C H 3 R R Y

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— Eu disse que esperaria ele. — um suspiro cansado escapou dos lábios bem desenhados do garoto. — Mas ele disse que não tinha como ir contra os pais.

— Achei vocês haviam transado, isso não basta para você?

Grunhiu ao ouvir aquilo, soltando as diversas caixas que carregava para lá e para cá. Mirou um olhar tristonho ao seu amigo que estava parado, apoiado na parede, um pé no chão e outro no concreto. Sentiu o peito apertar e então já segurava as lágrimas que eram descontroladas quando se tratava dele.

— Já te disse para não chorar. — a repreensão veio em um tom rude, mas o olhar preocupado não enganava Jungkook. — Você não deveria chorar por homem.

Assentiu, virando o corpo dando as costas para o mais velho, as mãos subindo até as orelhas avermelhadas, as segurando com força. Sorriu, sem emoção, e então quando o cheiro forte de cereja com um toque cítrico inundou seus sentidos, desabou. Abrindo a boca deixando a respiração presa escapar, em seguida de soluços junto com lágrimas. Ouviu um palavrão escapar pela boca de Hoseok, que andou rapidamente até o ômega, o abraçando por trás forçando seus feromônios para tentar acalmar o menino.

— É proibido se envolver com sentimentos, certo? — perguntou, retoricamente. Não esperou Hoseok falar nada, tendo a visão dele por trás do amigo. Segurava caixas parecidas com as suas, trajava uma bermuda e regata preta. Mesmo sendo da elite, ajudava sempre que podia. Estava longe deles, os pesos em suas mãos pareciam nada. — Eu sabia disso, hyung. Mesmo quando me deixei acreditar naquelas palavras vazias.

[...]

Sentia-se inferior mais que nunca, naquela noite onde diversas damas e cavalheiros vagavam pelo salão de festa. Diversos ômegas, alfas e betas, os mais belos de todas as classes. Segurou na barra da blusa azul, sentindo o tecido fraco, não que importasse para ele, mas os olhos julgadores dos que eram superior o deixava inseguro, irritado por hora. 

Ali não era o lugar de Jungkook, o ômega infértil, o único ômega que não poderia gerar filhotes em toda cidade. 

E também um ômega pobre que havia se apaixonado pelo filho do prefeito. 

Burro, era isso que sempre foi. Estúpido. Se apaixonar por um homem de classe alta, um dos alfas mais desejados da cidade, e pior, "prometido" a cinco ômegas diferentes. Tinha que dar herdeiros, procriar até que tivesse o filho perfeito. Jimin teria que dar filhos a quantas ômegas fosse, seu pai só diria acabou quando o filhote adequado nascesse. As outras crianças, seriam jogadas em um lar para jovens sem pais. Criados na sujeira, com falta de água e comida, colchões duros e o fedor de lixo por cada canto do lugar. 

Jungkook sabia o que era aquilo, afinal ele que deveria estar ali, no meio de tantas mulheres e homens o olhando como se fosse um pedaço de carne, esperando o momento exato para atacar. De longe avistou ele, o homem que havia lhe dado a vida, com roupas lindas, feitas dos mais caros do tecidos, importado, claro. Ao seu lado, seu marido e ela. Jeon Jiwoo.

Os cabelos pretos mais brilhantes que qualquer lantejoula presente no vestido preto, com um decote elegante, os saltos da mesma cor a deixava com uma postura impecável. Jungkook olhou para os próprios pés, vendo seus tênis desgastados. Merda.

Perguntou-se mais uma vez: seria feliz se estivesse ali, no lugar dela? 

Nunca saberia, seu destino era carregar caixas com frutas e verduras, não ir em bailes, procurar por um parceiro ou apenas dançar. Se xingou, completamente arrependido por ter aceitado o convite de Jung. Que lhe convenceu com um argumento bobo de que a festa era liberada para todas as classes, tanto lupina quanto social. Deveria ser uma piada, visto que não via ninguém como ele.

Cherry Juice | jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora