prólogo: estigma

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estigma:

subs. masc.
marca ou cicatriz deixada por ferida.
sinal natural no corpo

Já havia se passado três anos desde o fatídico acidente de carro que tirou a vida de seus pais tragicamente. Também havia três anos que Jeongguk tinha pesadelos com as lembranças desse dia.

Era apenas uma criança com nove anos recém completos, indefesa e carente de atenção especial, entretanto seus avós ㅡ a quem foi destinada sua guarda ㅡ não ligavam para os pedidos do pediatra e, das professoras da escola, quando diziam que o pequeno Jeon precisava de um acompanhamento psicológico.

Porém, Jeon Sohui sempre dizia que não tinha um neto maluco e que as crianças terem pesadelos era normal.

Com o passar dos anos Jeongguk não deixou de ter os sonhos ruins, mas eles já não o assustavam mais, estava se acostumando. Acordava assustado e apavorado, mas quando percebia que estava em seu quarto, se acalmava e deitava novamente.

Era apegado aos avós desde muito novo e amava Busan, não foi difícil se acostumar a sua nova realidade, porém se tornou muito mais carente e sempre queria atenção.

Então, aos doze veio a doença de seu avô.

Não estava pronto para aquilo, para mais uma despedida repentina de alguém que ele amava. Nunca esteve, mas o câncer não se importava com a dor que causaria, então ele se foi.

A partir daí, tudo que já estava ruim, piorou ainda mais. Teve, mais do que nunca, medo de perder sua avó e seu pequeno grupo de amigos.

Conviver com ele era sinônimo de morte? Estava começando a pensar que sim.

Amava seus amigos, mas se fosse o causador dessa dor toda, precisaria se afastar, e só a ideia doía demais.

Passou tantos dias chorando, que se perguntou se aquilo era humanamente possível.

Começou a ouvir dos colegas de classe que era afeminado demais, que homens não choram, e pior foi ouvir dos que considerava como amigos.

Apenas Min Yoongi, o encrenqueiro repetente, conseguiu ser paciente com os altos e baixos do mais novo.

Até a adolescente permaneceram juntos, se ajudando e apoiando. Principalmente Jeongguk, que frequentemente tinha momentos em que se sentia deprimido o suficiente para nem levantar da cama.

Yoongi, mesmo sendo leigo no assunto, percebeu logo do que se tratava e procurou na internet as melhores formas de ajudar o amigo, mesmo sabendo que só um acompanhamento médico o deixaria cem porcento.

Quando receberam juntos, a carta de admissão para a Universidade Nacional de Seul, comemoraram feito loucos.

Depois de quase um ano estando lá dentro, veio a primeira tentativa.

Por dividirem um apartamento próximo a faculdade, Yoongi sabia dos horários onde o encontraria no campus e na cafeteria onde tinha arranjado um trabalho de meio período. Entretanto, ele não estava em nenhum deles.

Ligou preocupado e não obteve respostas, então se apressou para chegar no prédio onde moravam.

Parecia tudo muito calmo e tranquilo se não fossem os sons de choro vindos do lavabo. Forçou a maçaneta abrindo a porta, revelando um Jeon todo amarrotado encolhido no chão frio e gelado com diferentes frascos de remédios vazios.

Tudo aconteceu muito rápido. Yoongi ligou para o socorro e tentou manter Jeongguk acordado. Apavorado viu os médicos socorristas pegarem o corpo mole e pesado do amigo e seus olhos fecharem.

Jeongguk ficou horas no soro até o efeito das drogas saíssem de seu corpo. Quando acordou ouviu o baixinho que nem era tão religioso assim agradecer a Deus por ter sido apenas um susto.

Nesse mesmo dia, se convenceu de que sozinho não aguentava mais. Começaria o acompanhamento psicológico.


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sejam muito bem vindos a 'Agora eu sei porque ele te amava'!

espero que vocês gostem tanto dessa história quanto eu tô gostando de escrever.

capítulo betado pela mulletdoteteco !

vejo vocês em breve.

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