capítulo 1

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Ver ele.
Tocar ele.
Sequer olhar para ele estava me matando.
Gostar de alguém nunca foi fácil, sei disso melhor que todos. Conheço meus defeitos mais que qualquer um, e as vezes acho que ele ainda os conhece melhor que eu, afinal conviver comigo todos os dias pelos últimos sabe-se lá quantos anos não deve ser uma tarefa fácil.
Yamaguchi me enlouquece em cada movimento seu.
Sua mania de tentar arrumar o cabelo mesmo sabendo que vai acabar com ele naturalmente bagunçado. Seu jeito de morder o lápis enquanto faz alguma tarefa de inglês especialmente difícil. Seu rosto corado depois de correr ou treinar. Sua felicidade em acertar um saque. Seu jeito animado de explicar como treinou.
Mas tem algo que me deixa totalmente fora de mim: quando ele é sarcástico. Ah isso deveria ser proibido para o bem da quase nenhuma saúde mental existente em mim. Sua sobrancelha levantada quando faz qualquer tipo de comentário ácido me deixa sem chão.
Yamaguchi parece um anjo, puro e inocente. Ah que doces ilusões seu rosto delicado e suas sardas estelares podem criar, eu sei bem como ele é. Como é levar uma bronca e um puxão de orelha dele, como é rir de uma piada sem graça ou de um comentário irônico que ele fez, apenas eu sei disso e isso faz meu ego inflar de tal forma que acho que nem mesmo aquele rei poderia competir comigo.
Mas ao mesmo tempo que ser tratado assim me faz querer saltitar por aí assim como Hinata faz em todos os dias da sua mísera vida, também me sinto incomodado. Mesmo em todos esses anos juntos ele nunca me falou nada de sua vida amorosa, não que eu fale algo das minhas escassas experiências.
Gosto dele a mais tempo do que deveria ser seguro gostar de alguém. As vezes comentários de duplo sentido são proferidos por si, mas nunca sei se são verdadeiros ou apenas uma das terríveis manias que adquiriu com os irresponsáveis do Tanaka e do Noya.
"Tsukki? Tsukki!"
"Uh?" Acordo do meu transe por ele me balançando como um boneco de posto. "Tem como parar? Já acordei. O que é que você quer?" Arrumo meus óculos e me levanto.
Yamaguchi faz o mesmo e apenas revira os olhos, copiando seu movimento como um maldito invejoso meu estômago se revira ao ver seu rosto desse jeito.
"Cara um dia ainda vou te deixar dormindo na sala. Queria saber como que você não tira notas baixas mesmo dormindo em quase todas as aulas!" Suspira frustrado.
"É óbvio, sou um gênio." Digo no meu típico sarcasmo.
"Se fosse um gênio de verdade não seria tão lerdo." Ele fala tão baixo que me pergunto se não foi apenas meu cérebro delirante que inventou essa frase.
"Hm?"
"Nada não. Vamos treinar logo, quero ir para casa o mais cedo possível." Ele anda um pouco mais rápido e eu o deixo ir.
Não dou nem 5 segundos depois sou ultrapassado por Hinata e Kageyama correndo feito loucos na sua típica aposta.
"Hump." Continuo andando calmamente até a quadra, ao chegar lá todos já estão se aquecendo.
"Iai Tsukishima." Tanaka me cumprimenta enquanto bebe água. Queria saber como ele está suado sendo que o treino ainda nem começou.
Aceno com a cabeça e ele entende.
O treino ocorre normalmente, sem nenhuma novidade. Exceto que Yamaguchi treinou bloqueio hoje. Ah.
Olhar ele de costas é algo que sempre faço, afinal sou acostumado a andar atrás por ser o mais lento, porém hoje olhar ele se preparando para pular, olhar seus músculos se tencionarem quando a bola está vindo em sua direção e olhar seu sorriso após conseguir depois de várias tentativas bloquear alguma bola é incrível. Merda.
Terminamos o treino suados e cansados.
