O último membro que faltava - 84

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          Jow pega o pacote e volta a moto com Norffi floresta adentro. Ele não desliga a propulsão da moto, permitindo que ela corte a estrada fazendo muito barulho, ele percebe vultos de criaturas enormes correndo nas sombras da floresta, grandes olhos brilhantes o observando de longe, mas se mantém por uns dez minutos até que a fraca luz da entrada não possa ser mais vista pelo retrovisor. Ele então reduz a velocidade até parar.

          — Norffi, passe para o modo estendido e fique alerta, minha segurança está confiada a você agora.

          — Sim sim, pode deixar, Norffi protege Jow.

          Jow desce da moto, anda uns 5 metros a frente da mesma e coloca no chão ao alcance da luz do farol, a caixa com algumas garrafas de cerveja e barras de chocolate. Ali mesmo, ele abre apenas uma barra de chocolate ruidosamente e também uma das garrafas fazendo o som do abrir da tampinha e o escapar da pressão ecoar na floresta e fala ao vento, como se falasse com o nada:

          — Eu não entendo, chocolate é uma coisa realmente gostosa, cerveja também. Mas que criatura desse mundo teria o estranho gosto de comer essas duas coisas juntas? Enfim... Pensando bem, nem é desse mundo mesmo.

          Dito isso, ele termina de tomar a cerveja e joga a garrafa na beira da estrada fazendo o tintilar de vidro, mas sem se quebrar, embola a embalagem vazia de chocolate e joga na mesma direção.

          — Vamos embora Norffi.

          — Com quem Jow falava?

          Jow sorri.

          — Você já vai ficar sabendo, Norffi.

          Ele monta na moto novamente com o robô e tornam rumo a entrada da floresta, deixando para trás, ali mesmo no chão, o restante das cervejas e dos chocolates. Mas assim que se afastam, um par de olhos raivosos, grandes e brilhantes surgem de trás das árvores, os pés pequenos caminham devagar até a garrafa vazia jogada no chão e a embalagem plástica, as recolhe e leva até o nariz, aspira com força, lança um olhar de ódio em direção ao intruso que acabara de sair e dá um rosnado de leve.

          Jow retorna ao ponto de parada, onde o restante da comitiva havia estacionado para poderem descansar um instante e se alimentarem. Por mais que ele queira muito terminar logo essa jornada, também está cansado, e tem fome. E o cheiro da comida ao se aproximar dos grupos arranchados na beira da estrada está bastante atraente para ele, assim que desce da moto, Jow recolhe o capacete no traje e remove o capuz do rosto.

          — Pessoal, não sei o que vocês cozinharam aí, mas o cheiro está ótimo.

          — Vem pra cá, chega mais Jow, vem comer com a gente. — Melissa o convida.

          — Estamos tão sem tempo que se não fosse a fome eu recusaria, mas mais 10 minutos de atraso não vão causar o fim do mundo. — Jow fala e sorri e todos sorriem.

          Por mais que estejam como uma única equipe, os grupos ficam mais próximos entre os seus membros sem se misturar totalmente, talvez uma reação involuntária, dada pela intimidade de cada um, ou uma forma de proteção, de se sentirem mais seguros. Demora um pouco, mas Jow percebe que apenas um membro não está agrupado ali, ele olha ao redor e o vê ao longe. Mondanês está bem afastado, parado diante da entrada da floresta, como quem está diante dos portões de uma catedral.

          Jow se aproxima devagar, para descobrir o que ele faz ali parado, ele caminha manso até ficar ao seu lado. Mondanês está de olhos fechados e balbucia de forma entoada muitas palavras de sua língua materna, Jow, apesar de não entender o que o nativo diz sabe o que está acontecendo, ele permanece ali ao seu lado em silêncio até que termine, faça seus sinais de agradecimento e abra novamente os olhos.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora