Capítulo 2

191 25 44
                                    

— Quer dizer que você será a Cinderela e Langa o príncipe encantado? — perguntou o gerente Oka.

Quando seus dois funcionários chegaram para os seus turnos após as aulas, o mais velho percebeu que havia alguma coisa errada, pois a expressão do ruivo era de poucos amigos, bem diferente do habitual, e que em nada combinava com a agitação que ele sempre apresentava.

Após questionar o que havia de errado, não teve mais do que alguns resmungos por parte de Reki; Langa explicou toda a situação de maneira bem objetiva, como se nem se importasse com nada, ao contrário do ruivo.

— Hum, não quero nem pensar nisso — disse Reki se debruçando sobre o balcão depois que o amigo explicou tudo. — É sério gerente, achava que hoje não iria conseguir sair daquela escola vivo. Parecia que todas as garotas da turma estavam seriamente considerando a opção de me atirarem pela janela para poderem pegar o papel principal e ficarem com Langa.

— E por que você simplesmente não troca com alguma delas? — sugeriu Oka enquanto colocava uma caixa com peças novas sobre o balcão.

— Eu estava querendo fazer isso mesmo, só que o professor chegou, e quando percebeu a situação, disse que fazer uma troca não seria justo, além de que, segundo ele, tive muita sorte, já que com aquele papel eu conseguiria uma boa nota em troca, o que poderia impedir que eu ficasse de recuperação em inglês — ele deitou a cabeça no balcão, perto de onde Sketchy estava. — Vai ser tão humilhante.

— Desculpe por não ser um bom príncipe — disse Langa do nada, para surpresa dos outros dois, que se entreolharam sem acreditar em como havia momentos em que o canadense não parecia entender direito as situações ao seu redor.

— Você é muito besta, Langa. Não estou reclamando porque vou contracenar com você, mas porque vou ter que usar vestido e ser seu par romântico na frente da escola inteira e de um monte de gente.

— Mas haverá outros rapazes fazendo papeis femininos — lembrou Langa, como se o fato de um cara usar um vestido de época na frente de uma plateia de desconhecidos não fosse nada demais. Provavelmente pensava assim por que será o príncipe, analisou Reki um pouco irritado.

O gerente tentou conter uma risada, agora imaginando tal situação para seus funcionários. Isso seria muito engraçado de ser ver, além de que poderia ser o pontapé inicial para aqueles dois tapados.

— Que dia vai ser o festival na escola de vocês mesmo? Talvez possa dar uma passada por lá, se o movimento estiver devagar aqui.

Langa e Reki responderam ao mesmo tempo:

— Nem pensar. Não vou te dizer! — gemeu Reki, de cara amarada.

— Na última sexta-feira do mês — Langa informou normalmente.

— Langa!! Não precisamos passar por mais vergonha! — criticou Reki, olhando para o amigo com descrença.

— Mas você mesmo disse que a Cinderela seria alguém legal. E você estava certo. Porque você é alguém legal e muito incrível. Quando soube que teria que fazer o papel do príncipe, não fiquei muito contente com isso, mas como você vai participar também, agora tenho certeza de vou me divertir bastante no meu primeiro festival escolar japonês.

O garoto de cabelos claros falou isso como se fosse bem óbvio, o que fez com que Reki ruborizasse um pouco por conta da sinceridade de Langa.

— Vamos focar nisso depois — desconversou Reki, querendo mudar o tópico da conversa, sabendo que dificilmente o gerente deixaria por isso mesmo. — Como vamos só encenar, ainda vão preparar o roteiro, então por enquanto não precisamos nos preocupar com nada pelos próximos dias até que marquem os ensaios.

Um Conto de Fadas RadicalOnde histórias criam vida. Descubra agora