Hinata como sempre pede pro Kageyama ficar mais um pouco e treinar como ele, e como Kageyama literalmente é o cachorrinho apaixonado de Hinata ele fica. Apenas um cego para não perceber os sentimentos de Kageyama, portanto Hinata não sabe de nada.
Enquanto eu já terminei meu banho e apenas espero Yamaguchi aparecer para poder irmos para minha casa.
Assim como quase todas as sextas feiras ele irá passar o fim de semana lá, provavelmente iremos fazer nada, mas ao menos na companhia um do outro.
"Vamos, Tsukki." Levo um pequeno susto ao vê-lo já que não estava prestando atenção.
"Sinceramente você está muito disperso hoje, está tenso demais também. Quando chegarmos na sua casa se quiser posso fazer algo para te ajudar a relaxar."
Yamaguchi está chegando perto. Perto demais. Meu cérebro entra em pane por alguns segundos.
"Cala a boca, Yamaguchi."
Quando recupero o controle do meu corpo apenas me viro e saio. "Me ajudar a relaxar", deuses será que ele não entende como isso é perverso? Minha mente trabalha em diversas formas que ele poderia me "ajudar", mas me contenho antes que seja pior para mim.
"Desculpa, Tsukki." Ele corre um pouco para me alcançar. "Apenas que você está estranho hoje, mais que o normal."
"Não é nada."
"Ah eu sei, mas mesmo assim…" ele para e eu o acompanho. Yamaguchi chega mais perto, acho que cometi um pecado imperdoável na outra vida para sofrer isso.
"Fica bem parado okay?" Sua voz sai baixa demais, mas mesmo assim consigo entender.
"Uhum." Se antes ele achava que eu estava tenso, acredito que agora ele acha que morri.
"Hum…" ele está tão perto que sinto sua respiração. "Prontinho." Ele sorri fofo e mostra uma largata que provavelmente estava na minha roupa.
"Ah. Obrigada." Viro o rosto quando sinto ele vermelho.
"Tem certeza que você tá bem, Tsukki?" Ele faz de propósito. ELE FAZ DE PROPÓSITO.
"Estou ótimo, vamos que já está tarde demais."
"Está tão vermelho, tem certeza que não está febril?" Ele toca na minha testa se aproximando de novo. Não resisto e olho para seus lábios, mas logo desviei meu olhar para seus olhos e sei que ele percebeu.
"Só… vamos logo." Me separo dele e começo a andar.
"Okay." Vamos para minha casa lado a lado em silêncio.
"Não tem ninguém em casa esse final de semana."
"Sim, sim sua mãe me avisou para cuidar de você." Ele tira seu sapato enquanto ri.
"Sinceramente quero saber quando ela vai parar de me olhar como uma criança." Suspiro.
"Quando você parar de agir feito um emo talvez." Ele dá de ombros.
"Feito um emo?" Dou risada. "Acho que vou parar de falar com o Bokuto então."
Ele ri também.
"Vou banhar agora." Ele diz indo até meu quarto.
"Achei que você tinha banhado na escola, já que demorou tanto." Levanto uma sobrancelha.
"Na realidade uma garota me chamou quando você entrou no vestiário. Só deu tempo de me molhar para tirar o suor." Ele ri constrangido.
Uma garota? Ele ficou vermelho? Ele acabou de ficar vermelho por uma garota?
Sinto a raiva em cada poro do meu corpo.
"Hum." Decido não dizer mais nada. Pelo meu bem.
"Não fica assim Tsukki."
"Não estou."
"Eu consigo sentir que algo está te incomodando a manhã inteira. Não vai me falar?"
"Não."
"Certo." Sei que ele está chateado por eu não falar nada, mas mesmo assim continuo em silêncio. Ele se vira e vai para o banheiro.
Sinceramente como eu deveria falar? Então oi Yama, eu sou apaixonado por você desde sempre e gostaria, se não for muito incômodo, de te beijar. Se você for gay como eu, talvez nós pudéssemos namorar.
"Tsukishima!" Seu grito sai como se estivesse com medo de algo.
