamos... Não percam tempo com o pequeno Shouyou-chan. Temos que comprar roupas para o baile, meninas. Vamos, vamos. -Arako disse as chamando para a rua, onde já havia uma carruagem simples as esperando. -Nós vamos sair e fazer compras. Limpe a casa e faça a comida, ouviu? -Falou para Hinata e o mesmo assentiu choroso. -Voltaremos ao cair da noite.

  E logo que Arako e suas filhas saíram na carruagem, o ômega caiu ajoelhado no chão e desabou em prantos.

  -Eu... Eu s-sou... anormal? -Indagou-se entre lágrimas e abraçou as próprias pernas. -Meu p-pai... não me amava? Ele mor-morreu de... desgosto? -Continuou a indagar-se em meio às grossas e quentes lágrimas, sentindo o peito apertar cada vez mais.

  Hinata ficou por ali mais alguns minutos, acabando por enxugar as lágrimas nas roupas surradas que usava e levantar-se, pois tinha que limpar a casa e preparar a janta para sua madrasta e irmãs.
  Shouyou não sabia mais o que poderia fazer para que não o tratassem daquela forma. O pequeno já estava sentindo a exaustão daqueles quatro anos de serviços forçados e noites mal dormidas o atingirem com cada vez mais força. Quando as coisas mudaram tanto? Era o que Hinata se perguntava enquanto limpava o chão da sala.
  Antes, quando seu pai ainda era vivo, e antes mesmo de saberem que Hinata era um ômega, o pequeno era sempre o centro das atenções na casa e recebia todo o tipo de mimos e suas irmãs emprestadas não o incomodavam, sua madrasta o tratava tão bem... Mas, assim que Shouyou completou seus doze anos de idade e fez o teste de classificação, descobriu que era ômega. Foi uma surpresa para todos, pois nunca ninguém ouvira falar de ômegas machos, e, a partir dali, Hinata passou a ser ainda mais acarinhado e recebia presentes dos amigos de seu pai, que perguntavam se o alfa já havia escolhido com quem o pequeno ia casar, sempre oferecendo seus filhos para o matrimônio, mas o pai de Shouyou apenas dizia que não era tempo de pensar naquele assunto. Tudo ia bem.
  Infelizmente, poucos meses depois, o pai de Hinata faleceu de uma enfermidade, então tudo mudou; Shouyou já não era mais o centro das atenções, não recebia presentes ou visitas dos amigos de seu falecido pai -estes afastados por Arako, visto que o ômega tirava o foco de suas filhas-, havia sido posto para dormir no porão pouco iluminado e limpo, passava seus dias arrumando, limpando e cozinhando para a madrasta e irmãs e quase não saía dos arredores de sua casa, pois Arako dizia que se alguém o visse, ia lhe roubar e fazer "coisas muito, muito dolorosas e ruins". E o ômega ficou com medo, pois a todo momento suas irmãs comentavam o que faziam com ômegas que não eram marcados. Por isso, Hinata optou por apenas obedecer, achando que, assim, tudo voltaria a ser como era antes. Mas quatro longos anos haviam se passado -com o ômega tendo agora seus dezesseis anos de idade- e nada mudara, e o cansaço desse tempo já se mostrava nitidamente no olhar abatido, no corpo maltratado, na pele áspera... Hinata havia perdido toda sua graciosidade ômega.

  -Haa... Terminei. -O pequeno disse baixinho ao finalizar o jantar e serviu um pouco para si. -Elas já devem estar chegando... -Sussurrou encarando a comida no prato e logo ouviu a porta da sala abrir.
  -Shouyou-chan, chegamos! -Arako exclamou ainda da porta e o ômega levantou, caminhando até lá.
  -A casa está limpa e o jantar está pronto. -Hinata disse em frente à alfa e a mesma sorriu.
  -Ótimo.

  Hinata viu as garotas e a mulher subirem e voltou para a cozinha, onde terminou sua comida e lavou prato e talheres, logo indo na direção do porão, onde deitou-se na cama meio dura e deixou-se adormecer.





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                    /Quebra de tempo/
                   -Manhã seguinte-


  -Vamos, acorde! Temos um longo dia pela frente! -Serena disse ao abrir a porta do porão e bater palmas para despertar o ômega. -Estamos com fome e queremos café! -Exclamou antes de sair.
  -Mais um looongo dia... -Shouyou suspirou para si e levantou-se, logo fazendo uma breve higiene pessoal e indo preparar o café para as irmãs e madrasta.

  Logo que terminou suas tarefas da manhã, Hinata teve de ajudar as irmãs a experimentar e ajustar os vestidos, o que, sinceramente, o deixou incomodado, pois queria tanto ir naquele baile... E ver a animação delas e as roupas bonitas e novas o deixava mal.

  -Eu sou maravilhosa! Ele vai com certeza me escolher! -Sororo falou empinando o nariz e deu de ombros.
  -Ai! Cuidado com essa agulha, tampinha! -Serena rosnou chutando Hinata ao sentir a ponta do objeto fincar em sua pele.
  -D-desculpa... -O ômega balbuciou retraído e voltou a ajustar o vestido.
  -Humpf... De qualquer modo, o príncipe vai me escolher, porque eu sou mais bonita e inteligente. -Serena disse olhando para si em frente ao espelho e logo Hinata já havia terminado.
  -Pronto. -O ômega disse se levantando e se afastou, observando os vestidos lindos e a animação das garotas falando sobre o baile e o príncipe.
  -Agora vá lá embaixo e faça algo para nós comermos. -Sororo disse apontando para Shouyou e o mesmo obedeceu.

  Hinata preparou o almoço a mando de Arako e lavou os vidros da casa após terminar, tendo que lavar a louça depois e limpar todo o chão outra vez. E assim o ômega passou as horas seguintes; limpando e limpando. E logo a noite começava a cair, com Arako, Serena e Sororo se arrumando para o tão esperado baile, enquanto Hinata as auxiliava e suspirava melancólico ao pensar que queria muito ir junto.











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Novamente agradeço pela sua atenção e peço desculpas por qualquer erro aqui cometido.

Abracadabra Omegaverse - KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora