Jimin sempre dava.

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Jimin lembrava-se do barulho contínuo do sapato caro em contato com o porcelanato, o qual ecoava pelo corredor silencioso do prédio, assim como o ruído fino dos brincos compridos da orelha esquerda se chocando um no outro. Lembrava-se como levou ambas as mãos à porta de duas folhas, empurrando-as, penetrando silenciosamente no cômodo agitado, que contrastava com o silêncio lá fora. Lembrava-se de como esgueirou-se por detrás do cenário e de seus funcionários, buscando o conforto da poltrona cinza chumbo ao canto, sentando-se ali e levando o indicador aos lábios enquanto os olhos permaneciam atentos aos corpos perante o fundo branco, os quais eram constantemente fotografados, mas não era por eles que o Jimin estava ali, e sim, por um em específico.

Quem é ele? — Park lembrava-se perfeitamente do dia em que, a contragosto, resolveu participar de um dos ensaios para a nova coleção de sua irmã. Lembrava-se de apoiar as duas mãos suadas sobre a mesa, para olhar atentamente para o garoto na tela à sua frente. O maldito garoto que lhe tirava do foco.

Jeon Jungkook, senhor. — lembrava-se de como os olhos escuros observaram o rosto do loiro exuberante, a tonalidade morena de sua pele fazia os dedos de Jimin formigar e a boca salivar. A atração fora simultânea e ele lembrava-se de não conseguir tirar os olhos da tela, que naquele momento exibiu outra foto do loiro agora mordendo os lábios. — Você gostou dele?

Jimin lembrava-se de sorrir brevemente, ladino e nasalado, lambendo os próprios lábios para finalmente responder o editor, que agora lhe mostrava uma foto do garoto sorrindo abertamente. Ah, Jimin adoraria tirar aquele sorrisinho daquele rostinho lindo e deixá-lo vermelho, exibindo a marca de seus anéis prateados.

Talvez.

Park Jimin lembrava-se que, naquela época, não conseguiu parar de pensar no loiro que trabalhava para sua revista e ele sequer havia prestado atenção. Não lembrava-se de ter aprovado a contratação de Jeon Jungkook algum, mas apesar do esquecimento prévio, não arrependia-se nenhum pouco. E foi quando NamJoon, seu melhor fotógrafo, anunciou o nome do loiro que Jimin lembrava-se de despertar os sentidos de um tédio maçante, arrumar a expressão do rosto para observa-lo com clareza.

Park lembrava-se de que, quando o viu, sentiu o ar de seus pulmões se esvair como areia entre seus dedos pela primeira vez de muitas e lá estava ele. Jungkook usava um lenço estampado no pescoço que contrastava com a estampa do terno e as caras e bocas que ele fazia para a câmera deixavam o empresário com um sério problema entre as pernas. Jimin lembrava-se com clareza de sua primeira ereção protagonizada por Jungkook.

Jun, pode sentar no sofá abrir as pernas? — Jimin lembrava-se de acompanhar o semblante alegre do rapaz visivelmente mais novo que ele enquanto o mesmo ia até o sofá, sentando conforme a instrução de NamJoon. — Isso, assim Jun. Agora faça expressões sexys, por favor. — antes de acatar ao pedido, Jungkook gargalhou, levado por uma onda de risos com os demais, menos Jimin.

O Park lembrava-se de observar o Jeon atentamente, sentindo o estômago revirar-se em agitação toda vez que o loiro movia-se naquele sofá. Os olhos escuros transbordavam luxúria e os lábios eram constantemente umedecidos conforme Jungkook também fazia com os seus, horas deixando a língua pender para fora da boca bonita. Quando NamJoon ordenou que o próximo modelo ocupasse o lugar do loiro enquanto o mesmo se trocava, Jimin levantou-se indo até o Kim.

— Quero conversar com Jeon Jungkook após o término do ensaio, pode pedir para que ele passe na minha casa? — disse sério, olhando para o computador o qual as fotos recém tiradas eram enviadas automaticamente. - Quero todas as fotos dele, sem edição alguma também.

— Senhor, os ensaios conjuntos costumam ir até depois do seu expediente. — NamJoon justificou.

— Não importa a hora, acabe aqui e pode mandar os outros embora. — então Jimin deu as costas e saiu, sem esperar objeções ou afirmações, não precisava de nenhuma delas ao final das contas.

Ah, Jimin lembrava-se daquela noite com clareza. Conseguia sentir a mesma excitação no baixo ventre toda vez que fechava os olhos e lembrava de Jungkook descendo de um dos carros de luxo da revista, conseguia sentir a mesma sensação de poder quando o viu tremer sobre o primeiro toque, por mais singelo e inocente que tivesse sido. Conseguia sentir o mesmo calor crescente tão avassalador quanto o calor que o consumiu ao primeiro ajoelhar de Jungkook.

Jimin amava vê-lo se ajoelhar.

Jungkook era sua perdição, sua dose diária da mais insana loucura. Seu passaporte carimbado do céu para o inferno, pois Jungkook fazia de Jimin o pecador mais ativo. Esculpido pelas mãos dos deuses, Jungkook era muito além de um modelo, muito além de um corpo gostoso, muito além de uma foda.

Park Jimin lembrava-se como foi excitante ver Jungkook descer do carro negro todo acuado e nervoso, mas agora, Jimin poderia dizer com propriedade que preferia excitar-se ao ver Jungkook descer dos carros de luxo em frente a empresa, caminhando graciosamente como era de seu ser e profissão.

Apreciava vê-lo vindo pelo longo corredor após sair do elevador, batendo os saltos curtos dos sapatos no porcelanato do prédio. Glorificava vê-lo seguro de si, amava empoderá-lo na frente de terceiros, somente para colocá-lo de joelhos entre quatro paredes e venerar cada pedacinho de seu corpo.

Jimin tinha orgulho de Jungkook.

Orgulho de vê-lo ajoelhado perante si, exausto, com os fios loiros grudados na testa, mas ainda sim pedindo por mais de tudo que seu — agora — marido poderia lhe dar.

E Jimin sempre dava.

Porquê ver Jungkook satisfeito era seu segredo, seu fetiche secreto, pois quanto mais alegre seu menino estava, mais tempo ele passava ajoelhado, provando que modelar era apenas uma de suas multifunções.

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ajoelhado || pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora