One More Scene

Parte II

Se tornou uma verdadeira missão impossível continuar com o joguinho dela. Era isso afinal de contas, não é? Apenas um jogo. Dakota é comprometida. Não há nenhuma razão para que ela o encurralasse daquela forma e depois o descartasse como ela vinha fazendo, se não um simples e torturante jogo de resistência. Como que ela conseguia agir como se fossem velhos parceiros de trabalho se a algumas noites atrás ela estava com a boca no pau dele? Chupando e engolindo tudo que ele gozou? Henry ficou maluco para fodê-la naquela mesma noite e tentou convencê-la a sair do bar para terminarem o que ela havia começado. Dakota negou sem muita convicção dando algumas desculpas esfarrapadas para não transar com ele. Henry ficou frustrado, mas não forçou, é claro. Ele imaginou que teriam outras oportunidades.

Foi então que no dia seguinte ele descobriu que a frustração da noite anterior seria apenas o começo. Eles se encontraram para filmar e Dakota agiu como se ele fosse só mais um. Haviam acabado os sorrisos provocantes, os olhares penetrantes, as insinuações, tudo! Só havia sobrado uma menina sorridente se misturando as pessoas da produção, sem dar para ele qualquer atenção especial. Henry não sabia como aborda-la sem parecer abusado. É claro que ele não queria que ela continuasse traindo seu relacionamento, mas ela havia começado aquilo tudo. O que custa ir até o final? Será que ela estava arrependida? Ele não via sinais de culpa nela. Ela conseguia olha-lo nos olhos, sem desviar. Só que Henry não podia esquecer que ela é uma atriz e ela estava ali trabalhando. Mulheres conseguem sim separar melhor a vida pessoal da profissional. Henry estava determinado a esclarecer pelo menos esse ponto. Se ela não queria mais nada porque estava arrependida ou mesmo porque resolveu respeitar tardiamente seu noivado, ele não podia lutar contra isso. Na verdade, ele precisava respeitar e esquecer a chupada deliciosa que ela lhe deu.

Porém, toda vez que a personagem dela precisava beijar o personagem dele, ficava mais difícil para Henry esquecer. Dakota usava a língua nas cenas de beijo. Sem se importar com as câmeras. Ela sempre enfiava a língua dentro da boca dele e a ele só restava chupar a língua dela. O diretor parecia aprovar o realismo das cenas de beijo, pois raramente mandava eles repetirem. O que no fundo, Henry lamentava, pois ele queria sim beijá-la por mais tempo.

Hoje, o dia estava sendo especialmente duro. Henry soube que haveria uma outra cena de sexo para os próximos dias. Essa cena nem estava no roteiro original, foi uma mudança de última hora sugerida pelo diretor. Eles iam filmar, mas não estavam certos se entraria na edição final do filme. Henry se incomodou com essa mudança de última hora, mas esperou para ver qual seria a reação de Dakota, ele tinha quase certeza que ela ia protestar. Para a surpresa dele, Dakota aceitou sem problemas, como se fosse apenas mais uma cena comum. Henry se controlou para não bufar diante da equipe. Então, quando foi perguntado sobre a sua opinião, ele deu de ombros.

– O que vocês decidirem. – Disse com o rosto sério.

A reunião foi encerrada e eles foram dispensados para voltar a maquiagem para iniciar a caracterização para filmar as cenas programadas para aquele dia.

Henry foi o primeiro a abandonar a sala de reunião, mas não foi longe. Ficou próximo a porta esperando por ela. Agora eles teriam que conversar e resolver aquilo. Dakota saiu acompanhada de uma produtora conversando alegremente com a mulher mais velha, Henry se aproximou tocando em seu cotovelo.

– Preciso falar com você rapidinho, pode ser? – Disse com uma simpatia fingida. Dakota concordou e a mulher se afastou. Henry sugeriu que voltassem a sala de reuniões e Dakota o seguiu.

Quando estavam de volta a sala de reuniões, Henry deu uma conferida para ter certeza que estavam mesmo sozinhos no ambiente e parou diante de Dakota encurralando ela contra uma parede, embora tivesse mantido uma distância de 30 centímetros entre eles.