Eu gosto de você

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Kyoomi abraça seu próprio corpo enquanto chora compulsivamente deitado em sua cama. Uma semana já faz que suas crises andam ficando mais fortes e sua crise ataca a cada segundo. Ele olha para todos os lados de seu quarto e vê sujeira, uma sujeira que o irá consumir e o fazer ficar doente novamente. Tem nojo de tudo ao seu redor, até mesmo dele mesmo e suas lágrimas que molham o travesseiro branco.

Precisa de ajuda mas seu primo não está na cidade e seus amigos estão com problemas mais importantes para cuidar do que aturar uma crise boba. Pensou em ligar para Atsumu, mas sabe que apenas gritaria com o mesmo e isso o deixaria triste e magoado. Abraça seu corpo desejando que toda sujeira que passa por seus olhos suma, e para não ver nada cobre seu rosto com a coberta e pede em sussuros que tudo acabe. Que essa fobia acabe; que o pânico acabe.

Sente vontade de vomitar e sua cabeça parece ter ido dar uma volta em um carrossel infinito. Suas mãos se esfregam uma na outra, como se, de alguma forma fosse afastar todo o medo de sua mente. Nesse ponto seus dedos já se encontram machucados igualmente na palma que até mesmo sangra. Chora pela dor em suas mão, mas chora ainda mais pelo pânico que não tem ideia de como controlar.

Ficou horas deitado, apenas se escondendo dele mesmo, do mundo que criou como defesa. Apenas saiu das cobertas no dia seguinte para tomar banho e ali se esfregou tanto que sua pele em algumas partes do corpo ficou esfolada e dolorida. Fez o mesmo na hora de se secar e escovar os dentes, deixando a gengiva sensível e com o leve gosto de sangue na boca. Não teve coragem de ir até a cozinha e enfrentar os germes que seria obrigado a limpar, então apenas voltou a se deitar, aceitando que não comeria esse dia e nem mesmo comeu no anterior. Horas se passaram e apenas continuou deitado chorando e desejando que o dia seguinte viesse, pois assim seria obrigado a enfrentar tudo para ir treinar.

Seu corpo já grita apenas em pensar em divir uma bola cheia de toques de outras pessoas. Não quer ir mas o campeonato está chegando e precisa treinar o máximo que puder, afinal é isso que faz da vida. Abraça o travesseiro ao seu lado e se entrega ao cansaço de dois dias horríveis, tendo apenas cinco horas de sono antes de sua rotina cansativa novamente se iniciar.

|→🥀←|

Em frente ao ginásio Sakusa olha tudo em volta, percebe que foi o primeiro a chegar e que assim terá mais tempo para se acostumar com a ideia de treinar com os amigos e colegas de time.

Não tardando mais ainda o inevitável, segue caminho adentro do ginásio e vê que não é o único ali dentro, estranhando, já que é uma hora antes do horário que todo o time combinou. Caminha até um extremo do quadra e coloca sua mochila e garrafa de água ali sabendo que ninguém deixará seus pertences perto de suas coisas.

Da porta do vestiário sai Atsumu, com uma regata branca e uma bermuda preta com duas listras douradas na vertical. Tenta sorrir ao velo, queria um de seus abraços mas só em pensar na quantidade de sujeira que tinha em seu corpo, sente um arrepio. Sua máscara com tripla camada o sufoca um pouco mas não é nem louco de a tirar, muito menos suas luvas, que se retiradas todos iriam ver os machucados em suas mãos e não quer nenhuma bronca por isso.

- Omi-chan! - Se aproxima o levantador sorrindo - Você chegou cedo hoje.

- Fiquei pronto mais cedo.

- Fico feliz de passar mais tempo com você. - Falou se sentando no chão e abraçando os joelhos, pedindo que o cacheado se sentasse ao seu lado - Eu limpei tudo agora pouco, se você reparar tem até o cheirinho de limpeza.

E é verdade, o cheiro de lavanda infesta a quadra e até mesmo a rede se encontra sem as marcas pretas de sujeira do último treino. Kyoomi sente seus olhos brilharem e seu coração se acalmar. Atsumu o salvou de um colapso sem nem mesmo saber, e isso, de certa forma, conseguiu acalmar todo o medo de seu final de semana e início de semana.

Por favor Omi-chanOnde histórias criam vida. Descubra agora