CAPÍTULO 2 - Irlanda

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Aindam

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Aindam

Porra! Eu sabia que ela era forte, mas isso? Ela não somente rechaçou minha influência como simplesmente me expulsou de sua mente como se eu fosse a merda de um inseto.

Deixo o sofá e caminho para o bar. Uma bebida agora é todo consolo que posso ter.

— Um uísque, por favor. — Peço ao barman.

Ele traz a minha bebida e olho pela boate em busca de Helóy. Ainda não tive tempo de verificar esse lugar, mas sei que o dono tem uns joguetes sujos com a polícia, porém suponho que terei que parar com a tática de tentar faze-la perder o controle, tirando seus empregos. Primeiro porque não tem surtido efeito e segundo que, toda vez que lhe tiro um emprego, ela arranja um pior, qual será o próximo? Puta? Já tenho coisas demais em minha consciência para também ter que lidar com isso.

Não sei quando que criei essa obsessão por vê-la usando seus poderes, mas sei que desde pus os olhos na maldita divindade da terra servindo mesas, fiquei revoltado e talvez... um pouco obcecado. Todos do nosso tipo sabe reconhecer uns aos outros. Ela não foi a primeira que tomei conhecimento nos meus quarenta anos, mas tentei ao máximo me afastar deles.

Agora essa, eu não consegui deixar para lá. Pode ser falta de desafios na vida talvez, mas não me desce o fato de alguém com tanto poder que nem ela, viver tão na merda.

Olho para o barman novamente e tento pescar algumas informações enquanto decido o que fazer.

— Me dê outro. — Dou uma breve averiguada no jovem, fácil, fácil, esse tem a mente mais aberta que um bebê — Diga-me... Aquela dançarina dos olhos exóticos e cabelos longos escuros. Ela dança aqui há muito tempo? — O incito a falar e envio-lhe uma leve compulsão para não perder tempo com parcas resistências.

O olhar dele brilha com malícia ao se dar conta de quem eu falo. Ah! Entendo bem o que ele sente, pois, por mais que eu odeie admitir, aquela mulher realmente parece divina.

Com o corpo mais feminino e cheios nos lugares certos que já vi ela já seria um problema, mas ainda tem a porra do rosto. Que olhos são aqueles? Eles têm um tom âmbar tão claros que parecem às vezes, dourados. Cílios longos e escuros, maçãs do rosto proeminentes e lábios que parecem desenhados. Seria bem mais fácil perturba-la, se fosse feia.

— Ah! A Helóy — as bochechas do rapaz ficam vermelhas. Saco. — Não sei se devia conversar sobre uma das meninas, mas... acho que não tem problema — Ele olha para os lados e se inclina um pouco parecendo conspiratório. Garoto idiota. — Ela dança aqui tem uns três meses e já pode imaginar como aumenta o público por aqui não é... — Ele dá uma risada irritante e volta a falar — Helóy é bem legal para falar a verdade, sempre ajuda quando precisamos e vira e meche a vejo carregando um animal doente por aí — Ele suspira, saudoso — Para ser sincero, ela é o tipo de garota que dá vontade de se aconchegar... — Ele divaga e fica vermelho — Deus, me desculpe senhor, nem sempre sou tão língua solta! — Ele murmura mais uma desculpa e vai atender outro cliente.

Olho para meu copo refletindo sobre as palavras do jovem. Coitado. Acredito que minha compulsão tenha sido um pouco mais invasiva do que deveria. Bom, esse é um problema dele. Tenho um maior para tratar. Pensando sobre, era esperado que ela tivesse esse magnetismo sobre as pessoas, afinal ela deveria ser a mãe terra. Deveria.

Uma coisa já está clara, ao menos. Tenho que parar com esse jogo de gato e rato, pois pelo que vi hoje, quem pode acabar virando um rato e um bem fodido, sou eu. É melhor tê-la como amiga.

Sinto-a se aproximar e já decido o que tenho que fazer. Ela escorrega para o banco ao meu lado sem sequer me dirigir o olhar.

— Vini! — ela cumprimenta o barman com um sorriso meigo — Poderia me arranjar uma garrafinha de água? — Ela pergunta enquanto avalia o movimento do bar.

Quando parece satisfeita com a água e com o pouco movimento ao nosso redor, ela me olha tranquila.

— Então Aindam... — ela começa — Espero que aquilo, lá no palco tenha sido o suficiente, pois se tem algo que odeio é me meter em brigas estúpidas. — despeja sem rodeios.

Fico olhando para ela me demorando de propósito. Tenho a impressão que isso a incomoda. Ela trocou o fio dental por jeans e regata. Não sei se fico feliz ou irritado.

— Sim, foi o suficiente. — Digo pausadamente, enquanto olho meu copo já vazio. Sei reconhecer uma batalha perdida. — Mas tenho que perguntar, porque alguém como você não usa o que tem em benefício próprio?

Ela me olha e dá um charmoso sorriso, sem jeito.

— Estou usando! — Helóy espalma as mãos em direção a si mesma.

Olho para suas curvas. Sim um belo corpo, mas esse truque de trocar de assunto não rola comigo.

— Não isso, você sabe o que quero dizer. — Arqueio uma sobrancelha.

Ela suspira e passas as mãos nos cabelos.

— Usar o que tenho agora, seria o mesmo que usar uma katana para perfurar uma mísera ervilha. — ela sorri derrotada — Só causaria mais danos, do que benefícios.

A olho surpreso quando entendo que, apesar de a metáfora ser bem ruim, até que faz sentido. Muito poder e pouco controle. Que rixa estúpida eu me meti!

Tiro um cartão do bolso e ponho na sua frente.

— Tenho uns contatos que podem lhe arrumar um emprego bem melhor do que esse. — Digo já me levantando — Ligue-me quando estiver interessada.

— Não preciso de sua ajuda. — Ela retruca tranquila, mas seus olhos se semicerram.

Respiro fundo e esfrego os olhos já cansado, nunca tenho que tentar convencer alguém mais de uma vez. É bem irritante.

— Olhe, eu não tenho tempo para essa besteira toda de orgulho. —  fito seus olhos — Pense em um emprego em que você possa se manter com tranquilidade e que ainda possa manter as roupas e me ligue quando recobrar o juízo.

Saio andando, antes que eu tente esganar esse lindo pescoço.

Fonte InerteOnde histórias criam vida. Descubra agora