stuck with you • one shot mcshel

Stuck with you

Piper

   Meu dia começou ótimo, claro; um emprego dos sonhos como fotógrafa na minha revista favorita? Quem não gostaria desse trabalho. Mas ele é um saco quando seu chefe é um idiota, arrogante, homofóbico, racista... tenho que continuar?

   Eu passei o final de semana inteiro fora, tirando essas fotos da modelo Annabeth Chase, e elas ficaram perfeitas, mas o meu chefe gostou? Claro que não. Ele as rasgou bem na minha frente! Obviamente eu tenho elas no computador, mas isso foi quase como ele socar a minha cara. E todas as vezes é assim, ele diz que não posso "dar o meu toque" nas sessões, eu tenho que tirar as fotos do jeito que ele quer, e sinceramente "o meu toque" é muito melhor do que o jeito dele. Até es modelos dizem isso!

   Após passar o dia todo procurando por opções das fotos que estavam do jeito dele, finalmente meu expediente acabou, mas nada é tão ruim que não possa piorar, certo?

   Uma chuva torrencial começa a cair assim que fecho a porta do meu carro. Após muita dificuldade eu consigo chegar ao meu prédio. Mas hoje a sorte não está ao meu favor.

   Entro no elevador, sozinha, e antes que a porta se feche, alguém vem correndo e entra também. A pessoa está encharcada, literalmente pingando no chão, seus cabelos escuros curtos estão grudados no rosto e os vários brincos e o piercing do nariz estão brilhando com a água.

   Ela tira o cabelo do rosto e abre um sorriso, então vejo quem é: minha vizinha do andar de cima, Shel. Eu forço um sorriso falso para ela e volto minha atenção para meus pés.

   As portas se fecham e o elevador começa a subir, moro no 11º andar então não é tão rápido, mas não vou bater papo com a vizinha.

   Não tenho nada contra ela... mas a verdade é que tenho. Ela sempre faz barulho às 2h da manhã, pulando ou sei lá o que, e acaba me acordando, e ela escuta uns rocks no máximo volume o dia inteiro, e todas as vezes que liguei para pedir para ela abaixar ela simplesmente me ignorou.

   Quando o elevador está no 10° andar, ele para com um baque, eu me seguro nos cantos e Shel olha para a telinha do número, nada. As luzes então se apagam e uma luz de emergência amarela fraca acende.

   -Ah não, não não não - eu reclamo, e começo a bater na porta do elevador - Socorro!!! Tem gente aqui!!

   Eu olho para todos os lados, toco todos os botões, nada, nem o botão de emergência. Em algum lugar distante eu escuto um trovão alto, e então a luz de emergência também se apaga.

   -Ótimo - eu reclamo para os céus - Maravilhoso! Meu dia tá cada vez melhor.

   Eu chuto uma das paredes do elevador, o que me causa uma dor enorme, mas finjo que está tudo bem e manco discretamente até um canto do elevador, me apoiando lá e cruzando os braços. Shel está parada no outro canto, quieta, me olhando.

   -Você não tá nem um pouco preocupada? - Eu pergunto

   Ela abre um sorriso que, se eu não a odiasse tanto, acharia até charmoso.

   -Claro que tô, meu gato tá sozinho em casa nessa chuva, ele morre de medo de trovão. - Ela diz calmamente, mais como um deboche.

   Eu apenas balanço a cabeça em resposta e pego o celular, sem sinal. Guardo-o no bolso e me sento no chão, dobrando os joelhos até o peito.

   Shel também se senta e cruza as pernas uma em cima da outra. Ela dá uma bagunçada no próprio cabelo que espirra um pouco de água, depois se apoia na parede do elevador e liga a lanterna do celular, o apoiando no chão entre nós e criando uma pequena iluminação.