A mão de Sarah se fechou ao redor do meu pulso e segurou firme, puxando com toda sua força, mas ouço a pedra raspando sob seus sapatos quando a tensão entre nós repentinamente se afrouxa. Eu gritei quando ela caiu comigo no buraco negro e tentei achar alguma coisa para apartar nossa queda, mas não havia nada.
Minhas costas encontraram algo sólido e uma dor se espalhou pelo meu ombro. Sarah aterrissou bem ao meu lado, com os braços cruzados para proteger a cabeça.
Quando tentei me sentar, meu braço estava rígido demais para me mexer. O que eu estava pensando, pisando em uma pedra antiga em um templo estranho?
-Oh, isso realmente dói - resmunguei com uma careta e rapidamente Sarah se aproximou de mim.
-Onde dói? - ela questionou, limpando a sujeira das mãos e seus olhos se estreitaram em preocupação quando me olhou.
-Meu ombro está latejando e meu braço não quer se mexer - resmunguei novamente. Eu tinha que começar a ser menos desastrada.
-Provavelmente está deslocado - Sarah explicou, ainda com o cenho franzido em preocupação - mas eu posso consertar isso. Deixe-me dar uma olhada mais de perto.
Colocando-se de joelho, a loira segurou meu braço no cotovelo e no pulso, franzindo mais a testa quando eu estremeci.
-Vou ter que colocar isso de volta no lugar, Juliette - ela informou e eu arregalei os olhos.
-Na verdade, eu menti, não está doendo - tentei me afastar e fiz uma careta quando a dor piorou. Sarah me deu um olhar cético e eu soube que ela não acreditou em nada do que disse.
-É isso agora ou cirurgia depois e estamos um pouco mal de equipamento no momento - ela explicou.
-Vai doer? - perguntei, me sentindo como uma criancinha assustada.
-Sim - ela respondeu breve. Pelo menos ela é honesta - Olhe nos meus olhos e respire fundo. Apenas se concentre na sua respiração por um momento.
Sua expressão era perfeitamente calma, algo para me ancorar enquanto eu inalava lentamente, me concentrando no ar enchendo meus pulmões em vez da profunda dor no meu ombro.
-Na contagem de três - Sarah falou e eu assenti - um... - no segundo em que expirei, houve um puxão ao longo do meu braço, enviando uma dor quase insuportável através dele e eu senti meu ombro voltando ao lugar. Logo em seguida, o pico de dor desapareceu tão rapidamente quanto veio.
-Ai meu Deus! Você disse no três - indaguei, ofegante.
-Doutora, não Deus - ela falou, com um sorrisinho de lado - mas eu menti, você parece o tipo que iria recuar no final da contagem.
-Isso não é justo - resmunguei, fechando a cara e seu sorriso aumentou um pouco.
-Se sente melhor? - Sarah perguntou, o sorriso dando lugar a expressão séria novamente e eu assenti.
-Hey - a voz de Gil chamou nossa atenção e eu olhei pra cima, pro buraco de onde caímos - vocês duas estão bem aí embaixo? Ouvimos gritos.
-Estamos bem, apenas algumas pequenas feridas - Sarah respondeu, também olhando pra cima - parece que caímos em outra sala, provavelmente há uma saída.
-Apenas fique aí, okay? Eu enviei Camila para encontrar algo para usar como corda para que possamos tirá-las daí - Gil informou.
-Contanto que ela não envie aquele drone aqui embaixo - a loira falou com uma careta.
A atenção de Sarah voltou para mim, sua expressão se fechando, e eu me perguntei por um segundo se consegui fazer algo terrivelmente errado nos últimos dez segundos.
-Juliette, você está sangrando - ela falou.
-O que? - perguntei, confusa. Olhei para as minhas mãos, que estavam sujas, mas ilesas. Só quando olhei para baixo que vi o profundo arranhão ao longo do exterior da minha coxa, sangue manchando a bainha da minha saia. Assim que meus olhos pararam no arranhão, ele começou a doer e eu retenho um gemido. Primeiro a cabeça, depois o ombro e agora é isso, uma coisa atrás da outra.