"Já estou indo."
"Por favor rápido!"
Paro na porta do banheiro.
"Estou aqui, o que foi?"
"Entra! Tem um bicho aqui!"
"Pelo amor Yamaguchi! Se enrola que vou entrar."
"Não vou poder! Tem uma aranha que está impedindo minha saída do box! Só entra, não é como se nós nunca tivéssemos nos olhados seminus!"
"Isso é diferente! Ah que se dane, eu to entrando."
Abro a porta e evito olhar para o Yamaguchi pelado que está na minha frente.
"Onde está a aranha?"
"Ali na parede!" Olho para a mini aranha que causou o escândalo inteiro.
"É sério?"
Acabo olhando para ele sem querer. Seu rosto está vermelho o que destaca suas sardas, seu cabelo molhado cai liso quase chegando no ombro, seu peitoral que embora seja treinado quase todos os dias apresenta apenas músculos leves, sua cintura tão fina quanto a de uma garota, e seus pelos pubianos tão ralos que… okay, chega. Aqui eu olho novamente para seu rosto que está ainda mais vermelho e sei que o meu está tanto quanto o dele.
"Desculpa, Tsukki."
"Certo."
Saio do banheiro e finalmente respiro. Ah cara que porra! Sinto uma fisgada ao lembrar dele nu. Agora não! Certo. Preciso me distrair.
Vou para a sala e coloco algum jogo. Não estou prestando atenção, mas ao menos me distrai o suficiente para me acalmar.
Alguns minutos depois ele volta ainda com o rosto corado.
"Quer jogar?" Aponto com a cabeça para o controle do meu lado.
"Não."
Pauso o jogo e o olho direito. Ele está sem camisa, apenas de short moletom folgado.
"Quê?" É a primeira vez que ele recusa fazer alguma coisa que peço.
"Vamos lá Tsukki. Use seu cérebro para pensar um pouco." Ele diz se aproximando de mim.
"Não consigo entender charadas." Falo ironicamente. Ele se senta do meu lado, virado para mim.
"Você não entende nada que não seja uma prova Tsukki." Ele revira os olhos. "Vamos lá: qual foi a última vez que eu tive medo de uma simples aranha?"
"Hum…" penso um pouco e realmente não lembro de nenhuma situação que Yamaguchi aparenta medo de aranhas. Às vezes até ria de quando Hinata se assustava com alguma e Kageyama ia o ajudar.
"Exatamente. Me diga se já está claro ou você quer que eu desenhe, hum?" Ele se aproxima mais e eu não me afasto.
Eu sei que entendi, mas ainda não acredito. Não acredito nem um pouco.
"Yama…" minha voz sai rouca, irreconhecível até mesmo para mim.
"Diga Tsukki, o que você quer?" Ele se senta no meu colo e passa suas mãos pelo meu pescoço. "Estou aqui para te ajudar a relaxar, se lembra?" Yamaguchi fala baixo na minha orelha enquanto rebola lentamente no meu colo.
"Ah." Seguro na sua cintura e aumento a velocidade.
"Tsukki! Hum…" seu gemido manhoso sai baixo na minha orelha.
"Vamos pro quarto, certo?"
"Tudo bem." Ele acena positivamente quando para de se mexer.
O puxo para um beijo necessitado. Nossas bocas parecem se completar perfeitamente e me sinto ainda mais quente com esse beijo. Yamaguchi definitivamente sabe beijar esplendidamente bem.
Nos separamos por falta de oxigênio e me permito olhar para ele. Seus cabelos molhados e bagunçados, seu rosto corado, sua boca vermelha e inchada com um fio de saliva, seu quadril encostado no meu e seu pau duro marcado no short.
"Você é lindo." Dou um selinho nele.
"Você é mais." Ele me dá outro selinho, ficamos nesse clima fofo por pouco tempo, somente uma rebolada leve dele me faz agarrar sua cintura com força.
"Vamos subir por favor." Ele pede tão manhoso que minha vontade é fodê-lo aqui mesmo.
"Vamos."

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