Agente se vê na próxima estação II Foste o (a) único(a)

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William largou tudo, deixou a sua querida Vila de Viana, a cidade que ele tanto amava e jurará que nunca a deixaria por nada.
Chegou na estação a onde havia se despedindo de Sheyla, dissidido a encontrá-la, pegou o trem da cidade de Lubango, para onde ela havia ido. Posto lá, após ter batido de porta em porta, pessoas, por pessoas, perguntando por ela:
— Oi, vocês viram essa moça por aqui? — Perguntava ele todo desesperado mostrando a foto de Sheyla, que ele havia tirado por impulso do momento, em um dos vários momentos doces que tiveram, em curto tempo. Momentos, esses que foram suficientes para fazer o playboy andar em voltas procurando por aquela que séria só mais um caso de curtição em sua vida.
— Não, não a vimos não. — Respondiam as pessoas, que já estavam achando-lhe de louco.
— Senhor veja outra vez, por favor… Veja bem, moça… Tem certeza que não há viu, veja de novo por favor. — Dizia ele para as pessoas, até com o tom de voz mais áspero ao mesmo tempo mostrando desespero.
— A vi sim. — Respondeu um velho. — Que veio reacender as velas de suas esperanças que já estavam se acabando.
— A onde há viu? Diz-me por favor. — Perguntou pegando o ombro do velhote.
— Ela esteve aqui no hotel de lado, ficou alguns dias, mas já se foi. — Respondeu o velhote.
— Para onde ela foi? — Perguntou novamente, entrando novamente em desespero.
— Não sei ao certo. — Respondeu o velhote, achando-lhe de louco.
Foi correndo desesperadamente até a estação perguntando pelo registo de viagem, que mostrava que ela foi para Huíla. Pagou a passagem imediatamente e partiu para lá, em busca daquela que ele passou amar com todas as suas forças, mesmo sem querer. Já há teve, pois a vida generosamente trouce ela para junto dele, mas ele a deixará ir.
Chegando lá, ficou novamente perguntando, e as respostas eram quase sempre as mesmas: — Não vi não! Não sei não moço. — Falavam eles se sentido incomodados pelas suas insistências e até certa arrogância.
— Ela esteve por aqui, mas já se foi. — Diziam outros, indicando-lhe novos locais para procurar.
William andou em mais de oito cidades e nada dela, as respostas continuavam a ser as mesmas: — “Ela esteve aqui, mas já se foi, não demorou muito”.
Essas respostas não a surpreendiam, porque afinal estava a se falar da Sheyla, uma mulher que tem pavor de ficar no mesmo lugar por muito tempo, que leva a vida com diversão, gosta de se sentir livre, nada de se aprisionar em grandes compromissos com cidades e muito menos com homens. Ela detestava criar fortes laços com qualquer coisa que seja, principalmente com homens.
William sabia disso desde o dia que a encontrou, no parque da Vila de Viana, quando ela chegara de sua viagem. Desde já ela deixou claro que estava de passagem e William deixou também claro que não é de se amarrar em nenhuma mulher, que tudo que ele queria era satisfazer-se e nada mais. Mas Sheyla quebrou essa norma nele e sem se dar por si, lá estava ele a procurar de cidade em cidade a mulher que ele despedira na estação de trem a meses.
Finalmente a encontrou em Maputo em um bar:
— Conheço ela. Se quiser a encontrar, vai ao bar aí ao lado, ela está sempre nesse bar todos os dias desde que aqui chegou a quatro dias. — Respondeu um jovem, após o ter perguntando, dando-lhe uma *gasosa.
Ele encontra-se nervoso, não sabe como ela irá reagir, quando lhe ver, pós ele sabe que ao procura-la estava a quebrar o acordo que ele mesmo impôs logo no princípio, claramente: — “Proibido criar laços de amor, isso não passa de uma curtição e nada mais que isso. — Dizia com cara de playboy”.
— “Não te preocupes querido, não sou de me agarrar a ninguém, só estou mesmo de passagem”. ― Respondeu descontraidamente, mostrando que era dona de si e de suas palavras.
Lá entrou ele ao bar e aí estava ela, linda como da última vez que a contemplou, começa se aproximando lentamente.
— Moço, uma bebida muito forte. — Pediu ela.
— Duas bebidas, faz favor. — Contradizeu ele, sentando-se em seguida na cadeira que estava perto dela.
Ela ficou atônita por alguns segundos quando acabou de ouvir aquela voz, o seu coração bateu forte, sentiu um calafrio em todo o seu corpo, em fracção de segundos mil pensamentos passaram em sua cabeça, mas o que mais se ressaltou foi: — Tá louca Sheyla? Estás tão doida de paixão que até já estás a ouvir a voz dele em todos os lugares. — Resmungou contra ela mesma. Ela queria virar a sua cabeça, mas não o fez, por medo de ter mais outra desilusão, pós já acontecerá cenas semelhantes em outros lugares por onde passara.
Mas teve mesmo que virar quando sentiu alguém falando directamente para ela, segurando fortemente em seu braço esquerdo:
— És muito difícil de ser achada. — Falou com um sorriso no rosto.
Ela virou-se e viu aquele que ela mais queria ver durante esse tempo.
— William!!! O que fazes aqui? — Perguntou enquanto esperava uma resposta que a envolvesse.
— Ando a sua procura durante esse tempo todo. — Respondeu olhando nos seus olhos seriamente.
— A minha procura? — Fingiu estar perplexa, enquanto no fundo era exactamente isso que ela queria ouvir.
— Sim a sua procura. — Confirmou, enquanto a puxou para perto de si, segurando forte em seu braço. Em seguida continuou com ela já mais pertinho dele:
— Sheyla, depois da aquela despedida na estação de trem minha vida nunca mais foi a mesma. Você se foi, ao mesmo tempo ficaste em mim. Vejo-a em meu apartamento sempre. Outras meninas me desprezam porque chamo o seu nome quando estou com elas. — Essas suas palavras deixaram Sheyla sem jeito nenhum, que não consegui dizer nenhuma palavra.
— Sheyla, depois de você nunca mais consegui envolver-me com alguém, nunca mais tive prazer com outro alguém, você foi a única que me fez sair da minha cidade. Procurei-te de cidade em cidades, agora que à encontrei não deixárei-la ir. — Continuava ele, enquanto ela permanecia calada, admirando a sinceridade que ela via em seus olhos e ouvia ao mesmo tempo nas suas palavras. Lacrimações já eram notórias em seus olhos enquanto ouvia essas palavras.
Por incrível que pareça, ela também estava sentindo o mesmo. Tocou em seu rosto, disse em seguida:
— Depois de você na minha vida, já não ouve homem algum. Alguns até vieram, mas ninguém me fez esquecer você, ninguém fez como você, ninguém superou você. — Falava ela enquanto as suas mãos acariciavam o seu rosto.
— Quando me despedi de você no trem, queria ficar, estava a espera que me pedisses para ficar, mas não o fizeste e tive que ver o trem a partir e você ficar. A princípio pensei que estava a ir rumo a liberdade, em busca da felicidade, passando em cidade em cidade. Cada vez que o trem se afastava da paragem o meu coração está consternado.
Cada vez que me afastava de você, a saudade se aproximava de mim. Andei de cidade em cidades, conheci lugares, mas acabei terminando em bares durante esses noves meses desde o nosso adeus, com cerveja em mãos implorando para que o universo o trouxesse de volta ou que me fizesse a condescendência de me levar até você. E não é que ele concedeu-me mesmo o meu desejo. — Terminou ela com sorriso no rosto.
Se abraçaram e foram juntos até a estação, para pegar um novo trem e começarem a viajar juntos pela vida.

*Gasosa: dinheiro dado, alguém como pagamento, suborno ou mesmo que gorjeta.

Beijo Roubado ou Pedido?Onde histórias criam vida. Descubra agora