Passei o último mês em um misto de emoções muito louco.
Ter minha filha em casa, saber que ela é saudável, linda, inteligente e feliz me deixa extremamente feliz, entusiasmado e esperançoso.
Em contrapartida, saber que minha irmã vomita constantemente, sente dores e não está bem, me deixa frustrado, triste e, extremamente, abalado.
Camila e eu insistimos para que Aaliyah ficasse em casa mas ela não aceitou. Disse que não queria atrapalhar já que Alya chegou. Conclusão, nós praticamente nos mudamos para a casa dos meus pais.
– Meu bem, Alya está pronta, vamos?
Estava as esperando para que fossemos a mais um almoço de domingo na casa da mamãe. Levantei e segui para o carro.
Até quando vou andar sem minha bengala dentro de casa? Uma sensação estranha tomou conta de mim quando o pensamento invadiu minha cabeça. A bengala significa, pra mim, desconforto e dependência mas vai significar, pra minha filha, bagunça, diversão e brinquedos espalhados pela sala.
Esperei por minhas meninas com a porta de trás aberta, apenas esperando para prender Lya no seu bebê conforto. Camila chegou e me entregou nossa filha.
Sentar ao lado da minha esposa logo após ter prendido minha filha no banco de trás me trazia um sentimento de paz muito grande. Isso significa que, até eu fazer minha cirurgia, saberei lidar com as situações novas no dia a dia.
– Sua mãe ligou. - deu partida no carro e saiu da nossa garagem.
– Eu disse a ela que já estávamos a caminho, não sei pra que tanta presa... - resmunguei.
– Ela disse que Aali está piorando. - suspirei.
Ela sempre está...
Encostei minha cabeça no vidro e senti sua mão encostando na minha perna.
– Nós sabíamos que ia acontecer... - disse baixinho.
– É, não sei se essa é a parte boa ou a pior de todas elas.
– Vamos apenas aproveitar esses últimos dias com ela e... deixar ela ir, ela precisa ir.
Chegar na casa da minha mãe sempre foi motivo de alegria, dessa vez não foi diferente. Chegamos e fizemos festa envolta de Aali que, agora, fica apenas deitada no sofá da sala.
– Vou levá-la lá pra cima. - Camila anunciou assim que fez Alya dormir.
– Não, me de ela um pouco? Quero segurá-la. - Aali pediu. – Você é, mesmo, minha cópia, pequena eu. - disse com riso na voz.
– Ter um bebê em casa é tão bom. - Tony comentou, quase que como um devaneio. – Sinto falta de Oli bebê, da pra acreditar? - riu.
– Eu não sinto. - Sofia suspirou cansada ao se lembrar. – Essa é a pior parte da maternidade... dependência, muito choro e fraldas. Meu Deus, quanta fralda.
– Mamãe!
– Sim, você fazia muito cocô pinguinho. - Aaliyah contou a ela que deu um gritinho como resposta.
Sempre ouvi que um pai deve participar do início da vida do filho o máximo possível mas como fazer isso sendo cego? Quer dizer, eu procuro aprender mas morro de medo de não limpá-la direito ou de deixá-la se afogar no meio do banho. Eu jamais me perdoaria.
– Não é como se eu não tivesse te ajudado, Sofia. - Tony retrucou.
– Eu nunca disse isso, Tony. Eu disse apenas que eu acho uma responsabilidade sem fim, que me cansou como nunca antes e que é pouco aproveitada.
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Paixão às Cegas.
Fanfic- Eu nunca quis tanto ver alguém como quero ver você. Se ao menos tivesse te conhecido antes de tudo isso... - Não se preocupe, nós vamos dar um jeito nisso tudo! Dou a minha palavra.