-Fique parada - Sarah pediu e, apesar de suas palavras, eu quase pulei quando ela levantou minha saia pelas minhas pernas, inclinando-se para examinar o corte. Senti o rubor correr pelo meu rosto, permanecendo ali enquanto seus dedos passam pela minha pele de uma maneira firme, mas gentil. Mesmo quando ela não está olhando diretamente para mim, seu olhar é intenso.
Sarah se afastou apenas para arrancar uma longa tira do final da sua camisa e começou a enrolar lentamente em volta da minha coxa, como uma bandagem. Seu rosto ficou muito próximo ao meu quando ela amarrou as pontas em um nó apertado.
-Você não precisava... - minha voz saiu em um sussurro, ainda estava perdida na nossa proximidade.
-É só uma blusa - Sarah respondeu, dando de ombros e olhando nos meus olhos. Senti meu coração bater mais rápido e engoli em seco.
-Hey, vocês duas ainda estão vivas aí embaixo? - a voz de Arthur me tirou do transe.
-Não, Arthur, um jacaré veio e nos comeu, somos pobres espíritos agora - falei sarcasticamente e pude ver um rápido sorriso cruzar o rosto de Sarah.
-Segurem o outro lado - ouvi a voz do Gil e logo depois uma espessa videira se desenrolou no buraco, caindo ao nosso lado.
Sarah me ofereceu uma mão para me ajudar a ficar em pé e com cuidado ela me ajudou a me equilibrar na minha perna boa, segurando firmemente minha cintura. Senti minhas bochechas esquentando novamente e evitei olhar para ela. Ela deve pensar que eu sou uma inútil nesse ponto.
-Vou amarrar isso ao nosso redor para não cairmos - ela informou, segurando a videira, ainda sem soltar minha cintura.
-Isso vai funcionar? - questionei com medo dela se romper no meio do caminho e nós cairmos de novo.
-Você vai destruir seu ombros uma segunda vez se tentar segurar apenas com a mão - ela rebateu, ríspida e eu resolvi ficar calada.
Levou poucos minutos para ela nos amarrar na videira com laços e nós, me deixando impressionada com a aparência estável. Assim que estavamos seguras, Sarah deu um puxão duro na videira para garantir que ela não se soltasse e depois abraçou mais firmemente minha cintura.
-Gil ,estamos prontas - ela gritou.
Prendi a respiração quando fomos içadas no ar e, com a nossa diferença de altura, escondi o rosto na curva do pescoço de Sarah, agarrando ela como se minha vida dependesse disso.
Mas, apesar de alguns rangidos ameaçadores da videira, eles conseguiram nos levar até o topo. Eu só me afastei quando Gil se aproximou e começou a soltar os nós que Sarah fez.
-Você está bem, Sarah? - ele perguntou depois de desfazer todos os nós e ela soltou minha cintura.
-Estou bem, Juliette é que se machucou - ela informou, olhando pra mim, assim como todos os outros.
-Estou bem - disse rapidamente - quer dizer, a parte do ombro doeu e estou um pouco tonta agora, mas...
E então foi como se toda a adrenalina fosse embora e toda a dor voltasse com tudo. O mundo começou a girar e eu senti minhas pernas fraquejarem, caindo logo em seguida antes que qualquer um me alcançasse.
Enquanto minha visão começava a escurecer, eu vi Sarah debruçada sobre mim novamente, mas sua voz soava como se estivesse debaixo d'água.
-Juliette, olhe pra mim, fique consciente - escutei ela pedir e tentei lutar contra a escuridão - Juliette...
E então, tudo ficou escuro novamente.
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Castaway - A Aventura do Amor
RomanceJuliette é uma jornalista que estava escrevendo uma matéria sobre o novo navio de cruzeiro Diaz, quando uma tempestade atinge a tripulação. A mulher naufraga em uma ilha mágica junto a outras cinco pessoas. Sarah é uma médica fria e direta por fora...