Parte II - O Melhor Lugar do Meu Mundo.

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 Depois do episódio do almoço, as brigas e discussões ficaram mais constantes entre eu e Jungkook.

Brigávamos por tudo.

Até por conta do lado "certo" de uma folha em branco.

Era uma situação desconfortável.

Toda vez que tentávamos resolver os problemas, acabávamos brigando novamente. Era como uma bola de neve, a cada movimento, ela crescia ainda mais.

E isso já estava me deixando louca.

Nossos colegas de classe haviam percebido o conflito entre nós dois, e quem já dava em cima dele antes, agora deixava ainda mais explícito suas intenções e investia pesado nele.

E mesmo Jungkook não correspondendo às investidas, ele também não os afastava.

E eu ficava pirada.

Parecia pirraça.

Até que atingimos o ápice do conflito.

Jungkook pediu um tempo.

E foi como se meu mundo tivesse parado de funcionar.

O que eu iria fazer? – era a pergunta e a única coisa que rondava na minha cabeça.

Eu vi as costas tensas dele, enquanto o rapaz ia embora e me deixava ali, no meio do pátio, no mesmo lugar onde havíamos almoçado juntos há alguns dias atrás.

Demorei um tempo para ter alguma reação. Já não conseguia mais ver suas costas de longe por conta da péssima condição das minhas vistas e a ausência do óculos de grau, o qual eu havia esquecido em casa.

Eu ainda estava desnorteada, não sabia o que fazer. Queria chorar, gritar por ele, ir atrás dele, mas, ao mesmo tempo, queria deixar ele pensar, iria respeitar o espaço dele.

Minhas amigas viram a minha situação deplorável, e por mais que eu não falasse nada sobre a decisão do meu namorado, elas sabiam que alguma coisa grave havia acontecido.

As garotas ficaram ao meu lado durante dias, iam até a minha casa, faziam festa do pijama, me levavam para festas, onde eu mal conseguia beber para não fazer besteira e acabar piorando toda a situação.

Apreciava e agradecia imensamente por todo o esforço que elas estavam fazendo para me animar.

Eu estaria perdida sem elas.

Nesse tempo, eu trombei com Jungkook algumas vezes. Claro, estudávamos na mesma turma, era óbvio que eu iria ver ele todos os dias e a todo momento.

Porém, nas últimas duas semanas, o rapaz vem faltando. Aparecia nas aulas em um dia e faltava dois ou três.

Sua aparência também não era uma das melhores. As bochechas fofas e gordinhas não estavam mais ali. Seus olhos que sempre brilhavam não tinham mais nenhum rastro de luz. O cabelo comprido caia em seu rosto, cobrindo a face. Além de que, geralmente, ele usava chapéus e bonés para cobrir ainda mais o rosto. Quando não tinha os acessórios, era o capuz dos casacos enormes que ele usava.

E isso me deixava encucada. O que está acontecendo? Por que ele está assim?

Okay, sim, estávamos em meio a uma crise de relacionamento. Mas não imaginei que ele fosse ficar tão abalado assim, já que a escolha tinha vindo dele.

No dia presente, o rapaz que ocupa meus pensamentos e coração havia aparecido em apenas duas das seis aulas.

Contei para as minhas amigas sobre a situação dele e elas me recomendaram ir conversar com ele.

Meu coração acelerou ainda mais.

— E se ele não quiser me ouvir? Se ele não quiser me ver? O que eu faço? – foi o que eu perguntei para elas.

Jungkook teria total direito de não querer falar comigo agora, até porque ele não havia estabelecido quanto tempo iria durar essa nossa "separação".

— Você precisa tentar! Os dois estão sofrendo com essa decisão e alguém precisa dar o primeiro passo para esclarecer tudo. Ou vocês reatam e resolvem as coisas ou vocês terminam de vez.

Senti meu corpo estremecer. Eu não imaginava terminar com o Jungkook.

Tipo, como eu iria viver sem ele?

Essas semanas serviram apenas para provar que eu realmente não sei o que fazer sem ele. Talvez eu estivesse me prejudicando demais com toda essa dependência emocional e comodismo.

Respirei fundo e organizei minhas coisas. Precisava resolver isso.

E seja lá o que ele escolhesse, eu iria respeitar.

Me despedi das minhas amigas, as quais demonstraram apoio, e então segui até a casa de Jungkook.

Durante o caminho, meus pensamentos eram uma bagunça.

Eu não sabia o que falar, não sabia o que fazer, estava totalmente despreparada.

Me sentia como se estivesse perdida em uma floresta escura. O terreno escorregadio, inúmeras árvores iguais que me deixavam ainda mais perdida, galhos enormes no chão e pedras de diferentes dimensões que dificultavam ainda mais a caminhada.

Sentia como se a cada momento, a cada passo, eu estivesse escorregando, tropeçando nos obstáculos e abrindo feridas.

E então uma grande névoa escura me cobriu.

Eu havia chegado ao meu destino. Estava na porta de sua casa.

A cada segundo que eu perdia tentando decidir o que fazer, era como se a névoa ficasse ainda mais densa, mais pesada e escura e estivesse entrando em mim também.

Meus membros não me obedeciam e eu já sentia meu rosto molhado pelas lágrimas que caíram sem aviso prévio.

Sentia meu corpo pesado.

Me esforcei um pouco mais, colocando em mente que precisava fazer aquilo.

E então a campainha alta soou dentro do imóvel.

Não consegui ouvir nada depois dela. Nem mesmo os passos dele ou sua voz dizendo "já vai!".

Longos segundos, que se tornaram minutos, se passaram. Parecia uma eternidade.

Eu não conseguia mais controlar as lágrimas e agora elas caíam aos montes, acompanhadas de soluços baixos.

A névoa, que ainda permanecia envolvendo meus pensamentos, estava se tornando um breu.

O barulho da maçaneta sendo destrancada foi o suficiente para que eu despertasse do transe. A porta foi aberta.

Meus olhos estavam molhados e eu não usava meus costumeiros óculos de grau, mas fui capaz de ver um pequeno sorriso aparecer no rosto magro e cansado.

Seus braços se abriram e eu me joguei neles.

Esse ato foi o suficiente para que toda aquela névoa escura sumisse da minha mente.

Seus batimentos cardíacos estavam altos, eu conseguia ouvir eles claramente. Os meus não estavam em uma situação diferente. O coração batia tão rápido que podia sair da caixa torácica.

Minhas lágrimas continuavam a descer e sentia meu corpo tremer, enquanto me apertava cada vez mais ao tronco do rapaz.

Sentia uma de suas mãos passando em meus cabelos, em um carinho leve.

Eu poderia passar o resto da minha vida envolvida em seus braços, estes que me apertavam forte contra o seu corpo.

Porque eu sabia que não importava o local no mundo, não importava o que havia acontecido, eu sabia que todos os meus problemas iriam sumir ao me envolver em seus braços.

Porque para mim, ali era o meu porto seguro, o meu apoio.

Aquele era o melhor lugar do meu mundo.

O Melhor Lugar do Meu Mundo - JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora