Capítulo 3

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Os dias seguintes trouxeram os preparativos iniciais para o festival escolar. Os que atuariam na peça ficavam na sala para praticar e ensaiar as falas em grupos, enquanto o restante da turma cuidava das tarefas referentes aos bastidores nas salas próximas ao auditório.

O ruivo procurava não pensar muito sobre o momento que ele e Langa tiveram no terraço da Dope enquanto praticavam a cena do baile. Considerou aquilo apenas como uma curiosidade passageira.

Langa por sua vez, também não havia feito nenhum comentário sobre isso, a que Reki ficava grato. Seria muito estranho para a amizade deles ter que lidar com esse tipo de momento constrangedor.

Mas deixando tudo isso de lado, uma coisa Reki tinha que admitir, os ensaios com a turma estavam sendo divertidos; dois colegas pareciam estar levando o papel de irmãs malvadas bem a sério, tanto que as cenas dos dois discutindo entre sim eram sempre as mais legais e engraçadas.

A sala não era muito espaçosa para atuação, mas ali era possível realizar as primeiras leituras do roteiro, inclusive Reki e Langa tiveram permissão para levar os skates para a sala para a realização das cenas em que Imai tinha adicionado o skate.

Quando Langa começou a recitar suas falas como príncipe, Reki percebeu que o amigo estava dando o seu melhor com esse papel, tanto que as reações exageradas das garotas ao redor era um grande indicativo. Quando usaram os skates para algumas manobras e ollies simples, todos os colegas ao redor ficaram animados com as habilidades que eles demonstraram.

Ao concluírem o primeiro ensaio, todas as garotas que estavam na sala foram cumprimentar Langa pela performance e como ele com certeza seria um príncipe perfeito e outros comentários semelhantes.

De onde estava Reki conseguia perceber como o amigo desejava sair dali, o horário do intervalo estava quase chegando e o canadense só desejava sair para comer. Contudo, Reki não tinha ideia de como resgatar Langa daquela onda de garotas.

— Hasegawa-san, mal posso esperar para ver como você ficará vestido de príncipe — alegrou-se uma das garotas que giravam ao redor de Langa.

— Aposto que ele ficará bem mais bonito do que qualquer modelo.

— Aí como eu gostaria de ser sua Cinderela — lamentou outra.

Reki já estava começando a sentir pena do amigo. Toda aquela atenção indesejada deveria ser bem difícil para o canadense lidar. Ainda mais que a falta de tato do Langa poderia deixá-lo com problemas. O ruivo já estava pronto para tentar ajudar o amigo, mas por sorte, ou azar, os dois foram chamados por alguns colegas para tirar as medidas para os figurinos.

Langa ficou mais do que aliviado em poder sair da sala e escapar das colegas. Enquanto saía da sala, Reki já foi capaz de ouvir o ronco do estômago do amigo.

— Você é mesmo um saco sem fundo Langa — riu o ruivo.

— É que já está quase na hora do almoço.

— A gente vai tirar as medidas depois a gente pode fazer uma pausa para almoçar — ele envolveu o braço ao redor dos ombros de Langa, que parecia mais aliviado com a perspectiva de comer logo.

Ao chegar na sala do clube de moda, que era usada pelo pessoal responsável pelos figurinos das peças, os dois garotos se sentiram em meio de um forte furacão. A sala parecia ter sido revirada de cabeça para baixo. Tinha papeis e pedaços de tecidos colados nas paredes, as mesas estavam lotadas com desenhos e materiais de costura; os alunos corriam de um lado para o outro carregando caixas, colegas estavam diante de grandes espelhos, com as primeiras partes do figurino sendo preparados, manequins com peças incompletas, era um caos organizado ao que parecia. Mas ainda com um ritmo frenético.

Um Conto de Fadas RadicalOnde histórias criam vida. Descubra agora